(Noé Neto)
A existência humana é feita de uma constante busca de realizações. Quando recém-nascido, procura, ainda que as custas de bastante choro, ter o máximo de tempo possível no colo que lhe traz segurança. Crescendo um pouco, há uma busca por tarefas prazerosas, como jogos, leituras ou as brincadeiras com os amiguinhos. Na adolescência, a conquista da paixão ou da vaga na tão sonhada universidade é uma realização altamente cobiçada.
O tempo passa e os objetivos vão mudando. Um homem adulto não trilha os mesmos caminhos e não possui os mesmos desejos de quando era criança ou adolescente, mas não deixa de ter seus sonhos, metas e objetivos a serem alcançados. Portanto, pode-se dizer que a vida é um devotado garimpo da felicidade.
No dicionário, a palavra felicidade é definida como um estado de consciência plena, contentamento, bem-estar, satisfação. Assim sendo, muitos dirão ter encontrado a felicidade na riqueza, pois essa pode proporcionar bem-estar para o corpo. Muitos farão do chocolate suíço um pedaço de felicidade, uma vez que ele trará uma enorme satisfação ao paladar. Outros terão nas tão desejadas férias os dias de felicidade, devido ao grande contentamento que o ócio momentâneo pode causar.
Há porém, uma definição de felicidade deixada pelo filósofo Antístenes, seguidor de Sócrates, com a qual eu concordo mais que com a definição do dicionário. Segundo ele, um homem completamente feliz é um homem autossuficiente.
Então, a grande pergunta é: “Qual homem é autossuficiente?” E a amplitude da palavra autossuficiente não pode aqui ser restringida apenas ao sentido financeiro, ela se refere ao estado de não precisar de qualquer ajuda, apoio ou interação para viver.
Rapidamente podemos concluir que, segundo essa definição, nenhum homem é plenamente feliz.
Neste momento, muitos leitores devem estar dizendo que estou sendo pessimista ao fazer uma afirmação como essa. As mães dirão que foram felizes ao extremo quando pegaram o filho no colo pela primeira vez, o recém-formado afirmará que receber o diploma foi uma felicidade sem limites e o recém-casado não titubeará em dizer que o dia do casamento foi o dia mais feliz de toda sua vida. Certamente, essas são verdades irrefutáveis.
Em nenhum momento ao longo deste artigo, foi intenção afirmar que a felicidade não existe. O real intuito é mostrar que ela nos é parcelada em doses homeopáticas, pequenos momentos, gestos, atitudes e conquistas. E assim deve ser, pois a busca incessante da felicidade é o que não nos deixa estagnar.
A expressão “garimpo da felicidade”, que intitula este artigo, é colocada de forma proposital para que possamos entender que o garimpeiro não encontrará um diamante já lapidado, muito menos um diamante de uma tonelada, todavia ele pode aproveitar ao máximo cada pequena pedra encontrada, lapidando-a diariamente, para se enriquecer do próprio esforço.
Necessário nos é refletir: “O que eu tenho feito das pequenas felicidades que a vida me proporciona? Estou lapidando-as para valorizar ou descartando-as de volta na água corrente do rio da vida?”
Para ampliar e finalizar essa reflexão, deixo ao leitor uma pérola do grande escritor mineiro Guimarães Rosa: ” Felicidade se acha é em horinhas de descuido.”
Prof. Msc Noé Comemorável.
Escola “Prof. Jairo Grossi”
Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Escola Estadual Princesa Isabel