Felicidade é uma palavra que traduz nosso desejo maior, o de ser feliz. Em cartões e palavras aos amigos, ela figura sempre por sintetizar nossos votos mais ardentes.
Felicidade é um estável durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoção ou sentimentos que vão desde o contentamento até a alegria intensa. Os antigos gregos associavam o termo à ética, os filósofos referem usar a palavra para traduzir prazer.
Para Amim, quatro palavras definem a Felicidade: saúde, paz, amor e dinheiro. Se possível, nessa ordem. A saúde é o maior bem terreno, sem ela não há felicidade completa, pois sofrer, estar doente são sinônimos de tristeza. Depois vem a paz, que é a consciência tranquila dos nossos atos diante de nossos semelhantes. Depois vem o amor – sentimento mais elevado – que envolve amor romântico e amigos. E quem tem amigos está sempre recebido por abraços sinceros e atitudes de carinho. Depois vem o dinheiro. Sem ele, não há felicidade plena, pois não se adquire nada sem dinheiro. Carlos Drummond de Andrade disse acertadamente: “Dinheiro só não traz felicidade para quem não sabe gastá-lo.” Quando vejo reportagens e fotos de crianças desnutridas e desnudas em países muito pobres, vejo o quanto o dinheiro poderia alimentar e vestir os carentes. Não há felicidade nesses países em que a miséria reina. Não falo de milhões, mas do necessário para viver dignamente.
A felicidade tem a ver, também, com o temperamento das pessoas. Há aqueles que são felizes com o que a vida lhes dá. Há, no entanto, os que tendo muito, não são felizes. São felizes por um mando interior. Carlos Drummond novamente aparece e diz: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
Lembro-me de um texto antigo que falava sobre um rei que era muito infeliz. Foi aconselhado pelos sábios a vestir-se com a camisa do primeiro homem feliz que encontrasse. Mandou emissários pelas cidades e campos em busca de um homem feliz. Depois de muito procurarem, um emissário achou um homem feliz. Só que, por ser muito pobre, ele não tinha sequer camisa, e não pôde ajudar o rei. História que nos remete ao fato de a pessoa ser feliz mesmo sendo pobre. Esse fato hoje, seria sem sentido, pois a extrema pobreza não permite dar aos filhos o necessário, o que causaria aos pais grande tristeza.
O estado de espírito dos otimistas, daqueles que enxergam com óculos coloridos, ajuda muito na obtenção da felicidade.
“Não há felicidade, há momentos felizes.” Esta idéia é bem aplicável porque a felicidade completa durante o tempo inteiro é difícil de ocorrer. Principalmente quando se fixa nos detalhes. Quando nos ocorre grande sofrimento, a felicidade se ausenta, mas quando passa o temporal, ela teima em voltar por ser ansiada pelo coração pedindo trégua.
A alegria é aliada da felicidade. Quando se está alegre é sinal de que tudo está bem. Alegria de risos e alardes, e alegria interior que leva a felicidade em todos os instantes da vida. Mesmo estando no inverno, sentir-se em primavera. Pessoas muito religiosas são dotadas, pela fé e orações, da felicidade interior porque colocam em Deus os momentos presentes e a esperança futura. Madre Teresa de Calcutá escreveu: ”Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.” E esse amor a que se refere é o amor de Deus e o amor ao próximo de forma sublime. E o poeta George Bernanos completa: “ Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade.”
Mário Quintana, louvável poeta, disse:
“Quantas vezes a gente em busca de ventura
Procede tal e qual o avozinho infeliz,
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz.”
Verdade. Às vezes, a felicidade está à nossa porta e nós a procuramos longe de nossos olhos.
E com Carlos Drummond de Andrade termino essas considerações, desejando a todos felicidade.
“Há duas épocas na vida – infância e velhice – em que a felicidade está numa caixa de bombons”.
Marilene Godinho