DA REDAÇÃO- O estreante na política Romeu Zema (NOVO) venceu o segundo turno para o governo de Minas Gerais, com 71,80% dos votos válidos (6.963.806 votos). O ex-governador e senador Antonio Anastasia (PSDB) obteve 28,20% dos votos válidos (2.734.452), ou seja, menos da metade dos votos de seu opositor.
A vitória de Zema sobre um adversário bem mais conhecido confirma a surpresa do primeiro turno das eleições. De perfil liberal, ele despontou em primeiro lugar na disputa, com 13 pontos percentuais de diferença, após aparecer em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Com o resultado, o atual governador, Fernando Pimentel (PT), não foi para o segundo turno.
Romeu Zema Neto é empresário e comandou durante 26 anos as empresas da família. O Grupo Zema opera uma rede de varejo de eletrodomésticos com 430 lojas em seis estados e atua nos ramos de concessionária de carros, autopeças e postos de combustível. Formado em Administração, Zema é hoje membro do Conselho do grupo.
Fez campanha com base no discurso de renovação da política. Aproveitou a onda de apoio ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) em nível nacional e local. Desde 1999, Zema era filiado ao PR, mas não se candidatou a nenhum cargo até este ano, quando se filiou ao partido Novo. O engenheiro e economista Paulo Brant será o vice-governador.
O programa de governo do candidato eleito prega redução de gastos públicos, privatização de empresas estatais e o fim de desonerações a setores específicos, além de ser contrário ao aumento de impostos e favorável ao que classifica como liberdade de empresas e das escolhas individuais. O futuro governador de Minas completou 54 anos neste domingo (28).
EXPECTATIVAS
Em entrevista à Globo News na tarde de ontem, Zema disse que no momento não tem intenção de “fazer carreirismo político”.
Perguntado pela colunista de política Julia Duailibi sobre se já pensa em reeleição no governo de Minas, Zema respondeu que a prioridade é fazer o que for necessário para ajudar o estado. “Não tenho, até este momento, nenhuma pretensão de fazer carreirismo político. Eu quero contribuir para o meu estado. Sei que muito da situação do Brasil e aqui de Minas Gerais só deteriorou tanto porque pessoas de bem não participaram de política. Essa sempre foi a minha posição como empresário. Eu sempre preguei distância da política. Mas agora, aos 54 anos, eu vi que quando nós que temos competência, que temos ética, não participamos, nós vamos abrir, muitas vezes, espaço para aqueles que não tem”, respondeu.
Zema falou que seu governo está alicerçado em três pontos: redução de despesas, aumento de receita sem subir impostos e renegociação da dívida do estado com a União.
Para reduzir despesas, o governador eleito repetiu um dos que foi um ponto forte de campanha, que é a redução de secretarias e cargos comissionados na administração.
Ele disse que as 21 secretarias serão reduzidas a nove ao todo. E os cargos comissionados, que são funcionários do Executivo sem aprovação em concurso e com nomeação, serão reduzidos em 80%. Além disso, Zema disse que vai rever todos os contratos do governo para enxugar custos.
Ao falar sobre aumento de receita, o governador eleito comentou que Minas Gerais é um dos estados com a carga tributária mais alta e um ambiente hostil para empresas que querem investir. Segundo Zema, o estado é muito lento no licenciamento ambiental e sanitário e todos estes fatores mantêm empresas longe do estado, levando com elas postos de trabalho. “Eu quero que Minas tenha um ambiente mais amigável para quem trabalha e não mais hostil como ocorre hoje”
O terceiro pilar do governo, segundo Zema, é a renegociação da dívida de Minas com o governo federal. O governador eleito disse que Gustavo Franco, líder de sua equipe econômica, está verificando com a Secretaria de Fazenda qual é a situação do endividamento estadual para estudar formas de renegociar.
Zema criticou o atual governo, dizendo que esta medida não foi adotada ainda porque a União exige como contrapartida para renegociar medidas de austeridade.
O governador eleito ainda criticou o que chamou de “políticos de sempre”. Segundo ele, os partidos políticos tradicionais se transformaram em “balcão de negócios”.
“Eu falo que existe uma regra de ouro que o setor público não obedece que é gastar menos do que se ganha. Aqui no Brasil, aqui em Minas Gerais, os governos sempre foram perdulários, sempre gastaram mais do que arrecadam. E isso acaba sendo a origem de todos os males”, disse.
Zema encerrou a entrevista dizendo que quer contribuir para Minas se transformar em um país melhor e que isso é o que o povo mineiro merece.