Conheça a história de Mário Lúcio, que deixou o tráfico de drogas e se tornou pastor
CARATINGA – O mundo das drogas é traiçoeiro. Dinheiro fácil, mulheres à disposição, um perigo que traz falsos benefícios. Entrar é muito fácil, mas sair exige muita força de vontade. Mário Lúcio da Silva Martins, de 32 anos, enfrentou esse desafio. Há doze anos, ele se aventurou naquele que parecia o melhor caminho para subir na vida.
Pastor há oito anos, Mário mudou de vida completamente. Em entrevista ao DIÁRIO ele lembra como se envolveu com o tráfico de drogas. Tudo começou por problemas familiares e afetivos. “A minha vida não era boa, complicada, não tive os meus pais do meu lado. Fui crescendo bem com a minha avó e meu avô, mas aos 17, 18 anos, me envolvi com uma mulher. Achei que era um amor sincero. Fiquei iludido, ela me largou e aos 20 anos entrei no tráfico de drogas, achando que era uma coisa boa”.
Já no tráfico, Mário começou como ‘vapor’ (responsável por vender a droga nos pontos de tráfico), depois passou a ser ‘olheiro’ (observa a chegada de policiais para avisar aos traficantes) e assim começou a ficar cada vez mais ganancioso e disputar a conquistar melhores “cargos” no mundo do crime. “Vendo muito dinheiro, muita fama dos demais colegas, comecei a comprar crack e nisso começou um pouco da fama, era considerado como o DJ. Vi que o pessoal tinha, eu também queria ter. Comecei a comandar, mandar droga para umas duas cidades, achando que eu ia ser o ‘tal’, mas, acabei percebendo que nada daquilo era bom pra mim”.
No tráfico por três anos, Mário considera que estava iludindo. Na contramão da vida fácil, vieram as decepções e os prejuízos. “Eu estava pegando as quantidades de química, mas comecei a ficar devendo também, porque a partir do momento que você pega as drogas, vai passando, acaba ‘derramando’, ou seja, alguém fuma e você tem que pagar, mesmo não tendo esse dinheiro. Fui enganado até pela medicina com HIV, porque no tráfico você envolve com muitas mulheres e acaba pegando todo tipo de doença”.
Mário afirma que não temia pela morte, porque quando se está no tráfico, tem que estar pronto para o que der e vier. “Ciente que uma das duas coisas ia acontecer comigo, o cemitério ou a cadeia”.
Cansado da vida que levava um dia Mário decidiu buscar um caminho diferente. “Me lembro como se fosse hoje. Senti vontade de ir na minha casa e cheguei lá meu irmão estava orando, me falou sobre Jesus. Conheci a Jesus, minha vida transformou, comecei a pedir perdão às autoridades, fui ao quartel, minha vida foi transformando dia após dia. Na caminhada, estou até hoje na presença do senhor. Minha vida hoje está bem para honra e glória e do senhor. Deus colocou na minha vida uma esposa boa, os meus filhos, tenho uma casa boa, meus móveis. Tomo conta de uma congregação e estou na palavra do Senhor”.
Para os jovens que estão envolvidos com as drogas, fica o conselho de alguém que já se aventurou e escolheu viver em paz. “Quero dizer para esses jovens, que muitas coisas não passam de ilusão. Muitas vezes você acha que vai ter o dinheiro e o melhor e depois descobre que não é nada disso. Simplesmente está cego com as ilusões do mundo. A mensagem que eu deixo é que prestem mais atenção na família, respeitem sua mãe e seu pai. Não se iludam com este mundo”.