Alessandro Moreira Dias
Depressão é uma palavra utilizada para descrever uma gama imensa de sentimentos negativos e sombrios. Em primeiro lugar, depressão não é um estado de tristeza profunda, nem desânimo, preguiça, estresse ou mau humor. A depressão é diferente da tristeza, pois, tristeza geralmente tem uma causa conhecida e duração determinada no tempo e no espaço. Já a depressão envolve uma gama de sentimentos difusos de longa duração no tempo e no espaço, geralmente relacionados à angústia. 1
A depressão é uma enfermidade classificada pelo CID. 10 na categoria dos transtornos do humor e deve ser considerada uma doença. O tempo de duração do surto, sua intensidade e persistência variam de acordo com o tipo de depressão classificada. É uma enfermidade marcada por crises episódicas, ou seja, tende a se repetir, produzindo, por isso, frequentes recaídas e recidivas. Consiste no século XXI em uma das doenças mais comuns na atualidade, embora seja conhecida desde a antiguidade. 2
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que, nos próximos vinte anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e as perdas de produção. 3
Embora a depressão possa se manifestar em qualquer momento, a incidência mais alta é nas idades médias; mas há um crescimento reconhecido durante a adolescência e o início da vida adulta.4
Aproximadamente dois terços das pessoas com depressão não fazem tratamento. Entre os pacientes que procuram o clínico geral, apenas 50% são diagnosticados corretamente. A maioria dos pacientes não tratados tentará suicídio pelo menos uma vez na vida. Destas, registra – se que 17% conseguem se matar. 5
Este dado tem chamado a atenção da comunidade científica internacional e a depressão tem sido estudada e pesquisada visando melhor compreender suas causas, seus sintomas, formas de tratamento e relação com a religião. 6
As pesquisas mais recentes têm procurado investigar a relação existente entre depressão e diversos grupos religiosos, níveis de envolvimento religioso e o quanto esse envolvimento pode influenciar como as pessoas lidam em eventos negativos. 7
A religião pode tanto orientar a pessoa de maneira rígida e inflexível, desestimulando a busca de cuidados médicos, como podem ajudar a integrar – se a uma comunidade e motivar o tratamento. 8
A saúde e a doença não são imunes às crenças, sejam elas científicas ou religiosas. Algumas vezes, psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde mental ignorem ou critiquem crenças religiosas de seus pacientes. É também comum que líderes religiosos tenham reservas em relação aos tratamentos em saúde mental. 9
Entretanto, pacientes depressivos dão grande importância às suas crenças e atribuem a elas um papel primordial no lidar com sua doença. Vários autores têm identificado problemas para pacientes que têm um modelo de doença muito diferente de seus médicos, resultando em pior adesão ao tratamento. Os resultados sugerem ser essa uma área que merece esforços no sentido de reduzir as incertezas existentes. 10
A possibilidade de conciliação das estratégias de tratamento com o respeito às crenças religiosas pode ser um importante aliado no tratamento da depressão. Os benefícios de uma associação entre os recursos da medicina convencional e outras tradições devem ser considerados em nome de bem – estar de muitas pessoas com crenças religiosas e espirituais. 11
1 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo. Um olhar sobre depressão e religião numa perspectiva compreensiva. Disponível em:< ://dialnet.unirioja.es › descarga › articulo >. Acesso em 10 out. 2019.
2 PORTOS, José Alberto Del. Conceito e diagnóstico. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000500003>. Acesso em 02 out.2019.
3BRASIL. Organização Pan-Americana de Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde; tradução Suzana Gontijo, 2005.
4 BRASIL. Organização Pan-Americana de Saúde, 2005.
5BRASIL. Organização Pan-Americana de Saúde, 2005.
6 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.
7 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.
8 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.
9 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.
10 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.
11 GOMES, Antonio Maspoli de Araujo.