Caminhoneiro já passou metade da vida nas estradas do País e virou inspiração para namorada, que pretende habilitação para também dirigir o veículo
CARATINGA- Mais de 1000 km percorridos. O casal Cláudio Serafim e Eliane Ribas saiu de Cascavel, no Paraná, na última terça-feira (25) com destino a Caratinga. Ele pela profissão, ela a passeio e para acompanhar o namorado. O caminhão estava carregados com porcos e seria descarregado em um frigorífico da cidade.
Em uma parada para um cafezinho, eles conversaram com o DIÁRIO DE CARATINGA. Falta de estrutura nas paradas de caminhões é uma das principais reclamações dos caminhoneiros atualmente. Por isso, Cláudio economiza cozinhando em um fogão embutido no próprio caminhão. “A gente tem que fazer porque se você depender de pagar tudo, chega no final do mês, não tem salário. Então, a hora que tem oportunidade, um tempo vago aguardando uma descarga ou para ser carregado, você tem que fazer alguma coisa na cozinha. Faz um café, às vezes um almoço, janta, para economizar”.
METADE DA VIDA NAS ESTRADAS
“Há 21 anos que estou na estrada direto, trabalho com caminhão e ônibus. Metade da vida viajando para qualquer lugar, não tem destino. Para onde precisar ir a gente vai”, resume o caminhoneiro que tem 42 anos de idade, sobre os anos de dedicação ao trabalho.
Mas, segundo Cláudio, para permanecer nesta profissão é preciso gostar de viajar. “Qualquer profissão, primeiro você tem que gostar do que faz, a gente gosta do que faz e também faz por necessidade. Precisa fazer a gente faz, mas é complicado, passa por situação na estrada muito difícil. Às vezes você vê colega que saiu, deixou a família e não voltou. Temos caso recente na empresa de semana passada um companheiro bateu o caminhão e por sorte se salvou, mas, foi ‘bicho feio’. Caminho deu perda total. Eu graças a Deus nunca sofri acidente, só arranhãozinho, coisa leve, mas, grave mesmo, nunca aconteceu comigo”.
Questionado se já pensou em trabalhar em outra profissão, Cláudio admitiu, mas, reafirma categoricamente que acredita que nasceu para as estradas. “Não adianta eu falar que quero mudar, sair dessa vida aqui e ir pra dentro de um escritório, que eu não gosto de ficar. Então, fico nisso aqui, é o que Deus determinou pra mim e vou cumprir”.
Sobre a presença da namorada, o caminhoneiro destaca que quando ela tem disponibilidade, sempre faz questão de acompanhá-lo. “De vez em quando ela pode me acompanhar, porque ela também trabalha, tem a vida dela e quando consegue umas férias, ela vai”.
Eliane comenta que já se acostumou à rotina de Cláudio. A experiência dele nas estradas tem servido de inspiração, por isso, ela também pretende buscar habilitação para dirigir caminhão. “Eu gosto. Gosto de viajar, mas é esporadicamente. É tranquilo, acompanhar até pra ele ter uma companhia, para não ficar muito sozinho. Ele viaja muito, mas já acostumei e entendo. É uma profissão como qualquer outra. Estou até pensando em trocar a carteira para ajudar ele (risos)”.