- Eugênio Maria Gomes
Sem dúvida alguma, a trajetória do jornal impresso é uma das mais belas da história da Comunicação. Quando Júlio César decidiu criar a Acta Diurna no ano 59 a. C. certamente não poderia imaginar no que se transformariam aquelas grandes placas de madeira branca e papel, que muito se assemelhavam aos atuais outdoors. Naquele momento, a única intenção do Imperador era dar conhecimento ao povo de todas as suas façanhas. Desnecessário dizer que naquele instante nascia também o fundamento para o que hoje se denomina de notícia “chapa branca”, já que a Acta só noticiava os fatos positivos para o Império Romano, como suas conquistas e suas glórias.
Cerca de 1500 anos depois de Júlio César, o alemão Johannes Gutenberg deu vida ao jornal impresso, ao criar a primeira prensa de papel, encerrando assim um ciclo em que a notícia era escrita manualmente e, de certa forma, contribuindo para o fim da idade média ao possibilitar o surgimento do jornalismo profissional. Algum tempo depois, no ano de 1766, a Suécia implantava o conceito de “Liberdade de Imprensa”, disseminando-o mundo afora e propiciando a regulamentação da profissão de jornalista.
O Jornal impresso sempre teve lugar de destaque no processo de comunicação e se tornou mais importante ainda com o surgimento do telégrafo, fazendo com que as notícias chegassem muito mais rápido aos lugares mais distantes, permitindo assim, que o jornal fosse impresso em várias regiões diferentes, simultaneamente, sem que se fizesse necessário transportá-lo durante dias, melhorando substancialmente, a contemporaneidade entre os fatos e sua notícia jornalística. Essa supremacia da comunicação jornalística foi um pouco afetada pelo surgimento do rádio e, tempos depois, pelo aparecimento da televisão, porém, ainda assim, o jornal impresso sempre encontrou acolhimento entre os formadores de opinião, não apenas pelo gosto de se ter um jornal em mãos e fazer a sua leitura, mas, principalmente, pela marca de elevada credibilidade que sempre acompanhou este veículo de comunicação.
Com o surgimento da Internet e a sua liberação para uso comercial, já no final no século passado, o jornal impresso passou a ter um concorrente de peso na demanda diária por notícias escritas, mas sem perder seu importante lugar dentro do processo da comunicação. Foi neste período que nasceu o nosso DIÁRIO DE CARATINGA, que está completando vinte e seis anos de existência, brindando-nos diariamente com informação da mais alta qualidade.
Recentemente eu tive a oportunidade de entrevistar a espetacular repórter Nohemy Peixoto no programa “Começo de Conversa” e ouvi dela, com clareza, o que eu já sabia, que o Diário de Caratinga tem se reinventado todos os dias no sentido de fazer uso, a seu favor e em benefício da Comunicação, de todos os meios disponíveis para vencer o grande desafio de fazer com que a boa informação chegue ao seu destino e que atinja um número cada vez maior de pessoas, para isso, mantém-se fiel ao seu formato original, impresso, aliado ao formato digital, ampliando, assim, o número de leitores e colaborando para a divulgação da boa informação e da formação de uma consciência crítica e fundamentada em seus leitores.
Em um país em que a maioria de seus habitantes acessa a internet, com cerca de noventa por cento deles utilizando o aparelho celular, esse instrumento tecnológico tornou-se uma “sensação nacional”. Não obstante a televisão liderar o ranking das mídias acessadas, o rádio ter uma excelente aceitação e o jornal impresso ser lido, pelo menos uma vez por semana, por cerca de 20% da população, é a internet que oferece o acesso mais fácil, mais rápido, em tempo real, transformando-se assim, em um veículo indispensável para o exercício do jornalismo de qualidade, de responsabilidade e de comprometimento com a verdade.
Como defensor da boa informação e adepto da tecnologia, acredito que a internet pode e deve ser utilizada para tratar a notícia com o cuidado e o respeito que o cidadão leitor merece. Abrir a tela do computador, ligar o celular e buscar a informação é sim um caminho sem volta, que como todos os caminhos que trilhamos também possui os seus percalços.
Também acredito que, por muito tempo, a Comunicação Social de qualidade terá de lidar com todas as imbecilidades e mentiras que costumam ser divulgadas, aos montes, através das redes sociais, onde muitos compartilham textos e divulgam idéias que, às vezes, além de serem escritas de forma a se traduzirem em verdadeiros atentados à língua portuguesa, agridem o bom senso e podem até ameaçar a vida e a liberdade das pessoas. Como muito bem registrou Humberto Eco, “As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho, e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”
No entanto, também acredito que a Imprensa está conseguindo utilizar, a seu favor, essa ferramenta tão importante, denominada internet. É o que tem feito o nosso DIÁRIO DE CARATINGA, durante todos esses anos de sua existência com maestria e profissionalismo, oferecendo informação de qualidade, íntegra e compromissada com valores importantes à comunidade. Parabéns e obrigado por continuar a nos brindar om o melhor da informação a partir da inovação.
- Eugênio Maria Gomes é escritor.