Discutir ou tentar mensurar a inteligência humana acredito que seja uma tarefa impossível. Somos seres fascinantes, dotados de capacidades infinitas, indiscutivelmente um ser que beira a plenitude, mesmo reconhecendo nossas fraquezas e limitações. Desenvolvemos, criamos, ampliamos, adaptamos, somos simplesmente sensacionais.
Vivendo coletivamente, como afirmava Aristóteles “somos seres políticos e sociais por natureza” e por isso nos completamos. A sociedade nada mais é, ou deveria ser, do que a conjunção dos seres humanos imperfeitos, que mesmo frágeis individualmente, ao se unirem tornam-se robustos e capazes de romper com os mais delicados obstáculos e de ultrapassar os corriqueiros limites que surgem com a existência.
Sozinhos somos pequenos, unidos somos praticamente imbatíveis. E o grande segredo da vida é justamente este: conseguir unir, agregar. A individualidade que se acentua a cada dia tem nos tornado fracos e pequenos.
O maior exemplo disso pode ser percebido com o cuidado que temos com o planeta, ou melhor com a falta de cuidado, para ser mais exato. Ainda não oferecemos ao planeta o verdadeiro sentido que ele deveria ter para cada um de nós.
Desmatamos as florestas, poluímos as águas e o ar, matamos os animais, enfim, somos os maiores predadores do planeta. E sem perceber a vida se vai em meio ao caos provocado pela nossa ação destruidora.
Nos últimos dias a notícia em voga diz respeito ao mar de petróleo que está tomando conta das praias do litoral nordestino. Centenas são os pontos invadidos pela lama preta. Praias tornam-se temporariamente impossíveis de serem frequentadas, causando danos ambientais e sociais.
Os danos ambientais podem ser irreversíveis ou até mesmo demorar séculos para a devida regeneração. Mas não nos esqueçamos que os danos sociais também podem seguir a mesma direção. Imagine o comerciante que se preparou para receber o turista, dependendo do investimento que foi feito, o prejuízo pode significar sua falência ou endividamento. Portanto, não podemos dissociar uma coisa da outra. O certo seria pensar e agir justamente ao contrário, pois cuidando do planeta, automaticamente estamos zelando também pelas nossas coisas.
E quem é o culpado ou quem são os culpados pelo derramamento do petróleo? Independentemente de quem seja, e mesmo que venha a ser responsabilizado de alguma forma, é muita tristeza ver a destruição lenta e gradual que vamos assistindo todos os dias em relação ao nosso planeta. Ainda não nos demos conta de que a vida humana está atrelada diretamente à própria manutenção da vida planetária em todas as suas dimensões.
Nossa inteligência deve ser usada para o bem, para enriquecer e promover a vida e não o inverso. Pode ser balela, mas não cabe em pleno século 21 pensar de forma mesquinha e olhar apenas para o próprio umbigo. Somos bilhões, o planeta é único.
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.