COLUNA ABRINDO O JOGO

60 mil para o Bolsa Atleta

        O Programa Bolsa Atleta foi instituído no município de Caratinga no ano de 2011 tendo seu primeiro edital lançado em 2012, sendo precursor entre os municípios mineiros a desenvolver tal política. Em 2019, serão R$ 60.000 repassados através de bolsas esportivas com o objetivo de fomentar a participação dos atletas caratinguenses em competições esportivas a nível estadual, nacional e internacional. Como membro do COMEL (Conselho Municipal de Esporte e Lazer), fico muito feliz pela continuidade do programa. Sem dúvida um apoio primordial para que atletas da cidade possam continuar representando bem nossa cidade e dando continuidade a suas carreiras. Mesmo diante das dificuldades financeiras enfrentadas por diversas prefeituras, o projeto não será interrompido.

Qual valor da vida dos filhos de vocês?

Perguntinha difícil de responder né? Sinceramente acho impossível de calcular. Afinal, quantos de nós já pensou na dor de perder um filho? Depois, cobrar um valor em dinheiro do principal responsável pela perda. Confesso que nunca pensei, e imagino que deve ser a coisa mais difícil do mundo, pelo simples fato que calcular o valor de uma vida é uma tarefa das mais complicadas. Uma das formas sem dúvida e deixar de lado o emocional, ser apenas racional e fazer o cálculo tecnicamente. Acredito que existam profissionais aptos a realizar esse trabalho difícil. Porém, essa é a forma correta de tratar o assunto? Devo confessar mais uma vez que não tenho a resposta. Entretanto, no caso da tragédia que vitimou os dez garotos no Ninho do Urubu, na minha humilde opinião, comparações com o incêndio na boate Kiss e com a tragédia criminosa de Brumadinho são equivocadas. Afinal, alguém aí torce apaixonadamente pela boate Kiss ou pela Vale do Rio Doce? Essa é a diferença, o Flamengo, assim como qualquer outro clube de futebol existe por causa da paixão das pessoas. Os milhões de torcedores rubro negros não recebem nada (a não ser o prazer de pertencer a uma torcida e ter um time) para torcerem pelo clube. Não se pode comparar com uma empresa normal. Ir a uma boate tem preço, a tonelada de minério de ferro também, a paixão pelo Flamengo não. Não sou mais, nem menos flamenguista que ninguém, aprendi a amar o clube numa época que o futebol era muito diferente do atual. Uma época que meu time tinha Andrade e não Arão como volante, Leandro e Júnior como laterais e não Pará e Renê só pra ficar nesses, não quero começar a chorar aqui só de lembrar. Ainda assim, não passou pela minha cabeça em momento algum deixar de torcer pelo clube por conta do acontecido. Quando se trata de uma empresa normal, posso nunca mais frequentar o estabelecimento comercial da empresa, ou usar seus produtos. Mas, no caso do futebol não tem como. Por isso não pode ser tratado de forma tão fria e técnica. É preciso sim olhar para a tragédia com o coração. Eu que sempre me orgulhei de ser rubro negro, estou decepcionado e envergonhado sim. Não acho que as famílias estejam querendo “enriquecer” com a morte dos filhos. Sem demagogia, além de ver os filhos realizarem o sonho de se tornarem jogadores de futebol, tinham sim o desejo legítimo de ter uma vida melhor, ficarem ricos vendo os filhos com a camisa do Flamengo, da seleção e se mudando para Europa quem sabe. Qual problema disso? Mas, posso apostar que nesse momento, prefeririam um trilhão de vezes que os filhos estivessem vivos. Não trocariam o prazer de abraçar os filhos por dinheiro nenhum desse mundo. Portanto, dizer que estão querendo enriquecer ás custas do Flamengo é até maldade né. Faz um tempo que tenho percebido que está faltando ao ser humano o sentimento da COMPAIXÃO (sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal do outro, acompanhado do desejo de minorá-la; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor). Estou sim com sentimento de vergonha alheia, enquanto o presidente não se dignou se quer a comparecer à reunião com os familiares, se limitou a enviar um representante com uma proposta técnica, segundo o clube, superiores à média estipuladas em tragédias “parecidas”, tudo isso me causa vergonha. Volto a repetir, o Flamengo não é uma empresa comum. Esses idiotas que comandam o clube atualmente, precisam entender que empresa nenhuma tem 40 milhões de apaixonados por ela. Só isso basta pra não achar que é a mesma coisa. Para um clube que tem para 2019 uma receita estimada em quase 700 milhões, pagar 56 para famílias que perderam seus “bens” mais preciosos e nunca mais terão de volta, pensando bem ainda é pouco.

 

Rogério Silva

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