PALIATIVOS SOCIOAMBIENTAIS OU A TRANSFORMAÇÃO DE ATITUDES E COMPORTAMENTOS DA HUMANIDADE ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO?
* Kelly Aparecida do Nascimento
O aquecimento global tornou-se manchete comum nos meios de comunicação, notadamente a partir de 2007 quando foram apresentados ao mundo os relatórios do painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC –, sobre as mudanças climáticas globais previstas para os próximos anos. Mas, foi em janeiro de 2008 que o fantástico exibiu uma matéria sobre o tema enfatizando que havia sido conferida uma missão a alguns dos maiores cientistas do mundo, reunidos pela Nasa: criar soluções para salvar o Planeta do aquecimento global. O resultado foram quatro propostas consideradas “fantásticas”, a saber:
A primeira seria proteger o planeta inteiro do sol exatamente como cada um de nós faz quando vai à praia: com um guarda-sol terrestre que pesaria 20 milhões de toneladas. Como cada foguete espacial consegue carregar no máximo 23 toneladas, seriam necessárias 870 mil viagens, cada uma delas a um custo de quase R$ 900 milhões. Total: o projeto custaria mais de R$ 700 trilhões.
A segunda proposta era deixar o céu mais nublado para proteger o planeta da radiação solar. Os cientistas consideraram que poderiam evitar o aquecimento global criando nuvens mais encorpadas, para bloquear melhor os raios de sol. A ideia era jogar microgotas de água do mar na atmosfera. Ao evaporar a água deixaria suspensas apenas as partículas de sal, o que engrossaria as nuvens. Seria preciso lançar 500 litros de água salgada por segundo na atmosfera, 24 horas por dia.
A terceira proposta seria colocar um filtro de enxofre ao redor da Terra, lançando centenas de foguetes carregados com enxofre na estratosfera, de 10 mil a 50 mil metros de altura.
E a última proposta que seria plantar uma floresta de fitoplâncton no mar e em seguida jogar ureia no oceano para aumentar a quantidade deles, que têm grande capacidade de absorver o CO2. A proposta seria instalar tubulações que levem a ureia, diretamente de fábricas de fertilizantes, para regiões do mar pobres em fitoplâncton.
Depois dessas quatro “brilhantes” ideias, caras e audaciosas, pergunto: o que há de errado com elas? Pasme, eu realmente não consigo compreender como é que produtores de ciência, de conhecimento, só conseguem pensar em paliativos, ou seja, estratégias que tem eficácia apenas momentânea, algo que somente atenua um mal ou adia a crise socioambiental. E, além disso, a pior característica dessas propostas é que elas sempre dependem de terceiros, aí faço uma nova pergunta: cadê o envolvimento dos cidadãos nessas propostas para a formação da corresponsabilidade, da conscientização e, portanto, da Educação? Paliativos socioambientais ou a transformação de atitudes e comportamentos da humanidade através da educação? O que vale mais?…
A crise socioambiental é um problema NOSSO. Se o governo investisse em educação de qualidade a fim de que a educação ambiental formal e informal, que tenha como princípio básico o processo de conscientização, fosse implantada na sociedade não tenho dúvidas de que essa seria a estratégia mais eficaz de mitigação da crise socioambiental, já que nesse caso existiria participação. Mas, destaco que não estou falando dessa pseudoeducação ambiental que temos atualmente por todos os cantos, estou tratando de um processo que contribua para que as pessoas reflitam e transformem a sua relação com o Planeta.
Defendo uma educação em que cada ser humano tenha a consciência e a responsabilidade de fazer a sua parte. E isso seria fundamental para que, de fato, uma proposta viável fosse colocada em prática. (Re)educar a humanidade não é um processo rápido e nem fácil, mas com certeza seria mais barato, mais eficiente e ao longo da história se tornaria uma cultura. Afinal, o que são dez, vinte ou trinta anos na História da humanidade? Prova disso é que a discussão socioambiental teve início, de fato, na década de 1970. Se esse novo olhar fosse percebido aí sim a educação ambiental seria “das nossas casas para o mundo”.
*Profª M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento Bacharel e Licenciada em Educação Física. Licenciada em Pedagogia. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora do Centro Universitário de Caratinga –UNEC.
Mais informações do autor (a), acesse: http://lattes.cnpq.br/12867154411002