A SEMANA QUE O COMÉRCIO PAROU

Movimento no centro da cidade reduziu drasticamente com o protesto dos caminhoneiros. Consumidores não chegam e mercadorias também estão em falta

CARATINGA- O comércio já enfrentou diversos momentos difíceis. A crise financeira afugentou os consumidores e impactou na produtividade da economia brasileira, aumentando inclusive os índices de inadimplência. Segundo a análise da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o resultado em 2017 foi o primeiro positivo do setor desde 2013 (quando houve alta de 4,3%), recuperando praticamente 1/5 das perdas provocadas pela crise econômica.

Mas, esta semana, os comerciantes experimentaram uma situação atípica. Com a greve dos caminhoneiros bloqueando diversas estradas pelo País, muitos setores foram impactados com a falta de combustível e caminhões com mercadorias que não chegaram ao seu destino. Como resultado, as ruas de Caratinga ficaram vazias e poucos consumidores eram vistos nos estabelecimentos.

Paulo Cézar Rios destaca que muitas pessoas não estão conseguindo chegar até os comércios

Paulo Cézar Rios Guedes, da Skina 7, afirma que vem sentindo os reflexos desde a terça-feira (22). “O movimento está bastante franco. A greve atrapalhou totalmente o comércio. As pessoas não estão tendo como sair de casa, moradores da zona rural não conseguem vir para o comércio. Está tudo parado. Por outro lado, concordo que é um direito deles o protesto, assim como é de todos nós”.

Márcio Chaves relata os impactos na área de floricultura

Márcio Chaves é proprietário da Floricultura Casa e Jardim. Além do movimento fraco de clientes que é sentido de maneira geral, o comerciante enfrenta a falta de produtos no estoque. “Além de faltar mercadorias, estão faltando os pedidos de noivas, eventos, que estão tendo que ser adiados, não tem como fazer. Os caminhões estão todos parados perto de São Paulo ainda desde terça-feira (22), não chega. Temos até notícia de um deles que se a greve parasse hoje (ontem), ele ainda voltaria pra casa e viria semana que vem. Mas, não tem nem previsão, porque amanhã (hoje) vai ter uma missa lá onde eles estão parados”.

Floricultura é um dos setores mais atingidos pela greve

Ele afirma que o estoque é renovado semanalmente. Com os caminhões bloqueados nas estradas, o setor de floricultura é atingido diretamente. “Não trabalhamos com prazo maior e a periodicidade da flor é em média 10 dias no máximo. Compra numa semana para usar, na outra semana chega novamente, repõe tudo. O que tinha semana passada foi embora, minha mercadoria chega toda semana. O prejuízo é até depois, até normalizar é mais ou menos 20 dias até começar a colocar a casa em ordem novamente. Todas as flores estão em falta, principalmente para ornamentação, se quiser um buquê de rosas não tenho”.

Márcio ainda destaca que está de acordo com o protesto. “Parou geral. A cidade parou. As pessoas não estão conseguindo sair de casa. Mas, apesar disso, concordo plenamente com a greve. Acho que agora os sindicatos que fizeram manifestação à toa deviam se unir”.