Melhoram as perspectivas para cafeicultura, caso elas se confirmem, podem revigorar a economia local
CARATINGA – Os comerciantes de Caratinga andam um pouco assustados. Alguns dizem que nunca viram uma ‘paradeira’ como essa. Os fregueses têm fugido das lojas. A esperança é que nos próximos meses a colheita de café também salve a ‘lavoura’ do comércio local. As perspectivas para cafeicultura tiveram melhora acentuada. Caso elas se confirmem, a economia de Caratinga deve ser revigorada.
E a empolgação tem justificativa, pois na quarta-feira (8), o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ) divulgou que os embarques brasileiros de café no último mês de março ficaram em 3.046.656 sacas, volume recorde para esse mês. “O número surpreendeu os operadores por estarmos na entressafra de uma safra problemática devido à seca histórica de 2014 sobre os cafezais do sudeste brasileiro”, disse em nota o CECAFÉ.
Para analisar esse momento, o jornal online Notícias Agrícolas entrevistou corretor de café Eduardo Carvalhaes Júnior, que observou que os números de março impressionam. “Isso é recorde histórico para o mês de março. Apesar de toda seca, toda quebra de safra, o Brasil exportou mais de 3 milhões de sacas de café. No ano safra 2014/2015, ou seja de 1º de julho de 2014 ao final de março de 2015, nós já colocamos abordo mais de 27 milhões de sacas”, informou Carvalhaes.
O corretor disse existe ainda outra boa notícia. Ele informou que o faturamento da receita cambial de março com a exportação de café foi 24% maior do que em março de 2014. “Por causa da seca, o produto foi vendido com preços maiores. Também os embarques dos três primeiros meses deste ano ficaram acima do mesmo período em comparação com 2014”.
Para fechar o ano safra 2015, faltam as exportações de abril, maio e junho, Carvalhaes analisa se as exportações caírem para 2,5 milhões de sacas de café por mês, o ano safra 2014/2015 será fechado com números altos. “O recorde histórico do Brasil de café em ano safra aconteceu em 2010/2011, quando foram exportadas 35.271.000 sacas. Se exportamos 2,5 milhões nos próximos meses, vamos chegar perto deste recorde. Ou seja, tivemos uma seca, mas também podemos chegar a um recorde”, ponderou o corretor.
Carvalhaes lembra que foi cogitado que os armazéns de café estariam com seus estoques em baixa, “mas estes números deixaram o mercado com a ‘pulga atrás da orelha’. Como é que o Brasil tem uma quebra de produção e estamos embarcando estes números?”.
A estimativa é que sejam exportadas 35 milhões de sacas de café, enquanto o consumo interno pode chegar a 20 milhões de sacas. “Isso significaria 55 milhões de sacas no ano safra 2014/2015. Muito acima das estimativas. Esse fato já aconteceu na safra 2013/2014 e levam os analistas estrangeiros a desconfiarem dos nossos números de produção”.
Conforme Carvalhaes, os preços devem continuar sustentáveis. “Se o mundo está comprando esse volume de café, é porque está precisando. Não podemos nos esquecer de que ano após ano a Organização Internacional do Café vem falando do aumento do consumo. Também notamos que os embarques brasileiros têm melhorado de qualidade”, avaliou.
PERSPECTIVAS PARA REGIÃO DE CARATINGA
Para saber da situação na região de Caratinga, o DIÁRIO ouviu Paulo Tavares, corretor de café da Copercafé. Ele compartilha o otimismo de Eduardo Carvalhaes Júnior. “Sim, há uma perspectiva de termos uma safra maior em referência ao ano passado. No principio do ano, devido a estiagem e a alta temperatura, teríamos uma produção igual a da safra anterior, que foi muito ruim. Pouco café, baixa qualidade. Mas com a chegada das chuvas, deu tempo de recuperação”.
Segundo Paulo Tavares, este ano, para a região de Caratinga, é de ciclo de alta. “Estamos acompanhando junto com os produtores e estamos avaliando uma safra melhor. Ainda pelo efeito da estiagem, teremos grãos menores, mas cheios. Sim, teremos uma safra melhor, com bons preços”.
A respeito da produção de café aquecer a economia caratinguense, Paulo Tavares concluiu, “sendo a cafeicultura o carro chefe da nossa economia, o comércio agradece. Temos mais de 2.000 produtores de café na nossa região. A safra gera empregos para mais de 5.000 pessoas. Vamos então apostar, todos ganharão”.