Lançamento do livro da pesquisadora Astrid Maciel Motta acontece na noite de hoje, em Inhapim
INHAPIM – Depois de publicar ‘A Favela – Protagonismo na Educação e no Trabalho’ (Ed. Appris, 2015), a pesquisadora Astrid Maciel Motta lança na noite de hoje mais uma obra: ‘A Transmissão Intergeracional da Pobreza’ (Ed. Appris). A solenidade de lançamento será a partir das 18h30 no Centro Cultural e Museu Histórico – Casa do Bentoca, situado à rua Professor Elias, 17, centro, Inhapim. O evento conta com apoio da Prefeitura de Inhapim, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Segundo a pesquisadora, este livro traz aspectos relacionados à pobreza em suas múltiplas dimensões. Segundo ela, o estudo parte da compreensão do fenômeno da pobreza e dos mecanismos que a reproduzem para as futuras gerações, na perspectiva de desenvolvimento humano, defendida amplamente pelas Nações Unidas. “A investigação privilegiou uma abordagem qualitativa baseada em entrevistas semiestruturadas realizadas com moradores de favelas do Complexo do São João, no Rio de Janeiro, que opinaram sobre 23 variáveis que permitiram descrever a situação vivida, aferir e interpretar a reprodução da pobreza, tendo como padrão comparativo três gerações. A estratégia metodológica alicerçou-se em um raciocínio sistemático de comparação entre as três gerações, a partir de narrativas captadas nas entrevistas, criaram-se índices compositivos e a classificação das tipologias de modalidades por família tipo”.
Astrid Maciel Motta relata que o estudo apontou variações nos efeitos que as políticas públicas tiveram sobre a vida das famílias relacionadas às dinâmicas sociais vivenciadas. “A conclusão indica que, para que aconteça o rompimento da pobreza, serão necessários avanços, sobretudo do conhecimento da realidade desses territórios e de aplicação de orientações metodológicas inovadoras capazes de compreender as dinâmicas sociais inerentes ao contexto das favelas para subsidiar a formulação de políticas públicas, cuja configuração leve em consideração a realidade e as vocações do local”.
Análise
Conforme o professor doutor Gaudêncio Frigotto, professor titular aposentado na Universidade Federal Fluminense (UFF), professor adjunto da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), “o livro de Astrid Maciel Motta condensa uma análise fundamental que interpela o poder público e as instituições políticas, científicas, educacionais e culturais a fim de entender o ciclo de produção e reprodução geracional da pobreza nas favelas como um fenômeno de múltiplas determinações. Certamente, a determinação basilar inscreve-se nas relações econômicas, políticas, culturais e jurídicas de caráter escravocrata, em que a reprodução da pobreza é condição da concentração da riqueza na mão de poucos. Essa determinação estrutural condiciona a organização familiar dentro de um território apartado em que os serviços públicos básicos de moradia, saneamento, saúde, segurança e educação, quando oferecidos, são precários. A educação básica de boa qualidade é ferramenta imperativa para que os próprios pobres entendam sua condição de cidadania negada e lutem organizadamente para muda-la, a análise mostra que, em diferentes gerações, essa educação se mostra precária. Essas determinações evidenciam que as políticas públicas podem tirar as pessoas da extrema pobreza, mas não rompem, em gerações sucessivas, o círculo vicioso da produção e reprodução da pobreza, um ciclo que se agrava de forma avassaladora e desumana no Brasil pela atual radicalização da doutrina neoliberal que asfixia as políticas públicas”.
Currículo
Astrid Maciel Motta é doutora e mestra em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), obteve mobilidade acadêmica na Universidade do Porto (UP), em Portugal. Especializou-se em Gestão Empreendedora da Educação na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Pedagogia Empresarial pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e em Gestão Empresarial pela Universidade Candido Mendes. Graduou-se em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caratinga e é bacharelanda em Direito pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Sua trajetória profissional em Recursos Humanos foi iniciada em Recrutamento e Seleção, Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal em empresa do segmento de Telecom, em seguida, Astrid foi gerente de Estágio e Empreendedorismo na Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Assumiu a coordenação de Desenvolvimento Empresarial e Estágio na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN). Atuou por mais de seis anos como voluntária no Programa SESI Cidadania nas favelas com Unidade de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro. Coordenadora e Tutora de Polo EAD. Atualmente, é Diretora de Cultura e Turismo do Município de Inhapim-MG e embaixadora da Universidade do Porto no biênio 2021/2023. É autora também de A favela: protagonismo na educação e no trabalho.