INHAPIM – O assassinato de Julemar Dias da Silva, de 35 anos (à época), ocorrido em outubro de 2020 continua a reverberar na Justiça. A vítima era de São Domingos das Dores, mas seu corpo foi encontrado no Córrego do Tatu, zona rural de São Sebastião do Anta. Nesta semana, o Ministério Público de Minas Gerais, por meio da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Inhapim, representada pelo promotor Jonas Junio Linhares Costa Monteiro, obteve o pronunciamento da Justiça que determina o julgamento pelo Tribunal do Júri dos acusados Dirceu Pereira dos Santos (35 anos à época) e Gilmar Teixeira Campos (22 anos à época).
A decisão foi proferida pela 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e Juventude da Comarca de Inhapim, após análise minuciosa dos elementos colhidos durante a instrução criminal, como depoimentos, laudos periciais, diligências policiais e interrogatórios dos réus.
O crime ocorreu em 24 de outubro de 2020, por volta das 4h, na zona rural de São Domingos das Dores. Conforme a denúncia, os acusados teriam, em comunhão de esforços, sequestrado Julemar, desferido golpes com objeto cortante, efetuado diversos disparos de arma de fogo contra a vítima e, em seguida, ocultado seu corpo em uma área de mata. O veículo da vítima foi incendiado para dificultar a elucidação dos fatos.
Investigação e denúncia
Na ocasião, a Polícia Militar relatou que moradores do Córrego dos Marianos ouviram disparos na noite do sábado (24/10/2020). No local, foram encontradas marcas de sangue, um boné perfurado – reconhecido pela esposa de Julemar –, cartuchos deflagrados de calibre .380 e um projétil. A vítima havia saído de casa na sexta-feira (23/10/2020) e não retornou.
O carro de Julemar foi localizado na segunda-feira (26/10/2020), com queimaduras nos forros e bancos. Pistas de sangue foram identificadas no compartimento de bagagens e em partes da lataria. Próximo dali, foram encontrados objetos que pertenciam ao veículo e uma calça jeans jogada em uma pastagem. Uma motocicleta que teria acompanhado o carro da vítima também foi apreendida para perícia.
Na terça-feira (27/10/2020), o corpo de Julemar foi encontrado enterrado no Córrego do Tatu, em São Sebastião do Anta. A perícia indicou múltiplos disparos na região da cabeça, possivelmente cerca de 20 tiros.
Segundo a PM, a vítima foi vista pela última vez na casa de um dos suspeitos, que possuía arma compatível com o calibre utilizado no crime. Na época, ele foi ouvido e liberado.
Crimes e consequências
Os réus foram denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima (art. 121, §2º, incisos I, III e IV), além de sequestro (art. 148), ocultação de cadáver (art. 211), fraude processual (art. 347, parágrafo único) e incêndio criminoso (art. 250, §1º, II, “h”), todos do Código Penal, com os rigores da Lei dos Crimes Hediondos (Lei n.º 8.072/90).
A sentença de pronúncia reconheceu provas da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, mantendo a prisão preventiva dos acusados. O Ministério Público aponta que o crime foi motivado por ciúmes, cometido com extrema violência e em circunstâncias que impediram qualquer chance de defesa da vítima.
A soma das penas, em caso de condenação por todos os crimes e com reconhecimento das qualificadoras, poderá ultrapassar os 30 anos de reclusão.
Compromisso com a justiça
Para o promotor Jonas Junio Linhares Costa Monteiro, o pronunciamento é um passo decisivo para a responsabilização penal dos envolvidos e um marco no enfrentamento à violência na região. “O julgamento representa um passo essencial na responsabilização penal por crimes graves e simboliza a atuação comprometida do Ministério Público no combate à violência e na preservação da ordem pública na Comarca de Inhapim”, declarou.