Moradores denunciam destruição silenciosa da Mata Atlântica na serra de Piedade de Caratinga

CARATINGA – Moradores do Córrego Recanto das Águas, no topo da Serra de Piedade de Caratinga, têm vivido dias de preocupação e vigilância desde o último dia 13 de outubro, quando um drone registrou focos de queimada em plena área de mata fechada, uma região de proteção ambiental por se tratar de remanescente da Mata Atlântica. As imagens revelaram pontos de fogo bem no centro da floresta, em um local de acesso extremamente difícil. Na ocasião, o Corpo de Bombeiros chegou a ser descartado como opção de acionamento, justamente por conta da impossibilidade de chegar ao foco do incêndio.

Uma semana depois, no domingo, 18 de outubro, o barulho de máquinas e o som do tombamento de árvores despertaram a comunidade. Novas imagens aéreas flagraram uma escavadeira abrindo uma estrada no meio da mata, o que gerou nova mobilização dos moradores. A Polícia Militar foi acionada e conseguiu interceptar a ação, apreendendo a máquina e identificando os envolvidos. Um dos homens alegou ter adquirido o terreno e pretendia realizar construções na área. A intervenção policial impediu a continuidade dos trabalhos naquele momento, mas o problema estava longe de terminar.

Dias depois, moradores que voltaram ao local encontraram dezenas de árvores com sinais de envenenamento, uma estratégia ilegal usada para matar a vegetação aos poucos e facilitar a expansão de estradas clandestinas. “Está acontecendo tudo muito rápido. A gente chama a polícia, mas agora eles estão agindo de forma silenciosa, envenenando as árvores. Não vamos permitir isso, porque dependemos da água que nasce nesse manancial”, contou um morador que preferiu não se identificar. Para tentar conter os danos e agir com mais rapidez, a comunidade criou um grupo de WhatsApp para compartilhar informações e acionar as autoridades imediatamente em caso de novas movimentações suspeitas.

Segundo o sargento Edil, da Polícia Militar de Meio Ambiente, a corporação esteve no local e confirmou as irregularidades. “Identificamos uma máquina em operação, uma pessoa foi presa e outra autuada administrativamente. Continuamos realizando fiscalizações após a denúncia do envenenamento das árvores e seguimos acompanhando o caso”, afirmou o militar. A Polícia Ambiental reforça que intervenções em áreas de proteção permanente e mata atlântica configuram crime ambiental, e os responsáveis podem responder tanto administrativa quanto criminalmente pelos danos causados à natureza.

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