CARATINGA- A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Caratinga realizou na manhã de terça-feira (10), a cerimônia de certificação do curso de macramê, técnica artesanal que une fios por meio de nós. O curso foi oferecido pelo projeto Norteja, uma iniciativa do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Almenara, em parceria com a APAC.
Ao todo, 28 recuperandos do Regime Fechado 1 concluíram a capacitação, que teve cerca de 150 horas de duração e foi marcada não apenas pelo aprendizado técnico, mas também por um processo terapêutico e de valorização pessoal.
Para Adriana Luppis, gerente geral da APAC Caratinga, a iniciativa representa um avanço importante dentro das atividades de laborterapia desenvolvidas na instituição. “Nós queríamos há bastante tempo trazer um curso que fosse diferente do que eles já têm o hábito de fazer. Em uma visita que eu estive em São João del-Rei, conheci uma artesã lá e nós tivemos a proposta, em parceria com o Norteja, para trazermos esse curso para Caratinga. O intuito, além de eles se profissionalizarem em mais uma técnica, como forma deles se manterem também com o recurso da venda de tudo que produzem, é um momento terapêutico para eles também”.
A professora Márcia Bergo foi a responsável por conduzir as aulas de macramê e conta que a experiência foi de troca constante com os participantes. “Foi muito legal, porque os nossos alunos aqui, eles já têm uma noção de artesanato, receberam muito bem o macramê, uma técnica diferente do que são habituados a fazer. Conseguimos produzir peças diversas: fizemos desde cortinas até uma cadeira suspensa, peças de vestuário, utilitários, acessórios, decoração, suporte de plantas… E o mais legal é que essas peças foram escolhidas por eles. Eles tiveram liberdade para sugerir o que gostariam de aprender”, explicou Márcia.
Durante a cerimônia, a coordenadora adjunta do projeto Norteja, Tânia Mares, ressaltou o envolvimento da APAC Caratinga e dos recuperandos como ponto essencial para o sucesso da formação. “Temos que agradecer toda a atenção que a APAC Caratinga deu ao projeto, porque precisa disso, precisa de uma gestão que queira. O segundo passo foi o envolvimento dos recuperandos, com participação intensa e afetiva. Hoje é não só uma celebração, mas a certeza de que demos o passo certo, porque aliamos a profissionalização a um princípio ético cristão. Não é apenas relacionar trabalho e profissão, mas entender que o trabalho tem que ser para fazer o bem, sem escolher a quem”, afirmou.
Também presente na solenidade, a representante da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais, Cinthya Calili, emocionou-se ao comentar o impacto da arte no processo de ressocialização. “Esse trabalho é muito lindo. É uma oportunidade maravilhosa para os recuperandos. Muito mais do que um trabalho manual, o macramê é um trabalho de criatividade, que faz com que a pessoa veja algo do mundo lá fora e esse algo volte para dentro dele. A arte ressignifica, a arte transforma o ser humano”.
A Defensoria Pública também marcou presença no evento. O defensor Igor Thiago Batista Cupertino reforçou o apoio da instituição às ações de reintegração social. “Esse tipo de iniciativa é extremamente importante e a Defensoria apoia de maneira muito forte, porque um dos nossos trabalhos é justamente promover a justiça e facilitar essa reinserção. Esse tipo de trabalho faz com que aflore o aspecto artístico dos nossos assistidos. A arte transforma, ela é capaz de ressignificar aspectos negativos do passado em algo bom”.
O curso de macramê integra as ações do projeto Norteja, que tem como missão ampliar o acesso à educação profissional em regiões e contextos socialmente vulneráveis, com base em princípios de inclusão, cidadania e dignidade humana.
