Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais fala sobre papel estratégico da cafeicultura na economia da região
CARATINGA- A cena é típica no interior mineiro: grãos sendo secados em terreiros e o cheiro do café recém-colhido dominando o ar. Em Caratinga e nos municípios do entorno, o café não é apenas uma cultura agrícola. É um motor econômico, um símbolo cultural e o sustento de famílias.
E esse cenário se repete mais uma vez em 2025. A colheita do café está acontecendo, com ela, as expectativas de valorização no mercado e otimismo por parte dos produtores. Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga, Roberto Aquino, a cafeicultura local vive um momento de maturidade, inovação e potencial de crescimento.
“A cafeicultura é um dos pilares da nossa economia do agro. O café é o ponto-chave do desenvolvimento do agro para Caratinga e região. Estamos em plena colheita, trazendo vários recursos e benefícios. Os produtores vendem o seu café, isso gera recursos que movimentam nossos comerciantes e prestadores de serviço. O café é o pilar da nossa economia”, destaca Roberto.
Um ciclo que movimenta a cidade
A importância do café transcende a zona rural. Os recursos obtidos pelos produtores circulam rapidamente no comércio local — de lojas de insumos a supermercados, de oficinas a prestadores de serviços diversos. Cada saca vendida representa investimento na economia da cidade.
“A gente fica muito feliz e satisfeito com a cafeicultura local. A cada dia que passa, ela se desenvolve, se tecnifica, traz divisas, novas tecnologias e impulsiona a economia. Isso é visível em todo o município”, aponta o presidente do sindicato.
Em Caratinga, cerca de 90% das propriedades rurais trabalham com o cultivo do café arábica, reconhecido por sua qualidade superior, sabor suave e potencial para produção de cafés especiais. “O arábica é a base da produção aqui na região e também o ponto de partida para nossos cafés especiais, que vêm conquistando espaço dentro e fora do Brasil”, afirma.
Preço valorizado e produtores otimistas
Um dos pontos que tem animado os produtores neste ano é a valorização da saca. Em meio a um cenário nacional de preocupações climáticas, o mercado local tem respondido de forma positiva. “Por incrível que pareça, estamos com um mercado aquecido. Os preços estão entre R$ 2.000 e R$ 2.100 por saca, o que garante boa rentabilidade para o produtor. Se tudo correr bem, a expectativa é de preços ainda mais elevados ao longo da safra”, diz Roberto.
Essa valorização dá fôlego para investimentos em tecnologia, melhorias na colheita e expansão das lavouras, tornando o café uma das culturas mais atrativas da região.
Sindicato presente no campo
Além de representar a classe produtora, o Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga tem atuação direta junto aos cafeicultores. Por meio de parcerias com instituições como o Sistema FAEMG, o SENAR e a CNA, o sindicato oferece suporte técnico, capacitações, consultorias e serviços contábeis.
“Prestamos apoio não só para os produtores de café, mas também para quem trabalha com leite, corte, hortifrútis. Atuamos com assistência técnica, extensão rural e cursos de capacitação. Ajudamos o produtor a se modernizar e a produzir melhor dentro da sua propriedade”, detalha Roberto.
Segundo ele, o objetivo principal é fazer com que o produtor rural veja sua propriedade como uma empresa, e atue com planejamento, gestão eficiente e responsabilidade ambiental.
“Queremos que o produtor entenda a importância que ele tem na economia local e no desenvolvimento regional. Ele precisa agir de forma sustentável, enxergar a propriedade como um negócio e buscar inovação constantemente.”
Do campo para o mundo
Com apoio técnico e organização, produtores da região têm conseguido avançar em um dos mercados mais exigentes do setor: a exportação. A valorização dos cafés especiais, somada à rastreabilidade e boas práticas agrícolas, tem aberto portas para novas oportunidades.
“Temos produtores exportando para a Europa, conquistando mercados com cafés especiais — com aromas locais, como os frutados, os achocolatados. Esses cafés carregam a identidade da nossa região. E a tecnologia tem papel fundamental nisso, na melhoria da bebida e no reconhecimento do nosso terroir.”
Mais do que uma safra, o que se colhe em Caratinga é uma tradição passada entre gerações — hoje amparada por conhecimento técnico, acesso à informação e união dos produtores. O café carrega histórias, sabores e perspectivas.
“O café da nossa região tem tradição, tem raiz. A tecnologia e os cafés da nossa região só tendem a melhorar. E o produtor que busca apoio, que se capacita, que busca qualidade, com certeza vai prosperar”, finaliza Roberto Aquino.
A cada grão colhido, Caratinga reforça sua vocação agrícola e sua posição de destaque no mapa mineiro da cafeicultura. E enquanto o cheiro de café fresco se espalha pelos quintais, a economia local agradece — porque, aqui, o café é mais que bebida: é sustento, é orgulho, é futuro.
