A QUESTÃO NÃO ESTÁ EM PAUTA

Margareth Maciel de Almeida Santos

Doutora em Sociologia Política (IUPERJ)

Membro do Instituto Nacional dos Advogados do Brasil (IAB-RJ)

Em sete de setembro de 2022, comemoramos o Bicentenário da Independência do Brasil, e podemos dizer que o 07 de setembro sempre foi e será um marco na memória coletiva do povo brasileiro. Eu me lembro perfeitamente dos desfiles cívicos-militares, e que até hoje estão presentes especialmente nesse dia, com o intuito de reforçar o sentimento da identidade nacional.

Em um contexto em que vivemos uma crise política, econômica e institucional, eu resolvi conversar com várias pessoas sobre como elas se sentem em relação a sua identidade nacional, visões sobre as políticas públicas de saúde e educação, os desafios contemporâneos como as desigualdades sociais, a questão ambiental?

O que mais me impressionou foi que a resposta parecia ser combinada entre os diferentes cidadãos, pois o olhar para os percalços do passado com a finalidade de corrigi-los para que o Brasil tenha um futuro melhor, foi o que mais ouvi. A expressão “democracia brasileira”, o discernimento de ir as ruas munido da certeza de que todos somos brasileiros para lutar por algo que acreditam foi exaltado como instrumento de luta, vozes que não podem se calar. Simultaneamente me contam também que o passado ainda não passou. Falaram da falta de visibilidade dos indígenas, dos negros, das mulheres, do movimento LGBT, as queimadas na Amazônia e realçaram a miséria e a fome de tantos brasileiros e brasileiras.  Todas essas questões devem ser discutidas, realçaram, analisar, refletir é a oportunidade após 200 anos de Independência do Brasil para dar voz para “TODAS E TODOS”. São princípios que devem ser respeitados e discutidos.

Uma vez eu comentei aqui que calar não irá acabar com a democracia, o silenciar não forma cidadãos com olhar crítico em relação ao seu entorno. A clareza dos fatos fortalece o debate para o público em geral. As políticas públicas por mais que existem ainda não têm uma verdadeira eficácia que de fato possa assistir aqueles que estão longe do discurso cultural e político.

Quando conversamos sobre o voto muitos ainda estão indecisos, mas que irão até as urnas depositarem os seus votos. Essa reflexão é importante porque o seu caminhar até uma Urna Eletrônica para você dar o seu voto, essa liberdade representa o destino que você quer dar para o seu país. É um momento de autonomia e liberdade que você não pode se deixar influenciar por ninguém e por nenhuma ideologia.

O Instituto Nacional dos Advogados do Brasil ouviu o Dr. Hariberto de M. Jordão Filho, quem nos explicou que no momento em que você aperta os números disponíveis na urna, você é o dono do mundo. O total dos votos expressam a vontade do povo e não somente a sua. Isso se chama democracia a vontade da maioria e que seja por um voto a vitória do candidato eleito, por isso o seu voto pode ser denominado de bem precioso.

Não posso deixar de citar aqui mais uma vez, por respeitar os valores do arcebispo Dom Walmor, Arquidiocese de Belo Horizonte, sobre a sua análise sobre o “Bicentenário da Independência do Brasil”. Ele nos lembra que para efetivar a independência tão sonhada, há 200 anos, é preciso haver dedicação de cada pessoa, pois este é um processo de avanços e retrocessos”.

Ainda sobre o protesto do “Grito dos Excluídos” que chega à 28 edição com atrações culturais e críticas à desigualdade publicado no Hoje em Dia, organizado há 28 anos pelas pastorais sociais ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, segundo o portalhojemdia.com.br, o Grito dos Excluídos lembraram também o bicentenário da Independência do Brasil com uma reflexão crítica sobre o Dia da Independência.

Mais uma vez cito Dom Walmor Oliveira de Azevedo que declara: “Não há plena independência quando as riquezas brasileiras estão escoando do país. Uma nação verdadeiramente independente e democraticamente soberana, não se curvando às leis do um poder econômico de um mercado que é indiferente às desigualdades sociais”. Na mensagem ao Povo Brasileiro sobre o Momento atual, divulgada na sexta-feira dia 02 de setembro de 2022, no Hoje em Dia, os 292 bispos católicos do Brasil reunidos na 59ª Assembleia Geral da CNBB, alertam sobre o que consideram uma “complexa e sistêmica crise” que “escancara a desigualdade social, historicamente enraizada na sociedade brasileira”.

Independência ou morte? Não custa refletirmos para que todas e todos tenham vida e saibamos desviar daqueles que trazem a destruição e a morte.

PAZ E BEM!