Pentágono classificou ação como “altamente provocativa”; Washington enviou jatos F-35 para Porto Rico após o episódio
Dois caças venezuelanos F-16 sobrevoaram o destróier norte-americano USS Jason Dunham, no sul do Caribe, nesta quinta-feira (4). A informação foi confirmada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e classificada como uma ação “altamente provocativa” de Caracas.
O destróier dos EUA participa de uma operação contra o tráfico internacional de drogas na região, que também conta com outros navios e um submarino nuclear.
EUA acusam Venezuela de tentativa de intimidação
De acordo com comunicado do Pentágono, o sobrevoo teria sido uma tentativa da Venezuela de interferir nas operações militares americanas contra o narcotráfico e o terrorismo.
“O cartel que controla a Venezuela é fortemente advertido a não tentar, de nenhuma forma, obstruir, dissuadir ou interferir nas operações de combate ao narcotráfico e ao terrorismo conduzidas pelas forças militares dos Estados Unidos”, afirmou o Departamento de Defesa em nota.
Apesar da aproximação, o destróier norte-americano não reagiu ao movimento dos caças.
Envio de jatos F-35 para o Caribe
Horas depois do incidente, os EUA anunciaram o envio de 10 jatos F-35 para Porto Rico, em reforço às operações contra os cartéis de drogas no Caribe, segundo duas fontes militares ouvidas pela agência Reuters.
O gesto amplia a presença militar americana na região e é visto como um recado direto ao governo de Nicolás Maduro.
Bombardeio recente contra barco ligado ao Tren de Aragua
O episódio ocorre dois dias após militares dos EUA bombardearem uma embarcação no Caribe, supostamente ligada à gangue venezuelana Tren de Aragua, considerada terrorista por Washington.
Segundo o presidente Donald Trump, o barco transportava drogas com destino aos Estados Unidos:
“O ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais com destino aos Estados Unidos. A ofensiva resultou na morte de 11 terroristas. Nenhuma força dos EUA foi ferida nesta ação”, declarou Trump na terça-feira (2).
O presidente americano também acusou Nicolás Maduro de controlar o Tren de Aragua e de ser responsável por crimes como tráfico de drogas, tráfico sexual, assassinatos em massa e atos de violência.
Maduro e o Cartel de los Soles
Além do Tren de Aragua, Maduro também é acusado pelos EUA de chefiar o Cartel de los Soles. Analistas, no entanto, afirmam que a organização funciona mais como uma “rede de redes” de militares e políticos venezuelanos, sem hierarquia única, mas voltada para facilitar e lucrar com o tráfico internacional de drogas.
Mesmo sem ser o líder formal, Maduro é apontado como um dos principais beneficiários de uma “governança criminal híbrida”, consolidada dentro do próprio Estado venezuelano.