O velho apóstolo Tiago é bastante direto, e, sem dúvida, muito prático em suas palavras. Ele escreve: “Se alguém supõe ser religioso, [mas] não refreia sua língua, engana o seu coração, e a sua religião é inútil (Tiago 1:26).” Aqui, três palavras ganham destaque: “religião,” “língua” e “inútil.”
Na língua grega a palavra “religião” é “thrēskeia”, que não significa fé no coração, mas sim o culto externo, ou, então, as práticas visíveis de devoção. É o mesmo termo usado para descrever cerimônias, ritos e formas. Ou seja, Tiago está falando daquele tipo de pessoa que se considera piedosa porque cumpre rituais, frequenta cultos e tem aparência de devoção.
A segunda palavra é “língua”. Para o irmão Tiago, controlar a fala é prova de maturidade espiritual (veja, também, Tiago 3:2–10). Uma boca solta, que espalha fofoca, mentira, ira ou maldade, revela um coração não transformado. Se a fé não alcança a maneira como falamos, ela ainda não passou do superficial.
Por fim, o adjetivo “inútil” (grego “mataios”) significa vazio, sem propósito, sem fruto. A religião que não produz domínio próprio, compaixão e pureza é, segundo Tiago, apenas aparência — assim como uma bolha de sabão, que estoura ao menor toque.
Por que essa palavra tão contundente? É porque sempre somos tentados a medir a espiritualidade pelo externo: quantas orações fazemos, quantos cultos assistimos, quantos rituais cumprimos.
Mas nosso muito amado irmão Tiago corta essa ilusão direto, pela sua raiz: se a língua continua descontrolada, se o coração continua enganado, essa religião não serve para nada.
Mas veja: O contraste aparece logo no versículo seguinte: “A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1:27).
Ou seja, a “religião verdadeira” se mede em COMPAIXÃO PRÁTICA e EM SANTIDADE DE VIDA, não em formalismos.
Esse ensino nos convida a examinar a coerência entre a fé que professamos e a vida que levamos.
Uma língua que consola, que encoraja, que fala a verdade em amor, torna-se expressão de uma religião autêntica. Já a língua venenosa denuncia a superficialidade da devoção.
Que tal se refletirmos assim: Perguntemos a nós mesmos: Minha prática religiosa é apenas forma ou ela traz fruto? Minhas palavras revelam coerência com a fé que proclamo?
Tiago nos mostra que Deus não se impressiona com religião de fachada.
Deus busca uma fé que se torna visível através de nossa compaixão pelo próximo e no domínio próprio.
Então: busquemos essa RELIGIÃO que não é inútil, mas muito preciosa.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Faculdade Uriel de Almeida Leitão – rudi@doctum.edu.br