Honrar Com os Lábios – Coração Distante

Poucas frases de Jesus são tão penetrantes quanto esta. Ele cita o profeta Isaías para denunciar a diferença entre o que se fala e o que se vive: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8)

“Honrar com os lábios” significa professar devoção apenas na superfície, enquanto o “coração” — o centro da vontade e das motivações — permanece distante de Deus.

Para entender melhor, vamos examinar palavras no original: o verbo “honrar” (grego timaó) significa atribuir valor, dar peso, reconhecer dignidade. Com os lábios, o povo dizia: “Senhor, Senhor!”; entoava cânticos, recitava orações, mas isso era uma honra verbal, sem entrega real – da boca pra fora!

Já a palavra “coração” (grego kardia) não se refere apenas a sentimentos, mas  à totalidade de nossa pessoa interior: mente, vontade, desejos, consciência. Estar “longe” (apo makran) de Deus não descreve apenas distância geográfica, mas ruptura relacional.

É como um filho, uma filha que ignora seu pai, sua mãe; talvez envie um cartão de aniversário, mas nunca fala, visita, nunca escuta – você não acharia isso cruel?

Essa denúncia de Jesus expõe o perigo da religiosidade aparente. É possível frequentar templos, cantar hinos, repetir fórmulas de fé e ainda assim manter o coração longe. A boca pode estar cheia de louvor, enquanto a vida está CHEIA DE EGOÍSMO. É a contradição entre a liturgia pública e a intimidade privada.

O que Deus deseja é coerência. Honrar com os lábios só tem sentido quando o coração acompanha. Jesus repetiu esse ensino em Mateus 7:21: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai.”

Quando o coração está próximo, os lábios naturalmente transbordam em louvor verdadeiro. Quando está distante, as palavras tornam-se máscara. O que o Senhor busca é adoração em espírito e em verdade (João 4:24), onde cada palavra é reflexo de uma vida entregue.

Uma pergunta: Será que minha fé tem sido apenas uma linguagem bonita, sem transformação interna? O que os meus lábios proclamam corresponde ao que o meu coração realmente vive?

O convite de Jesus é claro: traga o coração de volta. Mais que frases piedosas, Ele deseja intimidade real.

Caro leitor, cara leitora: talvez seja difícil, mas é possível – volte-se para Deus, sim!

Rev. Rudi A Kruger – Faculdade de Teologia Uriel de Almeida Leitão – Caratinga

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