Começa em casa: o julgamento dentro da família

Hoje dou início a uma nova série, sobre “Julgar Com o Coração” – e o lugar onde isso acontece primeiro é na nossa casa, no nosso lar.

Pois, julgar é inevitável — todos nós o fazemos, o tempo todo. A questão não é se julgamos, mas COMO. E o primeiro “tribunal” que frequentamos não é o fórum da cidade, mas a mesa da sala de jantar.

Dentro de casa, o julgamento aparece disfarçado de opinião: “Você sempre chega atrasado.” Ou, então: “Ela não tem sentimentos.” E continua, mais ou menos assim: “Ele é preguiçoso.”

São palavras pequenas, mas – sendo bem exato, elas vem com peso de uma sentença. O problema é que QUASE NUNCA JULGAMOS COM O CORAÇÃO, e sim com o nosso orgulho ferido ou uma pressa ridícula de ter razão.

O segundo livro da Bíblia (Êxodo) dá um conselho que parece muito simples, mas ao refletirmos, vemos como ele é profundo:

“Se vires o jumento do teu inimigo caído sob o fardo, ajuda-o a levantá-lo.” (Êx. 23:5).

Que imagem poderosa! Aqui não se trata apenas de animais, mas sim, e sobretudo, de nossas relações uns com os outros.

É óbvio que você já viu alguém “cair” sob um problema pessoal. Pois é dentro da família que fica mais difícil esconder: “caído” sob o peso de um erro, de um vício, de uma palavra dura. Nosso primeiro impulso – a gente diz, “natural” (será que é?) – é deixar ali, e julgando: “Ele merece”, ou até, mais cruel, “Bem-feito, que se vire…”

Mas o conselho da sabedoria divina diz o contrário: AJUDE-O A SE LEVANTAR, mesmo que isso doa em você (honra da família?), mesmo que você tenha feito tudo para que tal coisa não acontecesse (eu falhei?).

JULGAR COM O CORAÇÃO é exatamente isso: ver a fraqueza do outro e responder não com condenação, mas com cooperação.

O mesmo texto da Palavra continua: “Afasta-te da falsidade e não mates o inocente e o justo.” (Êx. 23:7). Dentro de casa, “matar o inocente” pode significar MATAR A ESPERANÇA do outro com palavras frias, sarcasmo ou indiferença.

A verdadeira justiça familiar nasce quando transformamos o julgamento em AJUDA.

Em vez de dizer “você errou de novo”, dizer “vamos tentar juntos”. Não é passar a mão na cabeça — é levantar aquele que caiu, o “jumento” caído, com firmeza e amor.

O lar se torna, então, o primeiro templo da justiça divina: lugar onde a VERDADE NÃO HUMILHA, E O AMOR NÃO SE CANSA.

Julgar menos, amar mais — e quando for preciso discernir, fazê-lo de braços abertos, e não apontando o dedo.

A verdadeira justiça começa onde o AMOR E A VERDADE se encontram.

Talvez o maior exercício espiritual não seja o de orar e rezar mais, mas de JULGAR MENOS — e, quando for preciso DISCERNIR, fazê-lo COM OLHOS DE BONDADE.

A grande verdade aqui é: Quem aprende a JULGAR COM O CORAÇÃO dentro de casa, transforma o mundo fora dela.

Rev. Rudi A. Kruger – Faculdade de Teologia Uriel de A. Leitão – rudi@doctum.edu.br

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