COLUNA ABRINDO O JOGO

Mais uma vez, recebi com enorme orgulho o convite/missão do Diário de Caratinga para participar da edição especial de aniversário da nossa cidade. O tema proposto pela redação é popular e gosto muito. Aliás, não vivo sem. Porém, será que café tem alguma coisa a ver com futebol? É o que iremos descobrir nessa coluna AJ especial de 177 anos de Caratinga.

 

Café com futebol

Segundo o livro ‘Memória Esportiva’, obra do saudoso mestre Nelson Souza e do grande professor Monir Ali Saylgi, a primeira partida de futebol entre dois times de Caratinga que temos registro, aconteceu no longínquo 21 de Junho de 1916, uma quarta-feira, às 15h, disputada no chamado Largo da Barreira (atual praça Cesário Alvim, praça das Palmeiras). Como se tratava de uma semana comemorativa, dos 68 anos da cidade, não foi difícil reunir os times do Gimnasyal x Sport (que mais tarde em 1917 se tornaria o Esporte Clube Caratinga). O Gimnasyal venceu por 1 a 0. Mas, o que isso tem a ver com café, o tema proposto pela redação do jornal? A resposta é tudo.

 

Café Futebol Clube

 

Não é novidade pra ninguém que Caratinga e região tem sua economia baseada no agronegócio. A cultura do café é responsável pela enorme maioria desses negócios desde os primórdios da nossa sociedade. Em resumo, se o café tem boa produção e preço bom todos ganham: comércio de carros, construção civil, eletros, móveis, roupas e por aí vai. Quando o assunto é futebol, não é diferente. Ao longo desses anos, muitos foram os times que conquistaram títulos, tendo algum produtor de café “patrocinando”. Material esportivo, doação de terrenos para construção de campos, emprestando ônibus e caminhão para transportar jogadores e torcida. Alguns, mais apaixonados por futebol, garantiam o “bicho” dos principais jogadores pagando ainda no vestiário.

O futebol amador, com o passar dos anos foi necessitando cada vez mais desse patrocínio. Afinal, para montar um time capaz de ser campeão, era preciso investir nos melhores jogadores. Esses, custariam um pouco mais por jogo. Além disso, muitos dos cafeicultores, com ambições políticas, sabiam que o futebol era grande palanque. Assim, não mediam esforços para montar um time campeão. Desse jeito, uniam o útil ao agradável, paixão por futebol e aspiração política.

 

Copa Distrital: Exemplo da força do café

Criada em 1984 no governo do saudoso Anselmo Bonifácio, “Dr. Fabinho”, pelo também saudoso Otávio Cirilo, a Copa Distrital é sem dúvida a competição de futebol que mais teve e ainda tem influência do café. Alguns dos campeões, ao longo da história, só conquistaram a taça porque contaram naquele momento com enorme apoio e patrocínio de algum produtor de café. Não é exagero afirmar, na lista de todos os campeões, todos de alguma forma contaram com esse apoio. Tomo a liberdade de destacar dois deles: Vasquinho de Cachoeira Alegre em 2002, com apoio incondicional do Paulinho do Dico, atual vice-prefeito de Santa Rita de Minas, um apaixonado por futebol, figura marcante ao longo de décadas na região. Paulinho foi o principal financiador do time naquela conquista.

2018, o Força Jovem dos Catitas, do distrito de Santa Luzia, levantou a taça. Esse triunfo tem nome e sobrenome, senhor Zé Grimaldo é sem dúvida o grande responsável por esse título. Fora de campo o “dono do time” a beira do gramado, demonstrou conhecimento na formação do elenco.

Espero humildemente, ter conseguido explicar a forte ligação histórica entre a cultura cafeeira da nossa região, e o nosso futebol amador. Afinal, tá aí duas coisas que tenho absoluta certeza que muitos assim como eu amam, café e futebol.

 

Rogério Silva

@rogeriosilva89fm

abrindoojogocaratinga@gmail.com