O dia 7 de setembro de 2025 marca mais um aniversário da Independência do Brasil, em meio a tensões recentes com os Estados Unidos e à crescente aproximação no BRICS. Portanto, a data nos leva a aprofundar reflexões sobre soberania, democracia e os rumos que o país deseja trilhar no cenário global.
Este ano, a comemoração ganha contornos ainda mais simbólicos: o Brasil acaba de sediar a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, ocorrida em 6 e 7 de julho de 2025, com foco em reformas globais, e reforça seu papel de liderança no chamado Sul Global. Isso me leva a pensar sobre uma participação que pode ser vista como uma renovação do espírito de independência.
Isso significa que as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros trouxeram novos desafios diplomáticos, exigindo também equilibrar a relação histórica com os EUA. Pode-se dizer que existe aí uma busca do Brasil por maior autonomia dentro de blocos como o BRICS.
Nesse contexto, a independência deixa de ser apenas um marco histórico e se transforma em um convite para pensarmos sobre o futuro: se a independência foi o marco do nascimento de um Brasil soberano, como avaliar, hoje, a possibilidade de consolidarmos uma “nova independência” — seja econômica, tecnológica ou diplomática — diante da disputa de influência entre BRICS e EUA?
Para nos esclarecer, contei com a elaboração das questões por parte de José Horta (Diário de Caratinga) e com as respostas sábias do professor Dr. Lier, que sempre se disponibiliza a nos ajudar. Vejam abaixo:
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Qual o papel do Brasil em uma eventual reconfiguração da ordem mundial, tendo de um lado os EUA e de outro o bloco emergente representado pelo BRICS?
O papel do Brasil na reconfiguração da ordem mundial é complexo e multifacetado. É certo que o país não é (e nem almeja ser) um líder hegemônico como EUA ou Rússia, mas atuar como um pivô global, uma expressão do Sul Global, em especial da América Latina, atuando como defensor político-diplomático de uma ordem multipolar.
O fortalecimento do BRICS representa uma alternativa ao sistema financeiro internacional liderado pelos EUA?
Sim, com certeza o fortalecimento dos BRICS representa uma alternativa em construção ao sistema financeiro internacional liderado pelos EUA. Todavia, é importante ter em mente que os BRICS e seu banco de desenvolvimento agem de modo complementar e reformista, e não de modo antagônico. No mérito, o objetivo principal dos BRICS não é destruir o sistema atual, mas criar opções que reduzam a dependência dos países periféricos e forcem sua reforma.
Como a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS) impacta a dependência do Brasil em relação a instituições financeiras ocidentais, como FMI e Banco Mundial?
A criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como “Banco dos BRICS”, impacta a dependência do Brasil e demais nações do Sul Global em relação ao FMI e ao Banco Mundial de maneira significativa, porém matizada. No mérito, ele não elimina essa dependência, mas oferece alternativas estratégicas e, portanto, maior poder de barganha aos países periféricos.
Até que ponto a agenda ambiental aproxima ou afasta Brasil e EUA em comparação com a agenda de desenvolvimento do BRICS?
A agenda ambiental funciona como um eixo de alinhamento dinâmico e instável entre Brasil e EUA, tendo como base os titulares circunstanciais do poder. Assim, por exemplo, no governo Bolsonaro a tutela ambiental refluiu, como reflui agora no governo Trump. Governos mais democráticos, como Biden e Lula, tendem a ser mais ambientalmente protetivos. Quanto aos BRICS, ela é frequentemente um eixo de convergência pragmática, mas com tensões subjacentes, em especial pelo fato de que, por diferentes razões, Brasil, China e Índia – bem como a Indonésia – estão entre os maiores poluidores globais.
O comércio de commodities brasileiras (soja, petróleo, minério de ferro) é mais dependente dos EUA ou dos parceiros do BRICS?
Hoje, em particular após o “tarifaço” de Trump, os mercados dos parceiros BRICS são vitais para o Brasil. Cada vez mais a a balança comercial de commodities do Brasil pende decisivamente para o bloco BRICS, em particular para a China.
Como a diplomacia brasileira pode equilibrar sua posição entre a tradição de alinhamento com os EUA e a busca por maior autonomia dentro do BRICS?
Sumariamente, podemos dizer que a diplomacia nacional vem buscando maximizar os benefícios de ambos os relacionamentos, mitigando os riscos de dependência excessiva de qualquer polo. No mérito, desde os anos 1960, com algumas fraturas, o Brasil adota uma política universalista e pragmática, que procura conquistar novos parceiros e mercados, mas sem qualquer ruptura com os EUA.
Como a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos influencia a postura brasileira dentro do BRICS?
Ela refreia o ímpeto de muitos segmentos da sociedade, que desejaria que o Brasil ingressasse nas cadeias produtivas da Ásia, China adiante, quiçá nossa única possibilidade de desenvolvimento e nova inserção internacional nessa primeira metade do século XXI.
De que forma a parceria comercial entre Brasil e EUA pode ser afetada pela ampliação e maior protagonismo do BRICS?
Como dito anteriormente, essa ampliação e protagonismo tende a diminuir nossa dependência histórica em relação aos EUA. Todavia, o Brasil não quer e não pode abrir mão da relação com a América, cuja economia, finanças e dimensão sociopolíticas ainda são muito relevantes para nosso país.
Qual é a importância estratégica do Brasil para os EUA no contexto da América Latina diante da crescente influência da China no BRICS?
Como disse o próprio presidente Trump, a América Latina – Brasil inclusive – não são vitais para os EUA, que, aqui, atua como potência hegemônica. Todavia, Trump está errado ao pensar que o Brasil é um refém plácido à hegemonia estadunidense. Embora muito importante, como dito acima, os EUA já não possuem mais a relevância de outrora e a resistência de países como Brasil e Índia, outra “vítima” do “tarifaço”, escancaram os limites do poder americano.
O Brasil corre o risco de sofrer pressões ou retaliações dos EUA ao estreitar laços com Rússia e China dentro do BRICS?
Sim. Não apenas sofre o risco como já está sofrendo concretamente com múltiplas retaliações. Nesse contexto, embora o fator Eduardo Bolsonaro seja real – e uma eventual condenação do ex-presidente junto ao STF possa complexificar ainda mais essas ações intervencionistas -, é certo que a proposta de desdolarização ensejada pelos BRICS, bem como a busca pela regulamentação responsabilizadora das “big techs” no Brasil, estão no cerne dessas pressões e retaliações. O clã Bolsonaro exerce influência, é certo, mas o peso dessa influência é muito menor do que propalam. O peso dos BRICS, por exemplo, é infinitamente maior.
Como o senhor analisa as ações do presidente Donald Trump contra o Brasil? Elas têm caráter predominantemente ideológico ou econômico?
São medidas nitidamente políticas e ideológicas. O Brasil é deficitário no comércio bilateral com os EUA. As questões centrais, como apontei, são as relações do Brasil no âmbito da coalizão BRICS e a busca pela regulamentação responsabilizadora das “big techs” em nosso país. Se a melhor regulamentação vier a ser aprovada pelo congresso, Fake News e discursos de ódio tenderão a diminuir significativamente.

Muito obrigada, Professor Lier e José Horta! Gostaria de contar sempre com a ajuda de vocês para abrilhantar meu texto, que tem como objetivo esclarecer o que está acontecendo no Brasil e no mundo.
Chegamos ao fim desta conversa no dia 7 de setembro e concluímos que o Brasil conquistou sua independência em 1822 e que hoje, em 2025, diante dos desafios internacionais, precisamos ainda mais falar e lutar pela SOBERANIA NACIONAL. O Brasil vive uma espécie de “nova independência”, voltada para a autonomia econômica, tecnológica e diplomática.
A verdadeira independência do Brasil é projetar sua voz no mundo e garantir que o país tenha lugar de protagonismo entre potências como os EUA e o BRICS.
Nesse 7 DE SETEMBRO DE 2025, temos a certeza de que o BRASIL TEM FORÇA, TEM POVO E TEM FUTURO PARA CAMINHAR DE CABEÇA ERGUIDA NO MUNDO.
PAZ E BEM!