O assunto Maçonaria, provavelmente, seja um dos temas que mais envolvem sentimentos e percepções totalmente opostos. E, provavelmente, o motivo central seja o popular e tão falado “segredo dos maçons”, que se junta às questões religiosas, gerando, assim, uma série de lendas, mitos e controvérsias em relação à instituição.
O fato é que a maçonaria, ao longo da sua história, é aplaudida e respeitada por muitas pessoas e, paralelamente, é motivo de críticas e despeito de tantas outras. Inclusive, algumas instituições religiosas declaram abertamente seu repúdio à instituição.
Mas o que é a maçonaria? Podemos defini-la da seguinte forma: a maçonaria é uma instituição filosófica, filantrópica, educativa e progressista; respeita todas as crenças, seus membros acreditam em um ser superior, entretanto, a maçonaria em si não é uma religião.
Em sua base, possui os seus princípios. Entre eles, destacam-se a liberdade, igualdade e fraternidade. Além disso, a maçonaria tem como objetivo a busca pela verdade, o constante exame da moral e a prática das virtudes e bons costumes.
A maçonaria é uma das instituições civis mais antigas da humanidade em funcionamento até os dias atuais. Sua história está interligada a vários momentos marcantes da história da humanidade. Registros mostram que, desde a Idade Média — e de forma oficial, através das guildas e/ou corporações de ofícios — homens se reuniam em busca de proteção e aperfeiçoamento. E, dentro deste contexto, a maçonaria vem evoluindo, se desenvolvendo e se espalhando pelo mundo, com presença em vários países e milhares de cidades.
Em Caratinga, a história da maçonaria começou no dia 14 de agosto de 1912, com a criação da Loja Maçônica Caratinga Livre. João Evangelista Azeredo Coutinho, que fazia parte do quadro de maçons da Loja União de Manhuaçu, liderou um grupo de homens abnegados que fundaram a primeira loja maçônica de Caratinga. Vale ressaltar que, na nossa região, a maçonaria já se fazia presente na vizinha cidade de Manhuaçu desde 1º de fevereiro de 1898. Portanto, a Loja União de Manhuaçu é considerada a loja-mãe da maçonaria caratinguense.
Desde a sua fundação, em 1912, a Loja Maçônica Caratinga Livre funciona no mesmo endereço, localizada no centro da cidade de Caratinga. O terreno foi doado pelo próprio João Evangelista Coutinho, portanto, um dos pioneiros da implantação da maçonaria em Caratinga.
O fundador e doador do terreno, João Evangelista, nasceu em 17 de março de 1868. Tornou-se um renomado farmacêutico na cidade, e sua formação acadêmica aconteceu na cidade de Ouro Preto. João Evangelista Coutinho é um homem que permanece na memória e lembranças da maçonaria caratinguense — enfim, um homem atemporal.
O prédio onde funcionam os trabalhos da Loja Maçônica Caratinga Livre passou por reformas e ampliações no decorrer do tempo. E passou a abrigar a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Caratinga, entidade que atua assiduamente atendendo centenas de crianças de Caratinga e região.
Mas a história da maçonaria em Caratinga segue ampliando suas trincheiras, com a fundação de outras lojas, sendo elas: a Loja Maçônica Obreiros de Caratinga, fundada em 17 de setembro de 1971; a Loja Maçônica Filhos da Acácia, fundada em 6 de março de 1980; e a Loja Maçônica Fraternidade Acadêmica, fundada em 3 de abril de 2007.
Ao longo desses 113 anos de história, muitas pessoas de destaque e influência na cidade pertenceram aos quadros de uma das lojas supracitadas, mostrando a força e o significado da entidade perante a sociedade.
Que a história da maçonaria em Caratinga continue pujante e que seus membros não esqueçam sua própria história e propósito. Afinal, a história não para — e, sem ela, corremos o risco de esquecer os propósitos.
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.
