Zoonoses no campo: entre a lida diária e os riscos invisíveis

A coordenadora do espaço, Larissa, destacou a importância da ação educativa aliada ao acolhimento

CARATINGA – No ambiente rural, onde o cheiro da terra molhada e o som dos animais fazem parte da rotina, nasce grande parte dos alimentos que abastecem as cidades. No entanto, junto à labuta diária, o trabalhador do campo enfrenta riscos muitas vezes silenciosos, como as zoonoses, doenças que se originam nos animais e podem ser transmitidas aos seres humanos. Em um cenário que exige atenção constante, o conhecimento e a prevenção tornam-se ferramentas essenciais de cuidado e proteção.

Foi com esse intuito que a Fazenda Experimental promoveu, no mês de maio, mais um encontro formativo voltado para a saúde no campo, com foco na zoonose. A ação integra um projeto iniciado em 2025, que promove reuniões mensais com temas voltados ao bem-estar de trabalhadores, estudantes e colaboradores da fazenda. A coordenadora do espaço, Larissa, destacou a importância da ação educativa aliada ao acolhimento. “Além de instruir sobre medidas preventivas, buscamos valorizar o trabalho realizado no campo e proporcionar momentos de integração entre todos que fazem parte dessa realidade.”

A atividade teve início com uma fala afetuosa de boas-vindas, lembrando que trabalhar no campo é tarefa árdua, mas essencial para a vida de todos. “Só quem está aqui, sob o sol, na lida diária, sabe das dificuldades e da beleza desse trabalho que alimenta o país”, pontuou Larissa. Em seguida, o professor Fábio Gardingo, do curso de Medicina Veterinária, conduziu uma palestra sobre a raiva, reforçando que os riscos não estão restritos aos animais de estimação. “Hoje, o problema não é mais o pet. Não temos registros de transmissão de raiva por cães ou gatos para humanos desde 2017. O maior risco vem da manipulação inadequada de herbívoros doentes e do contato com morcegos caídos, que podem estar infectados”, alertou o professor.

A estudante de Medicina Veterinária, Maria Eduarda Ferraz, enfatizou que levar informação até os trabalhadores é uma das formas mais eficazes de prevenção. “A raiva é uma zoonose grave, de difícil tratamento e alta letalidade. Por isso, a conscientização e a vacinação são fundamentais para garantir segurança a todos que estão em contato direto com os animais.”

O trabalhador rural Luciano da Silva também ressaltou a importância da ação. “A gente lida com boi, cavalo, carneiro, cachorro… Então é bom ter esse tipo de palestra, porque às vezes um animal está doente e a gente não sabe. Se tiver uma orientação certa, a gente evita se contaminar.”

O projeto, que já abordou temas como toxoplasmose e abrigo de animais abandonados, seguirá com encontros até novembro. Para Larissa, a iniciativa vai além da prevenção de doenças: “É um espaço de escuta, troca e valorização de quem faz o campo acontecer.” No dia 25 de maio, data em que se celebra o Dia do Trabalhador Rural, a ação ganha ainda mais significado. Por trás de cada alimento, há histórias de resistência, esforço e cuidado. E esse cuidado começa com quem cultiva a terra e que também merece proteção e reconhecimento.

 

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