Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credcooper faz resgate histórico, balanço da atualidade e destaca recursos financeiros para o produtor
CARATINGA- O presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credcooper Vagner Ribeiro recebeu a reportagem do DIÁRIO para fazer um panorama sobre a cafeicultura na região e os recursos financeiros que são ofertados ao produtor. A cooperativa tem um contato muito próximo com os associados, que são incentivados em concursos de qualidade de café e demais orientações no campo.
Qual panorama você faz da cafeicultura na região?
A cafeicultura em Caratinga e região começou por volta dos anos 60, com a chegada também a Caratinga dos empregados do antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café). Por aqui eles chegaram recém-formados, criaram famílias constituíram propriedades e incentivaram muito, principalmente, o plantio do café. Lá nos anos 60, uma das principais variedades que era cultivada era o mundo novo, café muito bom de paladar, qualidade e tinha um lado ruim, que os pés quando iam ficando muito velhos, ainda não existia aquela técnica da poda, da recepa, tão apurado como a gente vê hoje, eles ficavam muito grande. Era um dificultador, mas, era um café de grande produtividade e muita aceitação no mercado.
Essa evolução partiu de pessoas que motivaram o movimento na região…
Sim. As pessoas que passaram aqui, os técnicos, meu falecido sogro Antônio Pereira Mafra, da região de Santa Bárbara do Leste, foi um dos iniciantes do plantio de café na região. E com esse incentivo à produção, do governo, juros bem acessíveis das operações de crédito, deu um crescimento bem expressivo para a região. Hoje, Caratinga está inserida nos cafés das Matas de Minas, existe todo um diferencial do nosso café com relação a sabor, aos cafés especiais que estão sendo produzidos, de louvor mesmo e aplausos, tamanha a qualidade.
Na região de atuação do Sicoob Credcooper, quais são as perspectivas para a safra 2023?
Estamos desde Santa Bárbara do Leste até a região do Anta, São Domingos das Dores, temos Vargem Alegre aqui, uma região mais quente e nossa agência em Ipatinga, mas, que não tem produção de café. Nessa vertente que estamos inseridos, tem cerca de 160 milhões de pés cafeeiros plantados, algo estimado pela nossa parceira Emater e nosso pessoal técnico em 40 mil hectares plantados. É um volume muito expressivo para nossa região, temos uma previsão de safra atualizada na nossa microrregião de 750 a 800 mil sacas. Nesse momento, temos 40% da nossa colheita já iniciada na nossa região, aquelas regiões mais quentes já estão com a colheita mais adiantada; o pessoal a área mais fria atrasa mais um pouquinho, mas, é normal. Temos ainda uma estimativa que 20% da colheita anterior, do ano passado, está por se vender. São dados bem atualizados, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) traz uma estimativa a nível de Brasil de 57 milhões de sacas na colheita desse ano, maior que o ano anterior em 7,5%.
Quais variedades estão sendo produzidas na região?
Lá atrás começamos com a variedade mundo novo. Hoje, em Caratinga e região se planta muito o catuaí, dentro dele temos a variedade do 785 amarelo, um café mais precoce na maturação, de alta produtividade e também temos outra variedade sendo introduzida com bons resultados, que é o café arara, com estágio de maturação mais tardio. Então, esse blend, esse complemento, um com maturação mais antecipada, outro mais tardio, para o produtor, é algo muito bom porque dá tempo, principalmente no período de colheita, com escassez de mão de obra, com toda a dificuldade que enfrentamos no campo, também sou agricultor e passo por isso; essa diferença na maturação, esse encaixe das qualidades do café tem sido muito bom para Caratinga e região.
A cooperativa tem um contato direto com os produtores. Eles relatam algumas dificuldades enfrentadas na produção?
Tivemos chuva de granizo em algumas regiões, recentemente, isso trouxe alguns prejuízos. Uma situação particular que nos foi repassada também, um ataque maior de ácaro e daquela lagartazinha também em algumas regiões, trazendo prejuízos. Fomos alertados pelo pessoal da Emater que o período da formação e maturação, que ele passa para cereja e passa para secar está acontecendo de uma forma mais rápida, então, a Emater chama a atenção, porque se o café secar no pé existe uma perca de qualidade. No viés contrário disso, existe uma postura dos nossos cafeicultores, muito bacana, que é a busca pela qualidade. Hoje, muitos já estão conseguindo fazer os cafés especiais, os cafés de qualidade, isso tem sido destaque a nível nacional e internacional, chamado a atenção, principalmente dos compradores, quem está lá fora. Uma coisa que tem sido cobrado, não só essa produtividade com relação à qualidade, mas, o que nosso agricultor tem feito em contrapartida para o meio ambiente, isso é muito importante. A questão da sustentabilidade da nossa geração e da geração futura. Nossos cafés são diferentes na qualidade, excelentes no paladar e se destacando em relação ao mercado.
Como está o mercado?
Hoje, o lado financeiro, o mercado está reagindo. O mercado é muito volátil, qualquer interferência climática, política, econômica, afeta diretamente nos preços. Mas, hoje os preços praticados no mercado, de R$ 950 a R$ 1.000 o café de melhor qualidade, que a gente fala bebida. Preços razoáveis em relação ao que foi visto no passada, na safra passada tivemos preços de R$ 1.300 e pouco. Uma produtividade razoável, em média, em torno de 25 sacas por hectares, existe regiões que estão em Caratinga e região com uma produtividade maior, em torno de 40 sacas.
E quanto aos incentivos financeiros da cooperativa?
Hoje, somos quase 28 mil associados, desses, praticamente 4.900 associados que são agricultores, que são fomentados pelo Sicoob Credcooper com o incentivo financeiro, com nossos financiamentos, empréstimos, temos linhas de recursos repassados. Hoje, nossa carteira de crédito está em torno de R$ 432 milhões, no geral: R$ 219 milhões são de empréstimos rurais e dentro disso mais de 90% são de recursos repassados, que são aqueles recursos financeiros, que vem geralmente do Governo Federal com juros mais baratos, mais acessíveis. Temos o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), em torno de 5% a 6% ao ano, as operações de Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira). O que existe de melhor em recursos com relação a taxas de juros, as mais baixas, temos procurado trazer para Caratinga e região e aplicar. O desdobro disso tem sido muito interessante, porque, enquanto cooperativa, diferente do sistema financeiro, do mercado capitalista, o cooperativismo, uma filosofia completamente diferente, estamos proporcionando primeiro geração de renda, isso é muito importante. Vivemos um período de colheita, através do agricultor, gerando emprego e renda, cada agricultor, apesar de toda dificuldade em contratar a mão de obra, esse dinheiro é diluído, um pouco para cada um. Isso movimenta a economia, gera qualidade de vida para as pessoas. Ajuda a reter essas pessoas no campo.
Neste Dia Nacional do Café, qual sua mensagem?
A questão da sucessão no campo é muito importante, o estudo dos filhos, netos. Quem vais nos suceder nos nossos negócios, proporcionar isso com incentivo de tecnologia, gestão. As pessoas produzindo um café de qualidade, incentivando a produzir mais. Nesse Dia do Café, a gente sabe da importância da cafeicultura para a região, de maneira geral. Que cada agricultor, associado, receba nosso abraço, nosso carinho. Sicoob Credcooper está de portas abertas para receber, aqueles que desejam se associar. E o que estiver ao nosso alcance vamos incentivar a agricultura de forma geral. Temos o café como atividade preponderante, mas, não podemos esquecer do comércio, indústria, prestação de serviço. Enquanto cooperativa, o que pudermos proporcionar para nossos associados, estamos fazendo.