CARATINGA – O último sábado (1º) foi um dia histórico para Caratinga. O Tiro de Guerra do município comemorou 80 anos de fundação com uma cerimônia que também marcou a formatura da turma de 2025. O evento, realizado na sede da instituição, reuniu autoridades civis e militares, ex-instrutores de diversas regiões do país, familiares dos atiradores e representantes da comunidade.
Fundado em 1944, o Tiro de Guerra de Caratinga é uma das instituições mais tradicionais da cidade, símbolo de civismo, disciplina e formação de valores para gerações de jovens caratinguenses. A solenidade foi marcada por homenagens, reencontros e relatos emocionados de ex-atiradores e instrutores que ajudaram a construir essa trajetória de oito décadas.
Emoção e gratidão
O chefe de instrução de 2025, subtenente Leondre, destacou a importância do momento e o significado de liderar o TG em um ano tão simbólico. “O sentimento que eu sinto é de muita emoção e gratidão a toda a comunidade de Caratinga, que sempre nos apoia. O Tiro de Guerra está aqui há 80 anos cumprindo sua missão de formar o combatente básico de força territorial, mas também de formar o cidadão com valores e atributos morais. É uma data muito expressiva, que simboliza o compromisso da nossa instituição com a cidade”, afirmou.
Leondre lembrou ainda que o Tiro de Guerra caratinguense é referência nacional e que instrutores de várias partes do país — Amazonas, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Brasília — estiveram presentes para prestigiar o evento. “O instrutor faz a formação militar, mas também é um orientador de jovens. Esta experiência ficará marcada na nossa carreira. Sigo agora para uma nova missão em Marabá, no Pará, levando comigo as melhores lembranças de Caratinga”, completou.
Formação de caráter e cidadania
O prefeito Giovanni Corrêa ressaltou a relevância social e educativa do Tiro de Guerra para o município. “É uma honra para Caratinga ter essa instituição. Aqui é um centro de formação dos nossos jovens, um espaço que previne problemas futuros, porque trabalha o caráter, a moral e o civismo. O jovem que passa pelo Tiro de Guerra se torna um cidadão melhor, um profissional melhor e contribui para uma sociedade de mais qualidade”, afirmou.
Ex-instrutores e ex-atiradores celebram o legado
Entre os convidados especiais estava o tenente César da Silva Souza, que foi chefe de instrução em 2016 e 2017. Ele destacou o papel transformador do TG na vida dos jovens. “Para o jovem, é uma fase decisiva da vida. Aqui ele aprende valores que o tornam um cidadão de bem, um pai de família comprometido com seus princípios. Caratinga tem um Tiro de Guerra exemplar, que formou cidadãos que hoje são militares, bombeiros, reitores, e até figuras que chegaram a altos cargos da República. Isso mostra o quanto essa instituição é importante para o fortalecimento da nação”, pontuou.
O capitão da reserva Jocimar Custódio de Oliveira Eufrazio , que chefiou o TG entre 2004 e 2006, também compareceu e relembrou o período em que viveu na cidade.
“Só guardo boas lembranças de Caratinga. Cheguei aqui num momento difícil, logo após a enchente, e vi a força de recuperação do povo. Minha família viveu aqui, minhas filhas estudaram no UNEC e na Escola Jairo Grossi. Tenho muito orgulho de ter servido nesta cidade”, recordou.
Quatro gerações de tradição militar
Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia foi a presença do ex-atirador Izonete Moreira de Queiroga, de 94 anos, que serviu no Tiro de Guerra de Caratinga em 1949 e viu o neto se formar como atirador, representando a quarta geração da família a integrar a instituição. “Servi em 1949. Foi uma beleza, uma alegria na minha vida. Mudou a minha história o dia em que entrei no Tiro de Guerra. E ver meu neto se formando é uma felicidade imensa”, declarou emocionado.
O neto, formando da turma de 2025, expressou o orgulho de dar continuidade a esse legado. “É uma honra fazer parte da quarta geração da minha família a servir o Tiro de Guerra. Aqui aprendemos liderança, responsabilidade e convivência. É uma experiência que muda a forma de ver a sociedade”, disse o jovem, Henrique Neto.
Outro exemplo de tradição familiar veio de Jorge Henrique Gonçalves, que serviu em 1981. “Meu sogro, Sousa Neto, serviu em 1949; eu, em 1981; meu irmão, Leonardo, em 1998; e agora meu sobrinho, Henrique Neto, se forma em 2025. É um orgulho imenso ver essa história continuar”, relatou.
O Tiro de Guerra e o futuro
Com 80 anos de história, o Tiro de Guerra de Caratinga segue como referência na formação cívica e moral dos jovens. A solenidade de formatura da turma de 2025 reafirmou o papel da instituição como pilar da disciplina, do patriotismo e da construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com os valores do Exército Brasileiro.
“O Tiro de Guerra é mais do que um quartel. É uma escola de vida, que ensina o amor à pátria e o respeito ao próximo. São 80 anos formando cidadãos de bem, e esse legado precisa ser preservado”, resumiu o subtenente Leondre.







