Terras Altas do Caratinga conquistam paladar dos chilenos

Produtores locais ganham destaque internacional com cafés especiais

CARATINGA– Cafés produzidos nas montanhas da região de Caratinga, cruzaram fronteiras e conquistaram novos apreciadores durante a Expo Café 2025, realizada em Santiago, no Chile. O evento contou com um estande especial montado pela Embaixada do Brasil no país e trouxe como destaque o trabalho dos produtores da Associação das Terras Altas do Caratinga, com apoio da cafeteria chilena Kibou e da produtora Fernanda Sá, do Café Maricota.

“Foi uma grande oportunidade de a gente poder estar levando os nossos cafés”, celebrou Mauro Grossi, presidente da Associação. Ele conta que a participação na feira internacional nasceu de uma conexão especial: “A Fernanda, através do Café Maricota, já fazia uma comercialização de cafés torrados para o Chile, para uma cafeteria, a Kibou. Um dia, o Felipe, funcionário da embaixada, comprou o café e ficou encantado. Quando começou a conversa sobre a Expo Café, ele convidou a Fernanda e a cafeteria Kibou para o evento”.

A partir daí a ideia cresceu. Fernanda e a cafeteria parceira abriram espaço para que outros produtores da associação também participassem. “Achamos interessante ir mais além, levar também o nome da Associação Terras Altas do Caratinga e apresentar o que são esses cafés, como são feitos. A embaixada cedeu um estande e lá apresentamos, fizemos degustações e comercializamos nossos cafés”, detalhou Grossi.

O evento superou expectativas. “Foi uma coisa fantástica. Primeiro pela oportunidade dada pela Embaixada do Brasil. O consumo de cafés brasileiros no Chile aumentou 170% nos últimos cinco anos. Pela primeira vez, ficamos frente a frente com o consumidor, servimos nosso café num outro país”, comemorou.

Além da oportunidade de mercado, a recepção do público impressionou os produtores. “Foram centenas de pessoas passando pelo estande, provando os cafés, elogiando. Eles discutem os sensoriais, falam sobre acidez, doçura… Eles já conhecem e valorizam o café especial. Lá, eles usam a expressão ‘cafés de especialidad’. Isso ficou muito evidente para nós”, observou Mauro.

Uma história que começou em casa

A produtora Fernanda Sá, do Café Maricota, foi uma das protagonistas da jornada internacional. “A nossa propriedade é quase bicentenária e já produzia cafés de qualidade. Quando assumi, há cerca de sete anos, descobri que ali se produziam cafés especiais e mergulhei nesse universo, com apoio da associação”, contou.

Ela também relatou como começou sua conexão com o mercado chileno. “Um ano atrás, a cafeteria Kibou entrou em contato após indicação do meu café. A responsável veio ao Brasil, conheceu a propriedade e começou a comprar o Café Maricota. Com o tempo, o café ganhou espaço e consumidores no Chile. Quando recebi o convite, fizemos um projeto e fomos selecionados. Pensei: por que não apresentar também os cafés da nossa região? Precisamos mostrar ao mundo a qualidade das Terras Altas do Caratinga”.

Fernanda também teve uma missão especial na Expo Café: foi convidada a dar uma palestra sobre o processo produtivo. “Fiquei surpresa e com medo. Mas preenchi o formulário, fui selecionada junto com o Mauro, e demos a palestra. Contei desde o grão até a xícara. Eles ficaram hipnotizados, muitos nunca tinham visto um pé de café”, relatou, emocionada.

A experiência também marcou a vida do jovem Humberto de Sá, 13 anos, filho de Fernanda, que acompanhou a mãe viagem ao Chile. “Nunca tinha saído do Brasil. Foi especial. Vendemos muito bem os cafés, conseguimos reconhecimento e ajudamos a cafeteria Kibou, que também nos ajudou”, disse.

Para ele, o café já é parte da rotina familiar. “Lá em casa, a conversa é sempre sobre café. Problemas, soluções, prêmios, cafés fermentados… Isso desperta nosso interesse. A rotina virou paixão”.

A participação da Associação das Terras Altas do Caratinga na Expo Café 2025 no Chile reforça não apenas a qualidade dos cafés produzidos na região, mas também a força da união entre produtores. Como definiu Mauro Grossi: “Foi uma oportunidade de ouro, não só comercialmente, mas emocionalmente. Nosso café foi reconhecido, admirado, saboreado em outro país. Isso não tem preço”.