RENDA CURTA, CAMINHADA LONGA

Censo revela que caratinguense tem renda per capita abaixo do salário mínimo e vai a pé para o trabalho

CARATINGA – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados do Panorama do Censo 2022 referentes ao município de Caratinga. Os dados revelam informações sobre trabalho, rendimento, deslocamento e acesso à educação, traçando um retrato atualizado da realidade social e econômica da cidade.

Trabalho e renda: rendimento médio per capita é menor que o salário mínimo

O levantamento mostra que o rendimento domiciliar mensal per capita dos caratinguenses é de R$ 1.369,59, valor inferior ao salário mínimo vigente em 2025, de R$ 1.518.

Esse indicador representa quanto cada pessoa teria, em média, se toda a renda da casa fosse dividida igualmente entre os moradores. É composto pelos rendimentos de todos os trabalhos e, também, pelos rendimentos de outras fontes, que incluem aposentaria, pensão, benefícios de programas sociais do governo, rendimentos de aluguel ou arrendamento e outras origens e mostra o poder aquisitivo médio das famílias caratinguenses.

O dado revela que grande parte da população vive com renda abaixo do mínimo nacional, o que ajuda a compreender os desafios econômicos locais e as desigualdades de renda no município.

O IBGE também identificou diferentes posições na ocupação, incluindo trabalhadores com e sem carteira assinada, empregadores, autônomos e servidores públicos. Parte expressiva da população atua de forma formalizada, com carteira assinada ou CNPJ, mas ainda há uma parcela significativa na economia informal — realidade comum em cidades de porte médio como Caratinga, com forte presença do comércio, do setor de serviços e de pequenas indústrias.

Deslocamento: maioria trabalha e estuda no próprio município

No tema Deslocamento para trabalho e estudo, o Censo 2022 mostra que a maior parte da população trabalha e estuda dentro do próprio município, o que contribui para trajetos mais curtos e menor tempo de deslocamento em comparação com grandes centros urbanos. Essa característica reforça o perfil de Caratinga como uma cidade com vida profissional e educacional concentrada no perímetro urbano.

Ainda assim, há um grupo expressivo de moradores que se desloca diariamente para outras cidades.

Tempo de deslocamento: maioria leva até 30 minutos

O tempo médio de deslocamento até o trabalho é de até 30 minutos para a maior parte dos trabalhadores. Há, contudo, casos em que o percurso ultrapassa uma hora de trajeto diário.

As diferenças também aparecem por sexo e raça: mulheres tendem a trabalhar e estudar mais perto de casa, enquanto homens percorrem trajetos mais longos. O recorte racial mostra desigualdades persistentes no acesso a oportunidades e transporte adequado.

Segundo o IBGE, 39,18% dos homens e 42,08% das mulheres gastam entre 16 e 30 minutos no trajeto. Outros 32% levam de 6 a 15 minutos, enquanto cerca de 11% chegam em até 5 minutos.

Há, porém, quem enfrente percursos mais longos: 14% dos homens e 13% das mulheres levam de 31 minutos a 1 hora, e cerca de 2% de cada grupo ultrapassam uma hora de deslocamento diário — especialmente entre quem depende de transporte público ou mora em áreas mais afastadas.

Meios de transporte: 38,5% vão a pé, mas quase metade usa veículo motorizado

O Censo revela que o modo mais comum de deslocamento entre os trabalhadores de Caratinga ainda é a pé, utilizado por 38,5% da população ocupada. No entanto, quando somados, os deslocamentos de carro (25,24%) e motocicleta (21,9%) representam 47,14% dos trajetos diários, demonstrando que quase metade dos trabalhadores depende de algum meio motorizado para chegar ao emprego. O transporte coletivo aparece com menor participação, o que indica dependência de veículos particulares e limitações na oferta de transporte público.

O estudo também mostra um recorte por raça que evidencia desigualdades: entre os que vão a pé, estão 51,91% das pessoas pretas e 43,55% das pardas, contra 35,68% das brancas.

Já o uso de automóveis é mais comum entre pessoas brancas (33,75%), enquanto apenas 16,6% das pessoas pretas e 25,06% das pardas se deslocam dessa forma. A motocicleta é o segundo meio de transporte mais utilizado, com 24,24% das pessoas brancas; 20,95% das pretas e 23,98% das pardas. O ônibus, por sua vez, representa 10,54% dos deslocamentos entre pessoas pretas, 7,4% entre pardas e 6,33% entre brancas.

Educação e deslocamento para escolas e creches

O levantamento também mostra o local das creches e escolas frequentadas por crianças e jovens, com recortes por sexo, raça e faixa de rendimento. A maioria dos estudantes frequenta instituições dentro do próprio município, o que demonstra a importância da rede municipal de ensino. Entretanto, parte dos alunos se desloca para outras cidades em busca de formação técnica, ensino médio integral ou cursos superiores.

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