MORRE STAEL ABELHA, A MISS DE CARATINGA

Stael Abelha estampava capas de revista como Miss

CARATINGA- Faleceu aos 82 anos, na manhã desta terça-feira (30), vítima de parada cardíaca, a caratinguense Stael Abelha, que fez história como Miss Brasil em 1961. Stael foi a primeira mineira a receber o título.

Segundo familiares, Stael travava uma longa luta contra o Alzheimer e morava com a filha Maria Augusta em Brasília.

O DIÁRIO traz uma reportagem especial sobre Stael Abelha, a partir de depoimentos de amigos e admiradores. Stael foi lembrada em Caratinga pelo professor Hélio Amaral, que lançou o livro biográfico “Miss Stael” e pelo cartunista Edra, que a homenageou em uma exposição e uma caricatura.

 

“ERA O ROSTO MAIS BONITO DE TODAS AS MISSES DO BRASIL”

Hélio Amaral destaca a repercussão de Stael, quando revelada para o País como Miss. “Lá no Rio, perguntei para várias pessoas, entrevistei e eles falavam algumas coisas interessantes a respeito dela. Ela é conhecida no Rio de Janeiro, muito. Uma das coisas que me falaram que gravei bem é que Stael Abelha era até baixinha, ela não era muito alta, 1,60 ou 1,65; mas, ela tinha uma característica que ela tinha que ser famosa. Era o rosto mais bonito de todas as misses do Brasil, que já passaram pela nossa história”.

Ele se recorda da relevância do título, já que Miss Brasil era na década de 60 um fato tão importante como ganhar uma Copa do Mundo. “Era um fato extraordinário, todo mundo falava, ela levou nossa cidade para o Brasil inteiro e isso é muito importante, acho até que Caratinga nunca avaliou bem esse fato. Gostaria de lembrar que a Stael Abelha morava numa parte de rua que toda a elite de Caratinga estava presente, ela morava ali onde hoje é o Hotel Vinds. A família dela não era rica, era uma família modesta, era um casarão, mas, modesto. O pai era Álvaro e a mãe Glorinha Abelha e a rua inteira era famosíssima, porque estava ali na esquina o Coronel Rafael Silva Araújo, ao lado da casa da Stael o Leonel Fontoura, dono do jornal O Município e depois, em seguida, você caminhando, ia encontrar um pouco lá em cima o grande estadista de Caratinga, que foi Ludgero Alves. Ela representava a Caratinga do seu esplendor à época”.

O retorno a Caratinga após o concurso se deu na festa da cidade, em 24 de junho. Uma grande comemoração, como relata Amaral. “Me lembro bem de um fato contraditório. A cidade de Caratinga recebeu a Stael Abelha no aeroporto e praticamente a comitiva que foi buscá-la até a cidade estava repleta de gente, inclusive entrevistei o motorista contando que a estrada do aeroporto aquela época até o centro de Caratinga ainda era toda empoeirada, não era asfaltada e a maravilha que foi o desfile de Stael Abelha, ali onde foi o Cine Brasil. Um dos componentes da Polícia, que acompanhou Stael era o marido da Célia Bomfim. Foi maravilhoso. E eu naquela época estava preparando para ir para a Itália, porque os padres me enviaram para estudar na universidade de Roma. 1961 foi um ano brilhante e cheio de história. Foi o ano da renúncia do Jânio Quadros. Para nós hoje falar da Miss Brasil é difícil porque nós não imaginamos o quanto era importante esse evento”.

Mas, Stael largou tudo, quando se apaixonou e renunciou à vida de Miss para se casar, como destaca Hélio. “Ela foi estudar Direito em Vitória, 1961. Na época Caratinga não tinha curso universitário, depois a cidade lutou para fazer uma universidade que chamaria Universidade de Caratinga. E quando ela foi Miss Brasil, em Belo Horizonte, na Pampulha, ela se enamorou pelo Múcio Athayde, um magnata que era deputado estadual de Minas Gerais. A dona Glorinha Abelha, mãe dela, era a favor desse casamento, então, Stael acabou se casando com ele em 1973, lá na Igreja de São José, em Belo Horizonte, um casamento muito bonito e muito político, com personalidades. Depois do casamento ela foi morar no Rio, numa mansão. Quando Stael voltou dos Estados Unidos, onde fez o concurso para Miss Universo, renunciou ao título de Miss Brasil. Ela não perdeu o título, mas, perdeu as regalias e obrigações. Por exemplo, era uma obrigação ela visitar o Brasil inteiro. Se ela não tivesse renunciado, teria passado um ano falando de Caratinga, mas, o amor falou mais alto, ela casou e teve uma história de certa maneira complicada também para Caratinga”.

Anos depois, o professore Hélio Amaral esteve com Stael. Além do livro biográfico ele continuou pesquisando sobre ela. “Encontrei com ela, conversei com ela, tirei fotografia. E a Stael sempre muito dócil, meiga, ela só falava bem da vida. Eu conto essa história no livro Miss Brasil. Escrevi algumas coisas num livro que escrevi durante a pandemia, que eu não pude fazer um lançamento maior, que se chama “O Leste de Minas”. Tenho um capítulo sobre a Stael, conto mais alguma coisa sobre ela”.

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