CARATINGA – Morreu neste domingo (7), o professor José Lacerda da Cunha. O falecimento aconteceu em Recife (PE), mas a família decidiu realizar velório e sepultamento em Caratinga. O velório está previsto para começar na manhã desta quarta-feira (10) no salão da Loja Maçônica Caratinga Livre, situado à rua Raul Soares. O sepultamento está marcado para a tarde do mesmo dia.
Nesta matéria, um pouco da história do Professor Lacerda e também uma homenagem feita por seu eterno aprendiz Noé Comemorável Neto.
Biografia
Nascido em 22 de março de 1938, em Lima Duarte (MG), o Prof. Lacerda iniciou seus estudos no Seminário Menor Santo Antônio, em Juiz de Fora e, seis anos depois, cursou Filosofia no Seminário Maior, em Mariana e fez da docência o seu sacerdócio.
Consolidou-se como um profundo conhecedor da língua portuguesa, das literaturas brasileira e portuguesa, além de dominar o Latim e o Francês. Formado em Letras e Filosofia, a sua história se confunde com a da Fundação Educacional de Caratinga, onde atuou por mais de 50 anos.
Membro da Assembleia da Funec, Professor Lacerda lecionou diversas disciplinas ao longo de sua carreira, entre elas Português, Francês, Inglês, Latim, Filosofia, Sociologia, Psicologia, Matemática, Estatística, Desenho Geométrico e das Literaturas Brasileira, Portuguesa, Latina, Francesa e Espanhola.
Escritor, membro fundador da Academia Caratinguense de Letras, homem de notório saber e patrimônio do Conhecimento, o professor José Lacerda da Cunha deixará saudades.
Nossos sentimentos aos seus familiares – de maneira muito especial aos seus filhos Emerson, Dra. Viviane e Dr. Anderson Lacerda -, e aos professores, alunos e colaboradores da Funec.
Dr. Armando Arreguy Silva – presidente da Funec
Prof. Sanderson Dutra Rocha Gouvêa – Diretor Executivo da Funec
DECOM- Departamento de Comunicação da Funec
SARAU CELESTIAL
Era 7 do 7, na aurora Celestial se ouviu o cântico dos anjos. O convite, feito em bom latim, anunciava majestosa festa que se organizava.
O próprio Senhor do espaço/tempo se incumbiu de fazer grande sarau, para receber um amigo sem igual.
O cântico ainda ecoava é já se via Guimarães abrindo veredas para chegar de mansinho ao encontro esperado.
No palco, Camões prepara um teatro cômico, a fim de agradar o convidado.
No horizonte, via-se Jorge Amado velejando em mar morto, trazendo cravo e canela para perfumar o festival.
Florbela Espanca estava preparada para declarar seu fanatismo ao professor sem igual.
Era a chegada de Lacerda ao plano espiritual.
Lá já se encontrava ansiosa Terezinha, sua amada, abraçada à D Miriam, sua madrinha.
Drummond, nem reparou a pedra no caminho e se apressou para chegar.
Machado trouxe Brás Cubas e Quincas Borbas para festejar.
Saramago, inovou. Deixou de lado a cegueira e fez um ensaio sobre a luz.
Enquanto Cora, papeava com Clarice, sobre Aninha e suas pedras, nas terras de Vera Cruz.
Raquel, trouxe consigo Maria Moura, para agradar aquele a quem tanto admiravam.
O grande José Lacerda chega ao céu e por todos é festejado.
Fernando Pessoa guarda o rebanho e vem ficar ao seu lado.
Das esferas superiores, ouve-se uma voz “Bienvenue mon fils!” Exclama o próprio Deus.
Hoje, fez-se festa. Tem sarau no céu, pois chegou Lacerda, grande amigo fiel.
(Com enorme gratidão por cada ensinamento partilhado, uma singela homenagem de seu eterno aprendiz, Noé Neto)