CARATINGA – O encerramento da semana do Congresso Multidisciplinar UNEC 2025 foi marcado por uma noite de arte, sensibilidade e reflexão. Na sexta-feira (31/10), o Ginásio do Centro de Convenções FUNEC recebeu o monólogo “Visitando Camille Claudel”, com texto e direção de Ramon Botelho e interpretação de Adriana Rabelo. A apresentação, assistida por cerca de mil pessoas, trouxe à cena temas como apagamento feminino, machismo estrutural e saúde mental, emocionando o público com intensidade e delicadeza.
A peça narra a trajetória da escultora francesa Camille Claudel, artista genial cuja obra foi ofuscada pela figura de Auguste Rodin e pela exclusão imposta à mulher em seu tempo. No palco, Adriana Rabelo deu voz a uma Camille fragmentada, lúcida e ferida – símbolo da resistência feminina diante do apagamento histórico.
“Camille é um grito de tantas mulheres silenciadas. Interpretá-la é um mergulho em dor, força e poesia. É também uma forma de dar visibilidade a quem foi esquecida pela história”, declarou Adriana Rabelo.
Para o autor e diretor Ramon Botelho, o espetáculo é um convite à reflexão sobre os limites da arte e da própria condição humana. “O teatro nasce do desejo de diálogo. Quando falamos de Camille, falamos de todas as vezes em que o talento feminino foi negado. É sobre memória, justiça e humanidade”, afirmou.
A iniciativa foi uma parceria entre a FUNEC e a Prefeitura de Caratinga, por meio da Superintendência de Esporte, Cultura e Lazer, reforçando o compromisso com a democratização da cultura.
“Trazer um espetáculo dessa dimensão para Caratinga é promover cidadania. A arte também é cuidado, é transformação”, destacou o prefeito Dr. Giovanni Corrêa.
O superintendente Dayvid Tionas completou: “Queremos aproximar a população das expressões artísticas e fortalecer a cultura como espaço de diálogo e inclusão.”
Entre os presentes, o sentimento era de gratidão e encantamento. “Ver um espetáculo como esse aqui, no interior, é inspirador. A gente sai diferente, refletindo sobre o que é ser mulher e sobre a importância da arte”, comentou Isadora Carolina Drumond, aluna do 4º período de Pedagogia.
O vice-diretor da Escola Estadual Sinfrônio Fernandes, André Freitas, destacou o papel educativo do teatro: “O teatro é um instrumento poderoso de formação. Ele desperta empatia, pensamento crítico e abre espaço para debates que enriquecem a escola e a comunidade.”
Para o pianista e professor Wesley Marcos, a montagem uniu técnica e emoção em perfeita harmonia. “Cada gesto, cada pausa da Adriana carregava significado. É arte feita com entrega, e isso toca profundamente quem assiste.”
O diretor-executivo da FUNEC, Sanderson Dutra, ressaltou o valor simbólico do espetáculo no encerramento do Congresso. “A FUNEC entende a arte como parte essencial da formação humana. Essa noite reafirma nosso compromisso em unir conhecimento e sensibilidade.”
Já o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão, professor Eugênio Maria Gomes, completou: “O UNEC acredita que a educação vai além da sala de aula. A arte educa, transforma e amplia horizontes.”
Após o espetáculo, o público pôde conversar com a atriz, o diretor e professores do UNEC onde foram compartilhados bastidores e reflexões sobre o processo criativo e as temáticas do monólogo. Já no dia seguinte (01), a inspiração subiu ao palco mais uma vez. Em parceria com a Casa Viva Meraki, Adriana Rabelo e Ramon Botelho conduziram uma oficina de teatro no Espaço Cultural FUNEC, reunindo 25 participantes em uma vivência prática sobre corpo, voz e interpretação.
“A oficina foi um momento de troca. O teatro acontece na escuta e poder partilhar isso com novos artistas é continuar o que Camille Claudel mais queria: ser compreendida pela arte”, concluiu Adriana.
Com uma mistura de emoção, beleza e reflexão, o espetáculo “Visitando Camille Claudel” encerrou a semana do Congresso UNEC 2025 de forma memorável, reafirmando que a arte, quando encontra o público, transforma o olhar e renova o sentido de humanidade.















