FAO aponta bancos de alimentos como modelo de combate à fome

Representante adjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Gustavo Chianca

 

CARATINGA– Erradicar a fome até 2030 é uma das maiores metas globais assumidas pela comunidade internacional. Mas, segundo o representante adjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Gustavo Chianca, o desafio ainda é gigantesco.

“A FAO é uma agência das Nações Unidas que já tem 80 anos e foi criada logo após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo e o mandato de combater a fome, a insegurança alimentar e trabalhar pela agricultura”, explicou Chianca. Desde sua fundação, a entidade atua para promover uma produção de alimentos capaz de suprir a necessidade mundial e, assim, erradicar a fome.

Desafios antigos e novos

Entre os principais obstáculos, Chianca destaca a necessidade de crescimento econômico dos países, a valorização da agricultura familiar e a promoção do comércio local de alimentos. Mas os tempos atuais também trouxeram novos fatores de risco.

“Temos novos desafios contemporâneos, que são os conflitos, que causam insegurança alimentar porque as pessoas deixam de produzir e precisam se alimentar. Temos também as crises climáticas, que trazem destruição da produção de alimentos, forçando produtores a abandonarem suas terras. E ainda enfrentamos as doenças, como a Covid, além da desigualdade, que impede milhões de pessoas de terem acesso ao básico”, enumerou.

Os números impressionam: hoje, 632 milhões de pessoas no mundo passam fome. “Não é insegurança alimentar, é fome. São aquelas pessoas que não comem pelo menos uma vez por dia no ano, não porque estão fazendo regime ou por questões religiosas, mas porque simplesmente não têm o que comer”, alertou o representante da FAO.

Soluções locais contra a fome

Entre as estratégias para enfrentar a fome, Chianca ressaltou a importância dos bancos de alimentos. “São um grande exemplo, porque ajudam a evitar o desperdício. As pessoas que têm excesso de alimentos não desperdiçam, os produtores não desperdiçam, o comércio não desperdiça, e esses alimentos chegam a quem precisa. Ao mesmo tempo, há uma regulação e um acompanhamento desses alimentos”, explicou.

ODS e o compromisso global

A erradicação da fome até 2030 é uma das 17 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU. Trata-se do ODS 2, que prevê “fome zero e agricultura sustentável”.

Chianca reconhece que o caminho é desafiador, mas reforça a necessidade de engajamento global: “Estamos trabalhando para isso. É uma dificuldade muito grande, mas precisamos cada vez mais enfrentar esse problema com muito rigor”.

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