Evento celebra 20 anos de história, reúne artistas de 59 países e exalta o papel de Caratinga na valorização da arte e da cultura
CARATINGA – Caratinga viveu uma noite de arte, emoção e reconhecimento, na última terça-feira (21). A abertura do 20º Salão Internacional de Humor de Caratinga, realizada na Praça Cesário Alvim, foi marcada por homenagens, apresentações culturais e pelo anúncio dos vencedores das categorias de humor gráfico.
Mas o momento mais marcante da cerimônia foi a homenagem ao professor e escritor Eugênio Maria Gomes, que recebeu o título de “Destaque da Cultura Caratinguense”. A homenagem reconhece sua contribuição à educação, à literatura e à difusão cultural no município e na região.
Com 17 anos de carreira literária, 41 livros autorais e mais de 40 organizados ou escritos em coautoria, Eugênio é também doutor, mestre, professor, colunista e diretor geral da UNEC TV, além de pró-reitor e gestor educacional.
“Essa homenagem me emociona profundamente porque Caratinga é, de fato, o meu lugar de pertencimento. A cidade me acolheu e me deu a oportunidade de fazer da educação e da cultura a minha forma de servir. Receber esse reconhecimento em meio a tantos artistas é um presente que guardarei para sempre”, afirmou Eugênio Maria Gomes, visivelmente emocionado.
Durante a solenidade, a trajetória de Eugênio foi destacada como exemplo de dedicação à formação de leitores, à defesa da cultura e ao incentivo à produção literária. Ele se junta a um grupo de personalidades já homenageadas em edições anteriores, como Ziraldo, Agnaldo Timóteo, Míriam Leitão, Ruy Castro, Zélio, Marilene Godinho e Ivan Capúa.
20 anos de arte, humor e memória
Com o tema “Sonhos / Desafios – Esperanças / Realizações”, o Salão de Humor celebra duas décadas de história e consolida Caratinga como referência mundial em humor gráfico. A cerimônia de abertura contou com a exibição de cartazes históricos, relembrando a evolução do evento desde sua criação, em 2002.
O cartaz desta edição presta tributo ao traço de Ziraldo, autor da arte da 10ª edição, agora transformada em marca permanente de divulgação do Salão. Falecido em 2024, Ziraldo havia declarado ao criador do evento, Edra, o desejo de “fazer todos os cartazes até o fim da vida”.
“Dia Ziraldo” vira lei municipal
A celebração da arte também ganhou força institucional com a criação do “Dia Ziraldo” (24 de outubro), oficializado pela Lei Municipal nº 4007/24, proposta pelo vereador José Cordeiro a partir de ideia de Edra. A data passa a integrar o calendário oficial da cidade, prevendo intervenções culturais anuais em homenagem ao mestre caratinguense.
“Ziraldo é símbolo maior da criatividade e da liberdade artística. Transformar sua data em um dia oficial da cultura é perpetuar a memória de quem colocou Caratinga no mapa da arte mundial”, destacou o prefeito, Dr. Giovanni Corrêa, durante a solenidade.
“O Salão é um orgulho da nossa cidade, e ver a praça tomada por arte e alegria é a prova de que investir em cultura é investir em pessoas”, completou.
Alcance internacional e valorização da arte local
A edição 2025 do Salão reuniu 456 artistas de 59 países, unindo diferentes culturas pela linguagem universal do humor. China e Irã foram os países com maior número de inscritos (44 cada), seguidos por Turquia, Índia, Indonésia, Egito, Itália, Romênia, Bulgária, Espanha e Bélgica.
O Brasil foi representado por 172 artistas, vindos de quase todos os estados.
“É impressionante ver como o humor une povos e quebra fronteiras. O Salão é uma vitrine mundial, mas também uma forma de mostrar que Caratinga tem no DNA o amor pela arte e pela liberdade criativa”, afirmou Sanderson Dutra, diretor-executivo da FUNEC, instituição parceira e apoiadora do evento.
A FUNEC também recebeu, durante a cerimônia, o troféu de apoio cultural, como reconhecimento pelo incentivo à promoção artística e educativa na cidade.
Edra: 45 anos de Traços & Ideias
O idealizador do Salão, Élcio Danilo Russo Amorim (Edra), também foi celebrado pelos 45 anos de carreira dedicados ao humor gráfico. Criador do evento e curador do Festival Jal&Igual, Edra reafirmou o compromisso de seguir fortalecendo o intercâmbio artístico e a valorização dos talentos locais.
“O Salão nasceu de um sonho e sobreviveu graças à persistência, à parceria e à fé no poder transformador da arte. Cada desenho, cada caricatura e cada sorriso são uma forma de resistência cultural. E ver o Eugênio sendo homenageado aqui é muito simbólico (ele é um exemplo do que a cultura tem de mais inspirador)”, declarou Edra, emocionado.
Apresentações do Coral São João Batista, do cantor Dedéu e da artista Marilene Godinho encerraram a noite de abertura, que reuniu artistas, autoridades, educadores e o público em geral.
Cultura que transforma
Durante toda a semana, a Praça Cesário Alvim se transforma em uma grande galeria a céu aberto. As exposições e atividades do Salão convidam o público a viver a arte em sua forma mais acessível e humana.
“O humor é mais do que riso: é reflexão, resistência e sonho. E é esse espírito que faz do Salão uma celebração da vida”, concluiu Eugênio Maria Gomes.
