DO LIXO ELETRÔNICO À INCLUSÃO DIGITAL

Cônsul Renato Werner destaca projeto no Consórcio Cides-Leste

Caratinga firma parceria com consulado da Eslováquia

 

CARATINGA- Caratinga firmou parceria com o consulado da Eslováquia em Minas Gerais para destinação adequada de lixos eletrônicos e um projeto de inclusão digital. Os municípios que fazem parte do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Social do Leste de Minas (Cides-Leste) poderão aderir à iniciativa.

O cônsul Renato Werner foi recepcionado pelo prefeito Welington Moreira, o vice-prefeito Ronaldo da Milla e a secretária executiva do consórcio, Vânia Franco durante visita à cidade nesta quarta-feira (01/12).

Renato frisa que a Eslováquia tem ação na sustentabilidade e proteção do meio ambiente. “95% por exemplo de todo material que é recolhido é reciclado. E em parceria com o Instituto Brasileiro de Gestão Social, estamos trazendo para Caratinga um projeto de inclusão digital com geração de renda, que possui várias verticais e uma, por exemplo, é a de proteção ao Meio Ambiente, onde o projeto faz uma campanha junto à população para que o lixo eletrônico seja destinado de forma adequada”.

Ele explica que o lixo eletrônico produzido na cidade, que inclui equipamentos como celulares, tablets e computadores, o lixo eletrônico serão coletados nas cidades e poderão ser entregues à população em pontos de coleta. “Esse lixo é totalmente reciclado, de forma ambientalmente correta. Todo eletrônico possui metais como prata, até mesmo ouro, cobre ou alumínio, que são fornecidos novamente para a indústria. O mais importante desse projeto é que ele é entregue para a população com um curso de programação de computadores. Toda a população é alcançada com esse projeto, onde o instituto entrega o computador, a internet de alta velocidade e, o mais importante, viabiliza os cursos, desenvolvimento de aplicativos. Não tem limite, as pessoas de qualquer idade podem fazer esse curso e se formar como programadores de computador e desenvolvedor de aplicativos”.

Conforme Renato, no ano de 2020, o Brasil fechou com 50.000 vagas em aberto para programadores. Em 2021, a expectativa é de 70.000 vagas na área de T.I e, principalmente, para programadores. “É uma certeza de que todas as pessoas que se capacitarem, fizerem um curso, hoje possuem emprego praticamente garantido. Mais do que isso, as pessoas podem empreender também, então, quando o jovem, a mulher, o homem, eles ficam sabendo que este curso proporciona para eles não somente vagas de emprego, mas, a capacidade de empreender digitalmente, isso se torna muito atrativo e é por este motivo que estamos aqui em Caratinga”.

O projeto inclui ainda comunicação correta com a população, que em sua maioria, tem dúvidas sobre a destinação deste tipo de material. O Brasil é o 5° maior produtor de lixo eletrônico do mundo. “Acredito que praticamente ou quase todas as pessoas possuem em casa um celular velho, dentro de uma gaveta, sem se dar conta que aquele celular que está ali em algum momento será descartado de forma incorreta. E como o eletrônico possui metais pesados, que são altamente nocivos para o meio ambiente, isso gera um problema ambiental, só que muito mais do que isso, as pessoas não se dão conta que aquele equipamento eletrônico que está ali escondido, largado, esquecido, pode fazer a diferença na vida de uma outra pessoa”.

Portanto, o projeto dá um ressignificado para os eletrônicos, como avalia Werner. “Temos duas verticais, a de reciclagem, pois, o Brasil passa a ter com projetos como esse a conscientização da importância em reciclar os eletrônicos. Outra vertical muito importante é a reutilização desses eletrônicos. Aquele celular que às vezes não atende a uma pessoa pode ser a primeira oportunidade, o primeiro contato de outra com o mundo digital. É um viés, principalmente social, porque inclusão digital é inclusão social. E quando se dá a inclusão digital com a possibilidade de gerar renda, cria dentro desta economia circular resultados muitos positivos. Proteção ambiental, evolução e melhoria social”.

O prefeito Welington Moreira fez questão de explicar as dificuldades que os municípios do interior enfrentam em relação ao descarte de eletrônicos. “É um projeto de suma importância, em razão de que temos legislação já para exploração de metais no subsolo e solo, mas, não eletrônicos. Quando nos surgiu a oportunidade de conhecer o projeto e a possibilidade real de implantação dele em nosso município, achamos muito interessante porque hoje não temos também, assim como nenhuma outra cidade do nosso País, uma destinação adequada para esses lixos eletrônicos. Sabemos que a tecnologia já está tão avançada que praticamente a cada ano tem que se fazer a substituição dos projetos do ano anterior, o acúmulo é muito grande e é uma fonte muito importante de captação de recursos. Dentro de um aparelho eletrônico encontramos vários metais como ouro, alumínio, chumbo, que têm um valor muito superior a outros mais comuns de serem encontrados. É uma oportunidade que abraçamos para trabalhar que a implantação ocorra dentro de um tempo mais rápido possível”.

O chefe do executivo, que também é presidente do Cides-Leste, acrescenta que o projeto irá beneficiar toda a região. “Obviamente, em razão do consórcio abranger a uma grande gama de municípios, preferimos lançar esse projeto com todos, em especial Caratinga, microrregião composta por 13 municípios, que todos terão condições de participar de forma igual na cessão desses eletrônicos que já estão descartados nos seus municípios, das prefeituras e cidadãos. Entendemos que o trabalho em conjunto tem fruto muito maior do que o individual, por isso, decidimos chamar os municípios para apresentar o projeto. Tenho certeza absoluta que todos irão se adequar e todos sairemos ganhando com essa implantação”.

Narcélio Alves Costa, presidente do Colegiado dos Secretários Executivos dos Consórcios Intermunicipais de Saúde de Minas Gerais/ Agência de Políticas Públicas (Cosec-MG/APP) foi o responsável por articular a visita do cônsul a Caratinga e cita que os consórcios são ferramentas de gestão e fortalecimento regional. “Com esse intuito buscamos parcerias para ofertar serviços, tecnologias, técnicas, qualificações profissionais para os secretários executivos aportarem aos prefeitos municipais, principalmente os municípios de pequeno porte, que sabemos que tem muita dificuldade dentro da sua base com obtenção de novos serviços e mão de obra especializada. O colegiado fomenta esse tipo de ação, é uma entidade pública e dentro dessa perspectiva fizemos esse contato com a Eslováquia e apresentamos essa proposta. A Eslováquia é a maior detentora de tecnologia de reciclagem de lixo eletrônico, desenvolvemos um projeto de inclusão social com geração de renda”, finaliza.