Copasa: trabalhadores em Caratinga reagem à PEC que dispensa consulta popular sobre privatização

CARATINGA – Após a aprovação, em primeiro turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dispensa o referendo popular para a privatização de estatais mineiras como a Copasa, Cemig e Codemig, os trabalhadores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em Caratinga realizaram um movimento de mobilização na manhã desta terça-feira (28).

Durante o ato, foi realizada uma assembleia na Gerência Regional da Copasa em Caratinga, onde os servidores deliberaram pela deflagração de greve a partir da próxima terça-feira, 4 de novembro.

O diretor do Sind’Água, Fabrício Abreu Sereno, explicou que a decisão é uma resposta direta à tramitação acelerada da PEC e tem o objetivo de conscientizar a população sobre o impacto da medida.

“Após o resultado da votação em primeiro turno, nós deliberamos por fazer assembleias nas localidades que têm unidade da Copasa em Minas Gerais. Aqui em Caratinga, convocamos os trabalhadores para deliberar sobre o movimento de greve, e a categoria decidiu por aprovar a deflagração. É uma necessidade fazer essa greve para mobilizar a população, para que ela tome conhecimento do que está acontecendo”, destacou Sereno.

Segundo ele, a proposta aprovada pela Assembleia Legislativa representa um risco à participação popular nas decisões sobre o futuro das empresas públicas do Estado. “Existe o risco de ser retirado da Constituição de Minas Gerais o dispositivo que permite à população se manifestar sobre a privatização ou não de suas empresas estatais. É preciso que haja um debate, em que a sociedade tenha a possibilidade de entender o que está acontecendo e opinar se acha necessário vender uma companhia como a Copasa”, defendeu o sindicalista.

Fabrício criticou ainda a forma como o processo vem sendo conduzido na Assembleia, alegando falta de transparência e pressa excessiva na votação. “A gente entende que esse processo está acontecendo a toque de caixa. Está sendo feito muito rápido, sem a possibilidade de haver uma discussão séria e profunda em torno do tema. Na semana passada, a votação ocorreu em plena madrugada, de quarta para quinta-feira, sem a possibilidade de participação da comunidade”, ressaltou.

Apesar da aprovação em primeiro turno, o diretor do Sind’Água acredita que a mobilização pode reverter o cenário no segundo turno. “Ainda temos a possibilidade de virar esse jogo e conseguir que os deputados que votaram a favor da retirada do referendo reflitam e mudem o voto. É fundamental manter o dispositivo que garante ao povo mineiro o direito de decidir sobre a venda de empresas como a Copasa”, afirmou.

A greve estadual está prevista para começar no dia 4 de novembro, caso não haja avanço no diálogo com o governo de Minas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *