Câncer de colo do útero preocupa autoridades de saúde

Vereadora Neuza da Oncologia

Neuza da Oncologia anuncia inclusão de ginecologistas nas UBSs para ampliar prevenção

 

CARATINGA – O câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente entre as mulheres no Brasil, com estimativa de 17.010 novos casos anuais no triênio 2023–2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A taxa bruta nacional é de 15,38 casos por 100 mil mulheres. Em Caratinga, a situação segue a tendência nacional e preocupa cada vez mais profissionais e autoridades da saúde.

A vereadora Neuza Maria de Freitas Paiva, a Neuza da Oncologia, que também atua no setor de oncologia da Prefeitura, afirma que a realidade local mudou: “Ultimamente tem aumentado muito essa incidência do câncer do útero. Antes a gente tinha uma faixa etária mais elevada, hoje não. Tem aparecido muito em mulheres com 30 anos, 30 e poucos anos. Isso é muito preocupante.”

Neuza explica que a prevenção sofreu impacto nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19. “Nós tivemos vários meses sem o kit para coletar o preventivo nas unidades de saúde. E ainda tem muitas mulheres que não procuram o ginecologista, o mastologista, para fazer os exames que todas devemos fazer, pelo menos uma vez por ano”, aponta.

 

Para mudar esse cenário, a vereadora levou à tribuna da Câmara Municipal a necessidade de incluir ginecologistas no programa de Saúde da Família. “Eu conversei com a secretária de Saúde, Paula, que é muito atuante, e ela concordou. Já fez o planejamento todo. O ginecologista vai atender no distrito e aqui em Caratinga também, nas UBSs. Estando esse profissional mais próximo das mulheres, nos bairros, a adesão vai ser bem melhor. E claro, a gente vai poder evitar a incidência do câncer ou, se ele acontecer, que seja tratado no início.”

A preocupação não é apenas com o diagnóstico, mas também com o tempo para iniciar o tratamento. “O que está acontecendo é que, às vezes, a mulher procura ajuda quando a doença já está em estágio muito avançado. E aí já aconteceu, inclusive, de algumas pacientes irem a óbito antes mesmo de iniciar o tratamento”, relata.

Os casos diagnosticados em Caratinga são encaminhados para tratamento em Ipatinga, que, segundo Neuza, continua atendendo a cidade. “Existe uma narrativa de que Ipatinga não está atendendo Caratinga, mas não é verdade. Atendem, em média, uns 40 pacientes por dia. A questão é que está demorando mais. Antes, eu encaminhava a documentação e em 10 dias a consulta estava marcada. Hoje, demora. Acho que é porque Ipatinga abraçou muitas regiões e não está dando conta.”

Mesmo com a sobrecarga, Neuza lembra que a “Lei dos 60 dias” — que garante o início do tratamento em até dois meses após o diagnóstico — está sendo respeitada. “Dificilmente passa de 63, 64 dias. Mas é difícil para uma paciente saber que está com câncer e ter que esperar todo esse tempo para a primeira consulta”, pondera.

Ela também reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, lembrando que a doença é tratável e curável se detectada cedo. “Mulheres de Caratinga e da região, agora nós teremos o ginecologista nas UBSs. Não deixem de fazer o preventivo, o Papanicolau. Procurem a unidade mais próxima e façam o exame. É isso que pode salvar a vida de vocês.”

No Brasil, além do rastreamento por exame preventivo, a vacinação contra o HPV é uma das principais estratégias de prevenção. Porém, a cobertura nacional está em torno de 60%, abaixo da meta de 90% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde. “Se a gente cuidar da prevenção, vamos evitar muito sofrimento. A prevenção é fundamental”, conclui Neuza.

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