Café, inclusão e esperança em Santa Rita de Minas

Família unida na produção de café

SANTA RITA DE MINAS- No Córrego Maximiano, em Santa Rita de Minas, a cafeicultura vai além da lavoura: ela é herança, futuro, inclusão e fonte de esperança para toda uma família. Aos 70 e 71 anos, respectivamente, Sirlete Dias da Silva e Levi José da Silva dedicam-se com os filhos autistas, Leonardo (o “Léo”), 47, e Aristarco (“Tico”), 45, à produção de café – uma atividade que une a família, promove terapias e fortalece o potencial do café especial da região de Caratinga.
“Aqui, o café foi herança do meu sogro. Meu marido nasceu aqui e sempre foi envolvido com o café. Com o tempo, fomos buscando conhecimento, sempre tentando melhorar”, conta dona Sirlete, que com orgulho destaca a participação dos filhos em todas as etapas da produção. “Somos uma agricultura familiar, pais e filhos envolvidos no processo. E está sendo uma surpresa, porque quem está dando assessoria para o Levi está até admirado com o nosso café”.
A propriedade da família Silva tem cerca de 19 mil pés de café. Com o passar dos anos, a lavoura foi sendo replantada, os tratos melhorados e o cuidado se intensificou. “Agora, depois de aposentado, a gente levou mais a sério a questão da nova lavoura. Já estamos até planejando reformar algumas áreas”, afirma Levi.
Ele lembra que, anos atrás, ouvia falar sobre cafés de qualidade, mas não tinha tempo nem estrutura para investir. Isso começou a mudar há cerca de dois anos, quando conheceu Anderson Elias, renomado Q-Grader (profissional que avalia a qualidade de cafés). “Agora esse ano eu procurei ele, ele se dispôs a me dar apoio. Começamos a trabalhar para fazer pelo menos uma ou duas sacas de café especial.”
A ajuda técnica também chegou por meio da Emater e da prefeitura de Santa Rita de Minas. Levi destaca o suporte do extensionista Eloísio Martins, com apoio da prefeita Zânia Faria. “Estão abrindo as portas para a agricultura familiar e ajudando muito. Vamos levar a sério aqui o seu trabalho.”
Além do apoio técnico, o sonho agora é ampliar a estrutura. A família planeja investir em um terreiro suspenso, montar rotativo para secagem e adquirir equipamentos como lavadora, despolpadora e desmucilador. “A partir do ano que vem, vamos ter uma quantidade maior. Vamos colocar umas cinco, dez sacas no mercado de café especial. E tudo com qualidade”, garante Levi.
Mas mais do que técnica e estrutura, o que emociona é a integração familiar. Leonardo e Aristarco participam ativamente do processo. “Aqui é todo mundo trabalhando. Meus filhos ajudam a puxar café, no terreiro, a selecionar. Isso tem sido também terapêutico para eles, um jeito de se sentirem parte de tudo”, relata Levi.
O próprio Léo, com entusiasmo e sorriso no rosto, resume o sentimento da família: “Nós estamos aí colhendo café especial mesmo. O Anderson e a Lúcia estão ajudando. Vamos vender muita raça de café para o Brasil inteiro. Pode aguardar que é sério. E com qualidade”.
Para o produtor, o café especial é um caminho de valorização, como afirma Levi: “Na bonança nós vamos preparar para a escassez. Com o café especial a gente consegue melhor preço. Café comum você vende pelo custo, mas café especial te mantém no mercado”.
Os planos se expandem também para o turismo rural. “Já fiz curso, estamos pensando em trabalhar com turismo, porque tem uma rota aqui que já funciona. Minha irmã tem casa com dormitório, piscina, e um amigo nosso tem restaurante. Tudo isso pode se somar à produção de café”, planeja Levi.
Com amor, dedicação e coragem para aprender e inovar, a família Silva mostra que o café pode ser muito mais do que sustento: pode ser inclusão, superação e união.

BOX:

A EVOLUÇÃO
19 mil pés de café na propriedade da família Silva
Família envolvida em todas as etapas do cultivo

Dois filhos autistas, Léo e Tico, participam do processo como forma de inclusão e terapia
Investimento em cafés especiais, com apoio técnico do Q-Grader Anderson Elias e de Maria Lúcia Rocha Soares
Parcerias com Emater e Prefeitura de Santa Rita de Minas
Planos para turismo rural na rota do café

No Córrego Maximiano, em Santa Rita de Minas, a cafeicultura vai além da lavoura: ela é herança, futuro, inclusão e fonte de esperança para toda uma família
Levi lembra que, anos atrás, ouvia falar sobre cafés de qualidade, mas não tinha tempo nem estrutura para investir

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