CARATINGA – O Corpo de Bombeiros vem registrando um número significativo de ocorrências relacionadas a queimadas na região durante o período de seca, conhecido como SICA. Entre 2023 e 2025, a corporação atendeu cerca de 201 ocorrências, número que não corresponde necessariamente ao total de focos, já que muitas vezes mais de um incêndio ocorre simultaneamente, e a equipe precisa priorizar o atendimento.
Segundo o sargento Cassius, responsável pelo setor de fiscalização, a maior parte das ocorrências concentra-se em Caratinga, com 166 atendimentos, seguida de Santa Rita de Minas (7) e Iapu (6). “Não significa que os demais municípios não tenham sido afetados. É que a nossa base é em Caratinga, então é aqui que conseguimos atender mais”, explica.
Comparando períodos semelhantes, houve uma redução de ocorrências em relação ao ano passado: até setembro de 2024, foram atendidos 81 casos, enquanto que no mesmo período de 2025, o número caiu para 55.
Causas das queimadas
O período seco contribui diretamente para a propagação de incêndios. “A vegetação fica mais seca devido à falta de chuvas, o clima é mais seco e os ventos facilitam a propagação do fogo”, destaca a sargento. Além disso, atividades humanas aumentam o risco: limpeza de terrenos sem precaução, queima de lixo, cigarros descartados em estradas, queimadas em quintais e até atividades industriais, como soldas próximas à vegetação, podem iniciar incêndios que se tornam rapidamente fora de controle.
O sargento explica que os aceiros são ferramentas essenciais de prevenção. “Eles permitem delimitar a área queimada e facilitar o combate ao fogo. É obrigação do proprietário manter aceiros amplos, e quem não cumprir pode ser enquadrado na legislação ambiental”, alerta.
Perfil das queimadas
Dados da corporação mostram que as queimadas urbanas são as mais comuns, principalmente em terrenos baldios e quintais, com 67 ocorrências, seguidas das áreas rurais, com 66 casos, e áreas de conservação ambiental, com 2 ocorrências. Nas áreas protegidas, a maior fiscalização contribui para reduzir o número de incêndios.
Riscos à população e ao meio ambiente
Além dos danos à vegetação, as queimadas representam ameaças à saúde pública, provocando aumento de problemas respiratórios e cardíacos. Do ponto de vista ambiental, os incêndios podem destruir espécies nativas, acelerar erosão do solo e causar assoreamento de rios, além de comprometer o equilíbrio ecológico da região.
Orientações e medidas preventivas
Sargento Cassius reforça medidas simples, mas essenciais, para moradores, produtores rurais e empresas:
-Manter lotes e quintais limpos, evitando acúmulo de lixo e palha;
-Evitar queimadas durante o período de seca, conforme lei estadual;
-Construir aceiros amplos em propriedades rurais;
-Formar equipes de combate rápidas para agir no início do incêndio;
-Evitar práticas de risco, como jogar cigarros em terrenos ou realizar queimadas de lixo;
-Adotar projetos de segurança para atividades agroindustriais, como secadores de café, incluindo hidrantes ou reservatórios de água.
O sargento alerta que quem provoca queimadas de forma irregular está sujeito à Lei de Crimes Ambientais, com pena de reclusão e multas que variam de R$ 1 mil a R$ 1 milhão.
Combate e fiscalização
O Corpo de Bombeiros realiza vistoria constante em terrenos e áreas urbanas, além de programas como Alerta Vermelha, que ampliam a prevenção. Em casos de incêndio, a corporação registra boletins de ocorrência que podem ser encaminhados à Polícia Ambiental para providências legais. “O combate é mais eficaz quando o incêndio é contido no início. Depois que o fogo se espalha, é necessário muito mais esforço e recursos”, reforça o sargento.
A principal mensagem da corporação é que prevenção salva vidas e protege o meio ambiente. Medidas simples, como manter lotes limpos, construir aceiros e criar equipes de resposta rápida, podem evitar grandes prejuízos, garantindo segurança à população e preservação ambiental.