CARATINGA – Apesar do Brasil ser referência mundial no agronegócio, cerca de 90% dos fertilizantes utilizados no país são importados, principalmente de regiões envolvidas em tensões geopolíticas. Essa dependência externa não só encarece os insumos, como também deixa os produtores vulneráveis a oscilações de preço. Em contrapartida, cresce a busca por alternativas viáveis dentro das próprias propriedades para reduzir custos e aumentar a sustentabilidade. Foi nesse contexto que os estudantes do curso de Agronomia EAD do UNEC participaram da primeira atividade prática voltada para biofertilizantes. Produzidos a partir da compostagem, esses insumos transformam resíduos orgânicos em fertilizantes de alto valor, diminuindo gastos e preservando o meio ambiente. A ação foi dividida em dois dias, na última quinta-feira (28/8) aconteceu na Unidade 3 da FUNEC, em Caratinga. Já na sexta-feira (29/8), as atividades foram realizadas nas proximidades de Sapucaia, na propriedade Seringal Santa Rita.
Segundo o professor Marcos Magalhães, “é preciso buscar o equilíbrio entre o uso de adubos químicos, grande parte importados, e os resíduos da própria lavoura. Trazer os alunos para vivenciar isso em propriedades que cultivam cacau e seringueira mostra a importância da diversificação. Quanto mais diversificada a produção, menor o risco para o agricultor e maior a chance de bons resultados.” O tema ganha ainda mais relevância diante do cenário do mercado. Só em 2024, o Brasil importou mais de 45 milhões de toneladas de fertilizantes, com aumento de 9% entre janeiro e julho em comparação ao mesmo período do ano anterior. O preço dos produtos também subiu 10% em apenas 12 meses, tornando os biofertilizantes uma alternativa estratégica para muitos produtores.
Para o agricultor Mário Anderson, que produz látex e cacau em Caratinga, a compostagem faz parte do dia a dia: “Aproveito até a casca do cacau como adubo. Isso reduz o uso de fertilizantes e mantém a lavoura produtiva.” O produtor reforça que a diversificação é essencial, especialmente em uma região historicamente marcada pela monocultura do café. Os estudantes também destacam a importância prática da experiência. Waldecy Ferreira, aluno do curso, afirma: “Esse curso é um projeto de vida. Encontrei professores qualificados e uma experiência que vai além da sala de aula.” Já Kelvis Ferreira acrescenta: “Aprender sobre compostagem é entender o impacto no meio ambiente e no futuro do campo. É um conhecimento que vamos levar para a prática.”
Durante a atividade, os alunos conheceram de perto o potencial das grandes culturas, como cacau e seringueira, fundamentais para diversificar a produção e fortalecer a economia regional. A turma, formada por estudantes de diversas regiões do Brasil, pôde vivenciar a teoria aplicada à prática, reforçando a dimensão educacional do UNEC.
Para Magalhães, a experiência é única: “Receber estudantes de todo o país aumenta nossa responsabilidade e satisfação. Nosso objetivo é formar profissionais preparados para unir produtividade, inovação e sustentabilidade, mostrando caminhos para o futuro do agronegócio brasileiro.”
Segundo a instituição, com iniciativas como essa, o UNEC se consolida como referência em agronomia, promovendo ensino de qualidade e práticas que conectam conhecimento acadêmico, inovação e consciência ambiental.

