Banda Manová 01 leva som autoral e raízes caratinguenses à Feirarte

“Aqui a arte é feita com o coração e com o olhar voltado para Caratinga”, resume Júlio Art, reforçando o espírito que move a Manová 01

 

CARATINGA – Misturando poesia, atitude e identidade regional, a banda Manová 01 sobe ao palco da Feirarte, neste sábado (8), na Praça Cesário Alvim, prometendo uma apresentação marcada por canções autorais e releituras inspiradas em Belchior. Formada por Júlio Art Oliveira, Rodrigo Manová e Windson José, a banda vem se consolidando como um dos nomes mais autênticos da cena de Caratinga.

A seguir, trechos da entrevista concedida por Júlio Art Oliveira ao DIÁRIO, onde o músico fala sobre a origem do grupo, as influências, o cenário autoral e a força de cantar a “paisagem mais bela” de sua própria terra. “Aqui a arte é feita com o coração e com o olhar voltado para Caratinga”, resume Júlio Art, reforçando o espírito que move a Manová 01.

 

Júlio, como nasceu a banda Manová 01 e de onde veio a vontade de criar um som autoral que dialoga com as raízes de Caratinga?

 

Em 2014, Rodrigo — conhecido como Rodrigo Manová —, após sua saída do projeto Mãe Admirável, começou a frequentar ensaios da banda em que eu tocava bateria. Ele levava composições próprias e, como eu gostava das músicas, passei a tocá-las depois dos ensaios. Naquele período, a banda em que eu participava chamava-se Alênia e contava com Bruno (Brunete, in memoriam) no baixo e Márcio Soares na guitarra e voz.

Rodrigo é meu primo e, ao mostrar as composições, decidimos tocar juntos. Sempre nos identificamos com as letras dele, que defendem direitos humanos, liberdade criativa e uma visão mais sensível do mundo. Nossas referências musicais passam por Nirvana, Guns N’ Roses, James Brown, R.E.M., U2, Nação Zumbi e Bob Dylan. O gosto pela música brasileira, cultivado por meu pai, Jorge de Oliveira, e pelo pai de Rodrigo, José Carlos da Silva — que ouvia Belchior, Zé Ramalho e Roberto Carlos — também ajudou a formar nosso “caldeirão musical”.

Em 2021, a banda se consolidou com a chegada do baixista Windson José, cuja bagagem musical encaixou imediatamente com a nossa proposta.

 

O nome Manová tem algum significado especial? Como ele traduz a proposta artística do grupo?

O nome vem do apelido do próprio Rodrigo. Quando precisávamos escolher um nome para a banda, sugeri usar o apelido dele, e Rodrigo propôs acrescentar “01” para diferenciar o apelido pessoal da identidade da banda. Surgiu, então, Manová 01 — um nome que preserva a história e ao mesmo tempo mostra criatividade.

 

As canções ‘Pedreira Itaúna’ e ‘Paisagem Mais Bela’ trazem forte ligação com Caratinga. De onde vem essa inspiração tão local?

Rodrigo é nosso letrista — é poeta e valoriza a terra. Muitas letras nascem das visitas a lugares que marcaram a juventude em Caratinga. Ele compõe há mais de 20 anos e suas canções trazem reflexões filosóficas e transcendentais. Para nós, Caratinga é o lugar mais bonito do mundo, porque aqui estamos construindo nossa história.

 

A influência de Belchior costuma ser citada com orgulho. O que, na obra dele, mais ressoa com o trabalho de vocês?

Belchior nos impacta profundamente. Fazemos releituras de suas músicas e ele influencia a nossa musicalidade — tanto na poesia quanto na atitude e na visão de mundo.

 

O cenário independente exige persistência. Como tem sido manter a banda ativa e produzir de forma autônoma?

Exige muita resiliência. Acreditar e trabalhar para que as músicas fiquem boas é fundamental. Com o tempo, o público vem conhecendo e valorizando nosso trabalho autoral — algo difícil para quem não está em destaque na grande mídia. Graças a políticas públicas, como a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo, conseguimos gravar um álbum em 2021; agora vamos lançar o segundo disco e um clipe.

 

O público de Caratinga tem valorizado o som autoral local? Há espaço na cidade para composições próprias?

Sim — muitas pessoas têm apreciado nossas músicas autorais. A banda vem se apresentando em eventos promovidos por instituições locais; agradecemos à UNEC e ao professor Sebastião Ricardo por darem visibilidade ao nosso trabalho no meio acadêmico. Podemos ser considerados, em parte, uma banda universitária, e agora estamos prontos para levar nossa música, poesia e arte a outros lugares. Fazemos música para o povo.

 

A Feirarte celebra cultura e música regional. O que o público pode esperar da apresentação da Manová neste sábado?

Muita alegria e disposição. Vamos dar o nosso melhor.

 

Quais foram os maiores aprendizados até aqui, ao equilibrar criação, produção e divulgação?

Persistência, aliada ao talento e ao estudo.

 

Vocês investem também em videoclipes. Como tem sido esse trabalho?

Temos parceria com o coletivo Arte Cine, do qual eu faço parte. No início, fazíamos clipes no formato “guerrilha”; hoje, com políticas públicas, conseguimos produzir vídeos com maior qualidade visual.

 

Para você, o que significa cantar ‘Paisagem Mais Bela’ — mais do que um título, como expressão do olhar da banda sobre Caratinga e a vida?

A arte e a educação são ferramentas do povo. O público pode esperar releituras de Belchior, muitos trabalhos autorais e muita alegria — é uma festa para todos. Nosso estilo transita entre rock, blues e MPB, com influências dos ritmos brasileiros.

Quero agradecer à Prefeitura Municipal de Caratinga, ao Departamento de Esporte e Cultura e à Associação AFPALEM.

Misturando poesia, atitude e identidade regional, a banda Manová 01 sobe ao palco da Feirarte, neste sábado (8)

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