CARATINGA – Nos últimos dias, o uso de metanol em bebidas adulteradas tem ganhado repercussão em todo o país, com apreensões e casos graves de intoxicação, inclusive com mortes. O cenário é de preocupação entre consumidores e empresários do setor.
Para falar sobre os desafios enfrentados pelos bares e restaurantes e as medidas de segurança adotadas, o presidente do Núcleo Caratinga da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Heryson Silva, esteve em entrevista e destacou o trabalho da entidade.
“Obrigado pela oportunidade, pelo espaço da gente poder falar sobre esse tema e trazer as verdades que estão sendo divulgadas mesmo para toda a população, para os empresários e para os nossos associados também”, iniciou Heryson.
Segundo ele, a Abrasel tem atuado de forma intensa junto aos estabelecimentos desde o início das divulgações sobre a contaminação por metanol. “Nos últimos dias que começou essa divulgação por parte dessa contaminação, a Abrasel tem tido um trabalho totalmente aberto tanto ao empresário como ao cidadão. Foi feito um trabalho de capacitação de todos nós, empresários do segmento, e também dos funcionários. Nas últimas duas semanas a gente fez rodadas de capacitação, conseguindo atingir mais de 500 mil empresários, falando sobre o cuidado que tem que ter na parte de rotulagem dos produtos”, explicou.
O presidente reforçou que os treinamentos têm enfatizado a importância de observar tampas, rótulos, embalagens e garrafas, além de garantir que os produtos sejam comprados de fornecedores legais e de confiança.
Nenhum caso confirmado em Minas Gerais
Heryson também comentou sobre o impacto da repercussão no comportamento dos consumidores. “Em Minas Gerais, a gente não tem nenhum caso confirmado. A suspeita que havia já foi descartada por parte dos órgãos fiscais”, esclareceu.
Segundo ele, os bares e restaurantes que mantêm boas práticas de compra e controle de estoque têm operado normalmente. “Existe uma desconfiança por parte da população, mas a gente instrui para que as pessoas consumam e comprem daqueles locais que tenham confiança e façam suas compras de forma lícita. E aos empresários do segmento, sempre orientamos que as aquisições sejam feitas mediante nota fiscal e de fornecedores de confiança”.
Combate à clandestinidade
O presidente da Abrasel lembrou que, embora o caso atual de contaminação com metanol tenha ganhado maior destaque, o problema da clandestinidade em bebidas não é novo. “A gente sabe que sempre existiu esse comércio irregular, tanto em bebidas destiladas quanto em cervejas. A Abrasel sempre defendeu que fossem denunciados os fornecedores e empresas que praticam essas ações clandestinas. Contaminação direta com metanol, até então, nós não tínhamos vivenciado, mas sempre apoiamos que toda fraude dentro do nosso segmento seja denunciada — tanto pelos empresários quanto pela população”, afirmou.
Transparência e confiança com o cliente
Em Caratinga, Heryson destacou que alguns bares já estão dando exemplo de transparência, divulgando nas redes sociais notas de segurança e mostrando a procedência das bebidas.
“A gente instrui realmente aos empresários e associados que deixem aberto ao público as notas fiscais e os fornecedores de onde são compradas todas as bebidas. A transparência, tanto na compra quanto na venda, é o que vai trazer tranquilidade para todos nós”, reforçou.
O presidente também destacou que essa é uma responsabilidade compartilhada. “Nós temos famílias, amigos, e estamos no meio dessa questão, assim como todos os empresários e clientes que frequentam os estabelecimentos. É um trabalho que precisa ser feito de forma conjunta, para denunciar quem está fraudando e utilizando produtos de forma ilícita”.
Abrasel à disposição para orientar e capacitar
Para os empresários que ainda têm dúvidas ou querem se informar melhor sobre os procedimentos de segurança, a Abrasel está de portas abertas. “Todas as nossas redes sociais têm disponibilizado informações e treinamentos diários, para capacitar e levar novas orientações à população. Estamos à disposição também para colaborar em denúncias e apurações. O principal interessado em inibir esse tipo de prática somos nós, que vivemos o dia a dia do setor e sabemos o quanto isso afeta o segmento”, concluiu Heryson.