Brasil comemora neste domingo (10) uma data que vai além do afeto: ela também conta a história de mudanças culturais e sociais em torno do papel do pai
CARATINGA – O segundo domingo de agosto se tornou, no Brasil, uma das datas mais simbólicas do calendário afetivo nacional: o Dia dos Pais. Mais do que uma ocasião para presentes e homenagens, a data convida à reflexão sobre a figura paterna — suas origens, seu papel social e como ele se transformou ao longo das gerações.
A palavra “pai”, que parece tão simples e cotidiana, tem uma história milenar. Ela deriva do latim ‘pater’, raiz também de palavras como pátria, patrimônio e patriarca. O termo latino, por sua vez, vem do grego antigo ‘patḗr’, utilizado para designar o chefe da família ou clã, aquele que provia e exercia autoridade. Durante milênios, a figura paterna esteve ligada ao poder, à proteção e à herança — tanto material quanto simbólica.
Contudo, essa visão passou por profundas mudanças ao longo do tempo, acompanhando as transformações da sociedade e das relações familiares. O pai deixou de ser apenas o provedor distante, e passou a ocupar espaço como cuidador, educador e presença emocional na vida dos filhos. Em muitas famílias, ele se tornou figura de referência sensível e participativa, rompendo com os antigos estereótipos da masculinidade rígida.
Como surgiu o Dia dos Pais?
Embora muitas pessoas associem a data a tradições religiosas, o Dia dos Pais, como o conhecemos hoje, começou a ser celebrado nos Estados Unidos, em 1910, por iniciativa de Sonora Smart Dodd. Filha de um veterano da Guerra Civil que criou os seis filhos sozinho após a morte da esposa, ela propôs a criação de um dia dedicado aos pais. A ideia ganhou força e, anos depois, foi oficializada pelo presidente Richard Nixon, em 1972.
No Brasil, a comemoração foi adotada em 1953, por sugestão do publicitário Sylvio Bhering, então diretor do jornal O Globo. Inspirado pela data norte-americana, ele propôs uma campanha que unisse homenagem familiar e estímulo ao comércio. O segundo domingo de agosto foi escolhido por coincidir com o Dia de São Joaquim, pai de Maria e avô de Jesus, segundo a tradição cristã. A celebração rapidamente se consolidou no calendário nacional.
A evolução da paternidade
Nas últimas décadas, a paternidade passou por uma verdadeira revolução. Pesquisas em diversas áreas mostram que o envolvimento do pai na criação dos filhos tem impactos positivos em seu desenvolvimento emocional, social e cognitivo. A legislação brasileira também avançou nesse sentido: a Constituição de 1988 reforçou a igualdade parental, e programas de licença-paternidade ampliada, adotados por algumas empresas, encorajam a participação ativa desde os primeiros dias de vida dos bebês.
No entanto, os desafios persistem. Ainda há muitos homens que se sentem despreparados ou pressionados por antigos modelos de autoridade e distanciamento emocional. Ser pai em 2025 exige coragem para romper padrões, escutar com empatia e aprender diariamente com os próprios filhos.
A paternidade como experiência transformadora
Neste especial do Dia dos Pais, João Paulo Freitas compartilha um depoimento pessoal tocante, que revela como a paternidade não apenas ensina, mas transforma. O texto a seguir, escrito por ele, encerra esta matéria como um convite à sensibilidade, à presença e ao reconhecimento de que ser pai é, acima de tudo, um ato de amor cotidiano.
***
A transformação pela paternidade
Por João Paulo Freitas
Ser pai é uma daquelas experiências que ninguém consegue descrever por completo e talvez seja essa a beleza da paternidade. E talvez depois de eu me tornar pai, agora consigo entender o meu pai.
Neste Dia dos Pais, escrevo não apenas como alguém que observa o valor da paternidade nos outros, mas como quem vive essa missão. Ser pai é entender que o tempo passa mais rápido, mas também torna-se mais cheio de significado. É aprender a enxergar o mundo pelos olhos da infância, onde tudo é possível, onde um abraço cura, onde o colo é abrigo e a presença é ouro. É repensar prioridades, REAPRENDER a ter paciência e se emocionar com os gestos mais simples como uma palavra “papai”, um desenho torto ou um abraço a caminho da creche.
A paternidade me mudou. Tornou-me mais humano, mais e atento. E, se antes eu pensava que tinha muito a ensinar, hoje percebo que são eles que, todos os dias, me mostram o que realmente importa.
Neste domingo, deixo aqui um abraço especial a todos os pais presentes, às mães que também são pais, os que foram embora cedo demais, os que fazem dois turnos para dar o melhor para os filhos, os que criam com coragem e amor, mesmo nas maiores dificuldades. Mas deixo, principalmente, este agradecimento: obrigado Arthur e Antony, por me darem a chance de ser o pai de vocês. Mesmo sem saber, vocês me transformaram.
Feliz Dia dos Pais!

***
HOMENAGEM EM IMAGEM
Neste Dia dos Pais, as crianças Sophia Emanuelly e Ketherinny enviaram registros que dizem muito sem precisar de palavras. Nas fotos, ambas aparecem ao lado de seus pais, em momentos de carinho e companheirismo.
Mais do que simples imagens, os retratos expressam a beleza da presença, do cuidado e da relação construída dia após dia entre pais e filhas. Em tempos em que a rotina pode ser corrida e os gestos pequenos muitas vezes passam despercebidos, fotos como essas nos lembram da importância de valorizar os vínculos familiares e celebrar aqueles que fazem a diferença na vida de seus filhos.
Fica aqui registrada essa homenagem sensível e espontânea — um retrato do amor em sua forma mais pura.

Ketherinny
