Atualmente, a dissolução dos valores absolutos na era digital impõe desafios críticos às instituições que sustentam a sociedade. Sistemas educacionais lutam para formar cidadãos críticos em um ambiente onde informações e opiniões se confundem, e onde os meios digitais servem mais para dispersar a atenção do que para a aquisição de conhecimento – mas isso não é culpa do meio digital em si, mas sim, do mal uso feito deles por parte dos usuários. Sistemas jurídicos têm enfrentado a manipulação digital de evidências, e democracias vacilam diante de um espaço público fragmentado por bolhas algorítmicas influenciadas pelo emocionalismo das ideologias, e não pela verdade e realidade dos fatos. Sem valores compartilhados, qual será o tipo de sociedade que legaremos às futuras gerações?
Atualmente, conciliar as vantagens da tecnologia com a preservação de valores éticos tem sido algo de extrema urgência e importância. Nesse contexto, a busca por valores como justiça, honestidade e respeito ao próximo é a âncora que pode nos impedir de ser levados pela correnteza de imoralidade e caos que domina nossa sociedade atual.
A integridade e o respeito são a base para o bem estar e o bom relacionamento social, e isso tem se perdido em um mundo onde impera o “eu” e a realização dos desejos individuais a qualquer custo. Para diminuir a corrupção do gênero e do caráter humano, é preciso tornar a integridade um valor almejável, valor esse que deve ser cada vez mais fortalecido por princípios de retidão, não por desejos egoístas. Mas, parece que muitas pessoas não estão dispostas a fazer esse sacrifício, parecem não desejar sacrificar seus desejos e vontades individuais no altar da integridade e da retidão moral. E isso tem nos legado inúmeras consequências desastrosas.
Nesse contexto, a cultura também desempenha um papel importante e transformador. Devemos buscar ter um governo comprometido com a cultura e com o desenvolvimento humano, um governo que busque integrar a cultura em seus projetos, reconhecendo-a não como despesa, mas como investimento que perpetua a identidade e a educação das futuras gerações. Inúmeros impostos são cobrados, mas sempre falta investimento necessário para as áreas mais importantes e que mais impactam positivamente a sociedade. E aqui vai um adendo: quando falo aqui de governo, não estou falando só do alto escalão, não falo só do presidente, governadores, senadores e deputados, a mesma crítica vale para os políticos que governam cada uma de nossas cidades, nossos prefeitos e vereadores, que também têm deixado de lado os projetos e investimentos em educação e cultura de qualidade. A realidade dos fatos ainda é mais triste, pois, quando se trata de governantes municipais, muitos são aqueles que nem têm conhecimento sobre a cultura, sua importância e seus impactos. Nesse contexto, tal área da sociedade têm padecido cada vez mais, e as consequências desse descaso têm sido sentidas todos os dias e de diferentes modos.
Em um mundo que rejeita bons princípios morais sólidos e onde a cultura não é valorizada e, muito menos, impactada por esses princípios ignorados, só nos resta o relativismo moral, a corrupção do gênero humano, e toda a desordem que os desejos egoístas do ser humano podem nos legar. Precisamos buscar estabelecer e resgatar princípios morais sólidos aliados a uma cultura que seja moldada por eles para que se possa tentar mudar a realidade que nos cerca na tentativa de tentar conter todas as crises e duras consequências trazidas pela ganância e pela corrupção do gênero humano.
Para isso, precisamos rejeitar o relativismo moral e a desordem que ele gera, construindo uma sociedade baseada em princípios sólidos para as futuras gerações, buscando modificar não só as más ações, mas os pensamentos que as geram, antes de elas virem a luz. Somente com valores fortes poderemos resistir às forças que tentam manipular a sociedade e garantir um futuro mais justo, e isso não é tarefa para ser feita em um dia, um mês ou um ano. Isso é um trabalho que leva a vida inteira, uma geração inteira, e é exatamente por isso que devemos parar e repensar toda a nossa maneira de viver e os princípios que nos guiam agora, hoje, pois é o futuro da nova geração que está em jogo.
Se não nos comprometermos o mais rápido possível com essa reconstrução moral e cultural, outros o farão — mas talvez guiados por interesses puramente individuais, e não pela verdade. O vazio deixado pela ausência de valores será ocupado, mais cedo ou mais tarde. A única questão é: por quem? E com quais consequências? Ainda temos tempo para começar a fazer as mudanças necessárias, mas esse tempo está se esgotando.










