Prof. Rodrigo Chaves, ensaísta político, estudante de ciências políticas, administrador e contador
Vladimir Putin está há 25 anos no poder. Ganhou as eleições assumindo a linha de Boris Ietsin. Seu antecessor deixou a Rússia terminar de falir. O regime socialista tende a se quebrar naturalmente, porque a suposta economia planejada obstante sem a liberdade econômica, faz com que as receitas públicas sejam afetadas, e a produção pública nunca é suficiente para manter o país. Assumiu então Putin, no interesse de devolver à Rússia um orgulho nacional, muito embora este antes nunca tivesse existido devido às próprias celeumas do socialismo que absorveu a própria noção nacionalista para os seus conteúdos ditatoriais e autocráticos.
É o segundo presidente da Rússia Putin, depois de ser proclamada artificialmente como democracia após a queda do mudo de Berlim. Sabemos que desde 1918, o regime político, comunista, hermético da Rússia, funciona como uma ditadura hereditária, uma dinastia de extremistas, sob a propaganda de “república do povo”. Pois, Putin, membro da KGB (polícia secreta), que trabalhava no setor da contrainformação e espionagem, aos poucos foi crescendo no setor público, trabalhando em prefeituras pequenas, sendo desde muito cedo acusado de corrupção, até chegar ao poder sob a pecha de reconstrução russa. Como se fosse um sucessor de Ietsin, mas imaginando ser Lênin, ao assumir o poder, a primeira coisa que fez foi eliminar literalmente a oposição, e fazer de tudo para que o controle econômico do país ficasse em suas mãos. Além de conseguir prender bilionários, que não estavam de acordo com a sua ideia de ditadura sob as vestes de democracia, prendeu inúmeros civis sem motivo, apenas porque falavam e denunciavam os crimes do regime russo sob a sua liderança. Uma dessas vítimas foi Sergei Magnitsky.
Magnitsky era um advogado que passou a denunciar o regime russo por um roubo de 230 milhões de dólares. Ao denunciar o governo e com provas, passou a ser alvo da perseguição da ditadura russa. Em 2008 houve uma invasão em sua casa com um mandato sem conteúdo, sem acusação válida, sendo levado diante de sua família para uma prisão onde seria torturado nos próximos meses. Suas últimas palavras aos seus filhos: “não se preocupem, não fiz nada de errado, não cometi crime algum”.
De sua casa foi preso sem o mínimo de respeito à sua integridade física e psicológica, sendo colocado em celas frias sem aquecimento, sem comida, com a luz acessa 24 horas, com 14 companheiros de celas e 8 camas somente, tendo privação de sono, sendo torturado constantemente. Emagrecendo 20 quilos com muita dor, continuou sendo torturado na cela, até que espancado, numa das torturas algemado, começou a sangrar fortemente até a morte. Ele era um dos funcionários de Bill Browder, que merecia outro artigo para entendermos a situação séria da Rússia com o domínio autoritário de Vladimir Putin.
A morte de Magnitsky fez criar em 2012 a lei americana de alcance ao direito internacional sob o mesmo nome. A lei sanciona regras, limitações, e entraves contra regimes ditatoriais que ferem os direitos humanos, e que apontam para um farol de destruição da democracia. A lei foi ampliada em 2016 com o interesse de evitar com que novas ações desta natureza, que destroem os direitos humanos e atentam contra a democracia, sejam apoiadas pelos Estados Unidos, considerando que a negociação, a parceria, e o apoio diplomático a países que praticam tais mazelas, não podem ser os mesmos e nem ficar impunes pelo maior país do mundo, exemplo da liberdade humana e desenvolvimento econômico. Por isto, a lei, e estas são as aplicações da aludida em sua origem histórica.