Em uma sociedade mergulhada em crises, onde a desordem parece ser a única constante, poucos percebem que o verdadeiro remédio para nossos males está ao nosso alcance: a educação. Não falo apenas da instrução formal, mas de uma educação que forme o caráter, que transmita valores e que desperte o homem para sua responsabilidade como cidadão, que possa despertar no educando o desejo de deixar um legado para o futuro, que desperte a sede de sentido, a sensação de que ele faz parte de algo duradouro e de extrema responsabilidade. Contudo, em nossa realidade, esse tipo de educação é tratada com descaso, relegada a segundo plano, enquanto o caos se alastra cada vez mais.
Não é novidade para ninguém que a falta de acesso ao conhecimento é a corrente que mantém o povo preso às sombras da ignorância, como no famoso mito da caverna, de Platão. Um povo sem educação é um povo manipulável, fácil de ser enganado por promessas vazias e narrativas falaciosas e distorcidas. Não é à toa que governantes corruptos investem tão pouco nessa área; sabem que o acesso a uma educação de qualidade é uma ameaça ao seu domínio, uma força capaz de romper as amarras que prendem a sociedade em suas mentiras e enganos.
Mas, infelizmente, a culpa não é apenas deles, pois nós também temos parte em todo esse descaso. Nós, como sociedade, também falhamos ao não exigir uma educação de qualidade, ao não valorizá-la como o alicerce para um futuro melhor. Quantos de nós, pais, incentivamos nossos filhos a ler, a refletir, a buscar a verdade? A superficialidade tomou conta de nossa cultura, e o resultado é uma geração que prefere as ilusões da mídia às riquezas do conhecimento. Preferimos passar todo o nosso tempo assistindo a vídeos rápidos pela tela do celular, do que aproveitar esse tempo lendo um bom livro, assistindo a uma boa palestra, revisando anotações de uma boa aula. Sempre dizemos que não temos tempo para os estudos, mas o pouco tempo que temos, temos deixado escorrer por nossas mãos, enquanto olhamos para a tela do celular.
A educação verdadeira vai além de números e letras; ela ensina o homem a distinguir o certo do errado, a cultivar a integridade e a resistir às tentações do relativismo. A verdadeira educação é uma educação para a vida. Esse é o tipo de educação que se apresenta como um catalisador de transformações. Sem ela, continuaremos a colher os frutos amargos da desordem, da corrupção e da injustiça.
Diante disso, é extremamente importante que despertemos o mais rápido possível para essa necessidade. A mudança que tanto almejamos não virá de reformas externas, mas de um compromisso interno com a formação de mentes e corações, com a formação de personalidades e com a mudança de vidas. Cada um de nós tem a responsabilidade de promover essa causa, de ser um agente de luz em meio às trevas da ignorância que nos cercam. Erramos quando esperamos que as mudanças venham somente de cima, do governo, enquanto permanecemos inertes, somente esperando as coisas acontecerem.
As crises atuais, que têm assolado nossa sociedade, têm nos mostrado que precisamos lutar por uma educação que eleve o homem, que o liberte das cavernas do presente e que nos dê as ferramentas necessárias para que possamos construir um futuro melhor para nós e para as próximas gerações. O futuro de nossos filhos depende de nossa atitude hoje, de nossa coragem em fazer da educação o remédio que cure as feridas de uma sociedade em crise.
Se continuarmos ignorando essa realidade, poderemos pagar um preço bem alto: o colapso moral, social e intelectual de nossa civilização. Nenhuma sociedade sobrevive à longa noite da ignorância. Diante disso, ou escolhemos, urgentemente, restaurar a educação como pilar fundamental da vida em sociedade — uma educação que forme, que liberte, que eleve, que nos dê as ferramentas para a formação de uma nova geração ética e moralmente estruturada e formada — ou seremos as últimas testemunhas conscientes do naufrágio de uma geração inteira, condenada a repetir eternamente os mesmos erros de um passado que nunca deixou de existir. O tempo da omissão acabou e, se desejamos ver um futuro diferente, a reconstrução deve começar o mais rápido possível.