RIDLEY SCOTT – O PREMIADO CINEASTA DOS BLOCKBUSTERS
O cineasta britânico Ridley Scott caracteriza-se por ser um diretor ao mesmo tempo popular e autoral. Ao mesmo tempo em que consegue estabelecer uma franquia milionária, realiza filmes tão grandiosos quanto, porém com premissas mais alternativas, o que não atrapalha o acesso ao grande público. Seu passado em publicidade parece ter ajudado no sentido de chamar a atenção do espectador do início ao final de seus longas. Confira a filmografia comentada deste grande diretor, que iniciou com o filme “Os Duelistas”, de 1977.
ESTREIA COM “OS DUELISTAS” E PRIMEIRO SUCESSO COM “ALIEN”
Dirigindo Harvey Keitel e Albert Finney, o cineasta Ridley Scott estreou com este filme inglês de guerra onde dois soldados se envolvem em uma série de intrigas políticas. Porém, o grande público veio mesmo com “Alien: O Oitavo Passageiro”, em 1979, que foi sucesso de bilheteria e crítica. O filme faz uma mistura de terror com ficção científica, é protagonizado por Sigourney Weaver, e acompanha uma tripulação aterrorizada por uma criatura alienígena bastante agressiva e que se encontra dentro da nave espacial onde eles estão. O longa foi indicado a 2 Oscar, vencendo o de Melhores Efeitos Visuais. Originou uma série de produtos e uma franquia milionária, com “Aliens: O Resgate”, de 1986, dirigido por James Cameron, “Alien 3”, de 1992, dirigido por David Fincher, e “Alien: A Ressurreição”, de 1997, dirigido por Jean-Pierre Jeunet.
“BLADE RUNNER” – UM CLÁSSICO CULT
O terceiro filme de Scott foi um fracasso de bilheteria. A ficção científica Blade Runner: O Caçador de Androides dividiu a crítica e foi ignorada pelo público nos cinemas. No entanto, a trama protagonizada pelo astro de Star Wars, Harrison Ford, sobre um ex-policial que precisa rastrear seres denominados replicantes, virou cult ao longo dos anos e hoje é considerada por muitos uma obra prima da ficção científica. Já foram feitas sete versões diferentes do filme, dada a polêmica de sua montagem. O canadense Denis Villeneuve, em 2017, filmou a sequência “Blade Runner 2049”, com fotografia e efeitos visuais bastante elogiados e uma trama em ritmo lento, marca do diretor, mas que está profundamente inserida no universo criado por Scott, responsável por parte do roteiro.
“A LENDA” E “THELMA & LOUISE”
Depois de dois filmes icônicos, Ridley Scott sai da ficção científica e entra na fantasia, em um filme estrelado por um Tom Cruise em início de carreira. “A Lenda”, de 1985, conta a história de Jack, que vive em um mundo habitado por elfos e unicórnios e precisa libertar a princesa Lily do Senhor das Trevas. O filme teve um discreto desempenho em um período que “O Senhor dos Anéis” ainda não existia nos cinemas. Nos anos seguintes, no entanto, foi bastante assistido pelo público na TV e é relembrado até hoje como um marco do gênero nos anos 80, ao lado de “O Feitiço de Áquila”, de Richard Donner e “Willow: Na Terra da Magia”, de Ron Howard.
Em 1987, surge “Perigo na Noite”, estrelado por Tom Berenger, com uma trama policial e mais realista do que seus três filmes anteriores. “Chuva Negra”, com Michael Douglas e Andy Garcia, de 1989, é mais uma trama policial, com várias cenas de ação, e que fez com que Scott fincasse mais os pés na realidade e provasse que também sabe rodar outros gêneros.
O campo estava preparado e Ridley Scott finalmente é reconhecido com a aventura policial “Thelma & Louise”, de 1991, estrelado por Susan Sarandon e Geena Davis. A história de duas mulheres fugitivas da polícia é destaque absoluto e faz com que o filme ganhe 6 indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor.
“GLADIADOR”
Durante os anos 90, Ridley Scott filmou em 1992 o épico “1492: A Conquista do Paraíso”, que conta a história da descoberta do Novo Mundo pelo navegador Cristóvão Colombo. A trilha sonora foi composta pelo renomado compositor grego Vangelis e a estreia coincidiu com os 500 anos da chegada de Colombo à América. Em 1996, surge o filme dramático “Tormenta”, com Jeff Bridges, que passou despercebido pelo público. O drama de guerra “Até o Limite da Honra”, de 1997, teve mais popularidade, porém foi recebido com frieza pela crítica. O filme, estrelado por Demi Moore, conta a história fictícia da primeira mulher a se formar pelo grupo de elite da Marinha americana. Um fato curioso é que em uma das cenas do filme, em um bar, aparecem duas garotas chamadas Thelma e Louise.
Sua redenção vem em 2000, com o grande sucesso de público e crítica “Gladiador”. O épico, comparado a Ben Hur, elevou Russel Crowe ao estrelato, e foi indicado a 12 Oscar, vencendo o Oscar de Melhor Filme. Ridley Scott foi novamente indicado, porém não venceu de novo como melhor diretor.
“FALCÃO NEGRO EM PERIGO” E “O GÂNGSTER”
O início dos anos 2000 foi muito produtivo para o diretor. Em 2001, roda dois sucessos: “Falcão Negro em Perigo”, filme de guerra com 4 indicações ao Oscar e a terceira indicação do cineasta como melhor diretor; e “Hannibal”, sequência do aclamado sucesso “O Silêncio dos Inocentes” e que marcou o retorno de Anthony Hopkins ao icônico protagonista. Em 2003, filma “Os Vigaristas”, com Nicolas Cage, apenas um bom filme de drama. “Cruzada”, de 2005, traz o astro Orlando Bloom em um épico eletrizante, na retomada de Jerusalém pelos muçulmanos, e que mostra como o diretor sabe lidar com esse gênero cinematográfico. O filme, porém, não repercutiu tanto sucesso de público. “Um Bom Ano”, de 2006, é a primeira comédia romântica dirigida pelo cineasta, que volta a dirigir Russel Crowe.
Em 2007, ele roda “O Gângster”, com Denzel Washington e Russel Crowe, filme indicado a 2 Oscar. A trama conta a história da trajetória criminosa de Frank Lucas.
“PERDIDO EM MARTE”
O filme de espionagem “Rede de Mentiras”, em 2008, traz novamente uma parceria com Russel Crowe, desta vez junto com o astro Leonardo Di Caprio. “Robin Hood”, de 2010, é mais um épico da carreira do diretor, o quinto filme com Russel Crowe, e com um orçamento gigante que fez com que o filme quase não se pagasse. Em 2012, os fãs da saga Alien se encheram de expectativa com “Prometheus”, filme que conta fatos ambientados antes da primeira trama da franquia. O filme foi sucesso de público, porém a crítica ficou dividida. “O Conselheiro do Crime”, de 2013, estrelado por Michael Fassbender, é um suspense que é considerado um dos piores filmes da carreira do diretor. Em 2014, roda mais um épico: “Êxodo: Deuses e Reis”, contando a trajetória de Moisés, interpretado por Christian Bale. No ano seguinte, seu maior sucesso de público e sua primeira indicação ao Oscar como produtor, de melhor filme: “Perdido em Marte”, interpretado por Matt Damon. Na ficção científica, o personagem de Damon e deixado para trás em uma missão em Marte e precisa sobreviver de algum jeito. O filme foi indicado a 7 Oscar. Em 2017, roda dois filmes: “Alien: Covenant”, sequência de Prometheus e “Todo o Dinheiro do Mundo”, filme que gerou várias manchetes por conta da substituição de Kevin Spacey, ator envolvido nos atuais escândalos de assédio sexual em Hollywood, por Christopher Plummer, que precisou refilmar todas as cenas de Spacey em um filme que já estava finalizado.
Para 2019, já foi anunciado dois novos projetos: uma sequência de “Alien: Covenant” e mais um épico histórico, intitulado Battle of Britain”.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
Dúvidas, elogios e sugestões, favor enviar para o meu e-mail: [email protected]