FILMES SOBRE TEMA ESPORTIVO
O esporte muitas vezes é retratado no cinema por sua capacidade de mostrar conceitos como liderança, obstinação e volta por cima. Tudo isso já traria condições para ótimos filmes, mas além disso podemos incluir as cenas de ação que propiciam uma dinâmica bastante interessante misturada ao poder reflexivo dos temas abordados. Veja abaixo alguns exemplos de filmes mais recentes que utilizam do tema esportivo em suas histórias.
O HOMEM QUE MUDOU O JOGO
EUA/2011
De Bennet Miller
Com Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt
O gerente do time de baseball Oakland A’s Billy Beane resolve adquirir novos jogadores através de uma análise computacional, com a ajuda de um economista.
O filme, indicado a 6 Oscar, incluindo melhor filme, ator para Brad Pitt e ator coadjuvante para Jonah Hill, é um exemplo de como um filme sobre um esporte tão arraigado na sociedade americana, mas tão distante de outros países como o Brasil, pode ainda assim ser interessante para um público não acostumado a essa atividade.
A trama fala sobre como um plano inusitado, que foge aos padrões esportivos, pode ajudar a um time sem dinheiro para contratar jogadores famosos e com salários astronômicos, a ser competitivo. E Billy Beane quer mais ainda do que simplesmente participar com dignidade: quer reverter um quadro de várias derrotas seguidas para simplesmente se tornar o campeão da temporada.
Baseado em fatos reais, a história fisga o espectador pela curiosidade se Beane realmente vai conseguir fazer isso. Enfrentando a desaprovação de praticamente todos da comissão técnica, ele contrata jogadores que não estão mais no auge ou enfrentam problemas particulares e por isso mesmo estão enquadrados em um salário que a equipe pode pagar.
O elenco está muito bom e a dupla principal bastante entrosada, com Pitt fazendo um sujeito bastante peculiar, junto a um Jonah Hill que convence em um tipo dramático, tímido e nervoso. O time de coadjuvantes ainda traz o sempre ótimo Philip Seymour Hoffman, como o técnico que se coloca contra os planos de Beane, e um Chris Pratt (Guardiões da Galáxia) antes da fama, como o jogador que se torna a esperança da equipe.
“O Homem que Mudou o Jogo” foge aos clichês básicos de um filme esportivo e por isso mesmo se torna surpreendente para o espectador a cada nova cena. O fato de ser uma história real ainda dá um tempero especial em uma premissa que poderia ter sido muito bem inventada.
CREED: NASCIDO PARA LUTAR
EUA/2015
De Ryan Coogler
Com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad
O campeão Rocky Balboa torna-se mentor de um jovem, Adonis Johnson, que é filho do seu maior amigo e adversário, Apollo Creed.
O filme, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante para Sylvester Stallone, mostra o astro interpretando novamente o icônico personagem Rocky Balboa, responsável por alavancar a sua carreira. Desta vez, porém, sua participação é coadjuvante, e acaba tornando-se a melhor de Stallone, em uma atuação bem mais humana e emocionante. Não à toa, o astro arrecadou o Globo de Ouro pelo papel.
A história segue o filho de Apolo Creed, que deseja ser lutador que nem o pai, porém rejeita o sobrenome famoso, pois quer fazer carreira com os próprios méritos. Para isso, tenta convencer Rocky a ser seu treinador, enfrentando certa resistência inicial tanto do veterano lutador quanto da sua própria mãe.
A trama alterna entre momentos dramáticos, outros tipicamente esportivos, e várias cenas de alívio cômico, principalmente com piadas que explicitam a velhice de Rocky e sua falta de enquadramento no mundo atual. Outro destaque são as lutas de boxe, que mesmo depois de tantas continuações, traz novo vigor ao público e certa apreensão ao espectador do que vai ocorrer ao final das disputas. Afinal, é sempre bom lembrar que a franquia sempre tentou escapar aos clichês do protagonista sair sempre vitorioso ao final.
“Creed: Nascido para Lutar” acerta ao não ser uma espécie de Rocky 7, e sim a história de um jovem perseguindo seu sonho e enfrentando os mais variados tipos de obstáculos, algo que cativa o famoso veterano. Uma bela surpresa em um gênero que parecia desgastado no cinema.
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO
EUA-Alemanha-Reino Unido/2013
De Ron Howard
Com Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Natalie Dormer, Alexandra Maria Lara
A história da rivalidade entre dois pilotos, o sério e compenetrado Niki Lauda e o festeiro e mulherengo James Hunt, que culmina no disputado título de 1976.
O premiado cineasta Ron Howard junta-se novamente com o roteirista Peter Morgan (“A Rainha”, “O Último Rei da Escócia”, “360”), para mais uma parceria, que novamente trata-se de um embate, assim como Frost Nixon. Dessa vez, sai a política e entra o esporte. Porém, mais que a temática, o que importa mesmo em “Rush” é a personalidade de cada um dos pilotos.
Niki Lauda sempre foi muito centrado, consciente de suas qualidades como melhor piloto e sem nenhuma vergonha em admitir isso perante todos seus adversários. James Hunt também era um exímio piloto, porém só queria saber de festas e mulheres, o que acabava causando alguns problemas tanto em sua vida profissional quanto na sua vida particular.
O filme inteligentemente não centraliza sua história somente na Fórmula 1, o que afastaria espectadores que não são fãs do estilo. A trama prefere investigar as características de cada um dos dois protagonistas e como os comportamentos de ambos podem influenciar em suas carreiras.
“Rush” mostra como duas pessoas podem ser tão diferentes, mas também tão talentosas em uma mesma área. E ainda mostra conceitos como determinação e superação típicos de filmes do gênero. De quebra, ainda tem ótimas cenas de ação. Certamente agrada tanto aos fãs de Fórmula 1 quanto aos que não ligam muito para corrida de carros.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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