FILMES SOBRE A GUERRA FRIA
A Guerra Fria foi um período que o mundo ficou polarizado entre duas grandes potências: os Estados Unidos e seu capitalismo, e a União Soviética, propagando o socialismo. Iniciou-se logo depois da Segunda Guerra Mundial e finalizou no início dos anos 90 com a queda do muro de Berlim. Nesse meio tempo, houve uma corrida armamentista, espacial e de influência aos outros países. Diversos filmes contaram histórias abordando esse período seja como tema principal ou pano de fundo. Veja alguns exemplos mais recentes.
TRUMBO: LISTA NEGRA
EUA/2015
De Jay Roach
Com Bryan Cranston, Michael Stuhlbarg, Diane Lane, Helen Mirren
Em 1947, Dalton Trumbo foi um dos roteiristas mais requisitados de Hollywood, até que ele e alguns colegas são presos e fichados na lista negra por suas crenças políticas.
O filme, indicado ao Oscar de Melhor Ator para Bryan Cranston, narra um difícil e importante período em Hollywood, através da história de um dos maiores roteiristas dos Estados Unidos. Além disso, a história baseada em fatos reais pode ser encarada como a tentativa de um competente sujeito continuar seu trabalho, independente do que acredita no campo político.
O Dalton Trumbo de Bryan Cranston (o inesquecível Walter White de Breaking Bad) é um roteirista que parece não ter medo de tentar propagar suas ideias e enfrentar uma máquina de perseguição que é muito maior que ele e da qual estão inclusive vários de seus colegas. Uma de suas maiores perseguidores é Hedda Hopper, colunista interpretada brilhantemente por Helen Mirren, que merecia ter sido indicada para melhor atriz coadjuvante.
Em meio à história sobre os trunfos conseguidos por Trumbo, que conseguia driblar seus opositores, sua estada difícil na prisão e sua conduta controversa com sua própria família, acompanhamos ainda vários personagens importantes na história de Hollywood desfilarem pela tela, como John Wayne.
A sátira de “Trumbo” acaba mostrando uma Hollywood que ainda tenta continuar sua força comercial, nem que para isso precise se utilizar de artifícios para esconder seus apoiadores por causa de conflitos políticos. E nessa curiosa história, nem o Oscar escapou de ser comentado. Uma história que por suas dezenas de curiosidades e informações pertinentes, além de ótimas interpretações, vale muito a pena de ser acompanhado.
PONTE DOS ESPIÕES
EUA-Alemanha-Índia/2015
De Steven Spielberg
Com Tom Hanks, Mark Rylance, Alan Alda, Amy Ryan, Austin Stowell
Durante a Guerra Fria, um advogado americano é recrutado para defender um suposto espião soviético e ainda ajudar a CIA na negociação para libertar um piloto capturado pelos russos.
O filme traz novamente uma parceria entre Spielberg e Tom Hanks, com roteiro assinado pelos premiados irmãos Coen. Novamente o pano de fundo é a Guerra Fria (como em “Munique”) e baseado em fatos reais. Todas estas características ajudaram a alavancar as 6 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e melhor ator coadjuvante para Mark Rylance.
A trama segue o dilema do protagonista, o advogado James B. Donovan, que se vê obrigado a aceitar um caso impossível de ganhar: a defesa de um russo acusado de espionagem nos Estados Unidos da década de 60. Sem explicitar mocinhos ou vilões, e sim mostrar que a Guerra Fria era responsável pelo comportamento da época, James acaba criando um vínculo com o suposto espião interpretado brilhantemente por Mark Rylance.
A história tem uma ótima premissa e deixa o espectador curioso com o desenrolar dos acontecimentos. Spielberg é um mestre em misturar os gêneros mais populares em um blockbuster, como a união de fatos históricos com cenas de ação e alívio cômico na medida certa, ainda com uma dose um tanto exagerada de emoção, catapultada pela trilha sonora.
Tom Hanks e seu Donovan acaba expressando a figura de um herói solitário, cheio de virtudes e que tenta consertar a seu modo a situação em que se meteu. O personagem remete a outros tipos já presentes na cinematografia tanto de Hanks quanto de Spielberg. Mesmo assim, o ator consegue imprimir um personagem com considerável diferença, ainda que seja ofuscado pela atuação de Rylance.
“Ponte dos Espiões” é acima da média dos filmes dirigidos por Spielberg nos anos 2000, mas ainda peca por sua duração (poderia ter meia hora a menos). No entanto, serve para demonstrar que o cineasta ainda tem muito a oferecer.
O AGENTE DA U.N.C.L.E.
EUA-Reino Unido/2015
De Guy Ritchie
Com Henry Cavill, Armie Hammer, Alicia Vikander, Hugh Grant, Jared Harris, Elizabeth Debicki
Na década de 60, em plena Guerra Fria, o agente da CIA Napoleon Solo e o membro da KGB Illya Kuryakin precisam se unir contra uma organização secreta que planeja ter acesso a uma bomba nuclear.
Baseado em uma famosa série da década de 60, o filme de Guy Ritchie consegue mesclar bem características dos episódios originais com o estilo do diretor, juntando ação e humor com toques parecidos com os de Tarantino e usando técnicas como divisão de telas e trilha sonora que vai de encontro a cultura pop da época.
O trio de protagonistas é o grande trunfo do longa, com uma grande química entre eles. O pano de fundo histórico e as características de cada um são aproveitados para dar um tom mais sarcástico para a história. Os dois agentes, que aprenderam a ser inimigos, necessitam agora conviver juntos e a diferença de pensamentos, além da desconfiança mútua, acaba por atrapalhar essa união.
A história segue com uma rede de espionagem, misturando intrigas de personagens no qual não se pode confiar e cenas de ação espetaculares e excêntricas, tal como Guy Ritchie adora fazer. Como todo início de uma pretensa franquia, a história se divide entre contar as dificuldades da união dos protagonistas juntamente com o caso em que eles estão se metendo.
“O Agente da U.N.C.L.E.” consegue se diferenciar de outros filmes do gênero (como Missão Impossível), algo bastante importante para consolidar de vez possíveis continuações. O que pela qualidade desse filme, é bastante possível de acontecer.
Warny Marçano é blogueiro do WCinema (www.wcinema.blogspot.com), composto por resenhas de filmes e notícias em geral da sétima arte.
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